Álbuns para todos os gostos, num mês com lançamentos excitantes e efusivos.
Mais uma vez, por estar a correr atrás do prejuízo, vou saltar a introdução. O mais importante? Deixei-vos 13 produções abaixo, que considero valerem a pena serem ouvidas.
aespa – Armageddon
Género: K-Pop
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Uma das jóias da coroa da 4th gen veio reclamar o seu lugar ao sol, e bem. Armageddon é o primeiro álbum completo do quarteto coreano aespa, composto por Karina, Winter, Ningning e Giselle, e ainda que aponte em mais direções do que deveria, consegue alguns tiros certeiros.
A abertura do álbum com três das suas melhores faixas (“Supernova”, “Armageddon” e “Set The Tone”) – cujas sonoridades fazem jus ao título do mesmo – é a prova, mais uma vez, do porquê das aespa serem uma das maiores forças do K-Pop. Infelizmente (ainda que esperado), a equipa por detrás das decisões artísticas do álbum pecou ao optar por explorar outras abordagens e sonoridades, em vez de o manter constante até ao final.
Sei que há uma quota a atingir e, no universo K-Pop, é mais seguro explorar tudo e acertar em algo, do que apenas tentar um conceito (campo onde não há pai para as NewJeans). No entanto, neste caso concreto, perdeu-se uma oportunidade de ouro para fazer algo épico, ficando apenas pelo bonzinho e disfuncional.
Classificação do álbum: ★★★★
Músicas a ouvir:
> Supernova
> Armageddon
> Mine
Big Special – Postindustrial Hometown Blues
Género: Post-Punk
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Compostos pelo poeta e vocalista Joe Hicklin e o baterista Callum Moloney, os Big Special apresentam um poderoso álbum de estreia, rejeitando a suavidade acústica por um som mais áspero. Assim, numa mistura entre a energia brutal do punk com o realismo áspero do Folk, temos Postindustrial Hometown Blues, que chega para incendiar a opinião pública e motivar as pessoas a tomar ação. O álbum aborda temas de desespero, luta e guerra de classes com letras cruas e politicamente carregadas.
A faixa de abertura, “Black Country Gothic”, define o tom com os seus ritmos intensos e vocais cativantes. Singles como “Black Dog/White Horse”, “Butchers Bin” e “Dust Off/Start Again” mostram a amplitude do álbum, combinando a energia punk com influências soul e post-punk. Músicas como “I Mock Joggers” e “Shithouse” oferecem comentários sociais mordazes, enquanto “This Here Ain’t Water” destaca as impressionantes habilidades vocais de Hicklin. A adição da bateria de Moloney e das letras inteligentes e emocionais da dupla fazem deste um álbum notável. A faixa final, “DiG!”, encerra o álbum em alta, consolidando o lugar do The Big Special como uma voz importante para a classe trabalhadora.
Em suma, Postindustrial Hometown Blues é um álbum sombrio (até para os tempos atuais), mas refrescante. Para além disso, é altamente envolvente e emocionalmente rico, recheado de hinos. Tudo compilado, faz desta uma estreia poderosa que captura a luta e a resiliência do homem comum, embalada num som inovador, mas fiel às suas raízes.
Classificação do álbum: ★★★★½
Músicas a ouvir:
> Desperate Breakfast
> Shithouse
> Black Dog/White Horse
> Trees
> DiG!
Billie Eilish – Hit Me Hard and Soft
Género: Pop
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Ao fim de dois álbuns de qualidade inquestionável, à terceira, com Hit Me Hard and Soft, Billie Eilish conseguiu um verdadeiro triunfo artístico que equilibra de forma impressionante a leveza do espírito da artista, com uma intensidade emocional de gente grande. A produção, com o apoio imprescindível do seu irmão, Finneas, é envolvente e profunda, complementando as tendências macabras e trocadilhos sem filtros de Eilish, com naturalidade.
Anedotas à parte, este álbum apresenta uma maturidade impressionante, com Eilish a aprofundar a seu escrita e, por sua vez, narrativas, enquanto explora novas dimensões vocais. A sua voz, célebre pelo recorrente sussurro comprometido, agora ressoa com maior ousadia. A abordagem aventureira na estrutura das canções e a forma lúcida como as interpreta é um testemunho da evolução de Eilish como artista. Para além disso, Eilish desvia o olhar para personagens fora de si mesma, afastando-se do pop rápido e fácil.
Ainda que se afaste do Pop fácil, Hit Me Hard and Soft mantém uma coesão temática e vai muito para além da satisfação instantânea, recompensando os ouvintes que optem por ouvir o álbum de forma repetida. Muito devido a letras auto-referenciais e músicas aconchegantes que criam um mundo próprio com tanto para descobrir que uma passagem é desperdiçar o potencial do álbum.
Digo sem reservas que Hit Me Hard and Soft é um dos álbuns mais célebres do ano até à data, merecendo ser explorado e desvendado gradualmente. O prémio é uma combinação de melodias ensolaradas, sinceridade lírica e uma profundidade e complexidade que poucos artistas pop conseguem alcançar – Billie Eilish é, sem sombra para dúvidas, uma dessas artistas.
Classificação do álbum: ★★★★★
Músicas a ouvir:
> Lunch
> Chihiro
> Birds Of a Feather
> L’Amour De Ma Vie
> Blue
Bring Me the Horizon – Post Human: NeX Gen
Género: Post-Hardcore/Pop-Punk
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De Bristol para o mundo, já com 20 anos de carreira, os Bring Me The Horizon estão no auge. No ano passado concretizaram a tour do EP lançado durante o covid, Post Human: Survival Horror (2020), e logo após terminarem essa tour, deram início à tour do novo álbum Post Human: NeX Gen (ainda antes de o lançar), esgotando arenas pelo mundo fora. Tive a felicidade de ver Survival Horror em Amsterdão em 2023 e NeX Gen em Londres, no início de 2024, e não há dúvidas que os BMTH são uma das bandas mais espetaculares de se ver ao vivo, neste momento.
Com a saída de Jordan Fish, levantaram-se várias questões, nomeadamente a nível da qualidade da produção musical da banda. Com este álbum, ainda é prematuro partir para conclusões, dado que, com a exceção de “YOUtopia”, “Kool-Aid”, “Top 10 Statues That Cried Blood”, “Limousine” e mais um par de músicas, ainda houve muita influência do agora ex-membro. A nível de performance live, comparando os dois concertos que vi, a saída do mesmo passou despercebida – prova que a banda continua a ser superior a individualidades.
O que dizer sobre NeX-Gen? É um lançamento que marca mais um passo em frente para o domínio global do género, misturando a energia bruta e crua característica da banda com a mistura de sons eletrónicos, tirando muito proveito da produção e mistura e re-trabalho digital. Há uma passagem por uma panóplia de géneros (Pop-Punk, Post-Hardocore, Grunge, Hyperpop, Nu-Metal, até Emo), que torna complicado encontrar um fio condutor a nível de género. E não acho que os OST venham acrescentar muito valor à produção, se bem que percebo a tentativa de tentar amenizar a transição de géneros, entre músicas.
Não é um álbum perfeito, mas é um álbum impressionante, que pega em elementos nostálgicos e, com eles, cria algo novo, belo, agressivo e aconchegador. NeX-Gen pode não encontrar a sua força no fio condutor entre as várias faixas contidas nele, mas encontra muita força na espetacularidade de praticamente todas as música (bangers atrás de bangers).
Se a espera de quatro anos valeu a pena? Hell yeah. É um dos lançamentos mais efusivos e empolgantes desde Sempiternal (2013). A evolução da banda tem sido constante, mantendo o estatuto de pioneiros dentro do que de novo há para explorar, entregando música pesada consequente com intensidade e criatividade para dar e vender.
A NeX Gen está aí e os Bring Me The Horizon são a próxima grande cena que chegou para tomar o Rock de assalto.
Classificação do álbum: ★★★★½
Músicas a ouvir:
> YOUtopia
> Kool-Aid
> DArkSide
> n/A
> LosT
> sTraNgeRs
Childish Gambino – Atavista
Género: Rap
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Childish Gambino como o conhecemos está prestes a terminar, após Donald Glover ter revelado numa entrevista que já não sentia que o heterónimo o completava e, como tal, este ano lança os últimos trabalhos sob esse nome. Atavista é um deles… e pode-se dizer que surpreendeu.
Logo a abrir, Donald Glover volta a empregar os sintetizadores para montar uma ode aos anos 70, com ritmos cheio de flow e uma performance vocal segura e confiante, que vem definir o passo para o resto de um álbum extremamente experimental.
No meio das experiências acertadas de Gambino, saem duas baladas com colaborações de valor. Primeiro “Time”, com Ariana Grande, e mais para a frente “Sweet Thang”, com Summer Walker, ambas carregadas de sons harmónicos que conferem uma maior profundidade emocional ao álbum.
Chegamos ao fim de uma rodagem algo discreta, na qual nos perdemos se não prestarmos a devida atenção. No entanto, caso o façamos, Altavista é uma mistura de doçura, diversão e o tal experimentalismo (algo sombrio), que enche as medidas a quem procura detalhes sonoros peculiares em cada música. A essência da arte multifacetada de “Gambino” está bem patente e, neste álbum, vemos o rapper norte-americano a transitar entre o soul vintage e a inovação contemporânea, fazendo deste um álbum riquíssimo.
Classificação do álbum: ★★★★½
Músicas a ouvir:
> Atavista
> Time (ft. Ariana Grande)
> Psilocybae (Millennial Love) (ft. 21 Savage, Ink & Bonet)
> To Be Haunted
> Little Foot Big Foot (ft. Young Nudy)
Dehd – Poetry
Género: Indie Rock
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Poetry, o novo álbum de Dehd, não soa a melhoria face ao anterior, Blue Skies (2022), porque apesar de ser mais refinado, há partes que deixam a desejar. O ponto de foco é que este é um álbum que não se leva muito a sério: divertido, fresco, com melodias aconchegáveis e uma sinceridade que torna a música cativante. Vemos uma banda mais matura que mostra o seu talento, sem sair da sua zona de conforto.
O problema que o impede de ser o melhor trabalho dos Dehd prende-se com o facto da segunda metade do álbum falhar em manter-se interessante e inovadora – caindo num indie de repetitivo e enfadonho. Apesar deste contraste entre as duas metades do álbum, existe uma coesão do sonora que transmite uma sabor a verão – muito boa onda, portanto.
Ainda que bem montado e extremamente agradável de se ouvir, Poetry não é um álbum com qualidade para ouvir repetidamente, dado que falta substância ou ousadia. Sem a inovação e o estilo pop inteligente dos lançamentos anteriores, Poetry acaba por ser mais agradável do que bom. No entanto, com vista à primeira metade do mesmo, nota-se um esforço por parte da banda, e o potencial para atrair um público mais amplo está lá.
Classificação do álbum: ★★★★
Músicas a ouvir:
> Dog Days
> Mood Ring
> Light On
Hana Vu – Romanticism
Género: Indie Rock/Indie Pop
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Romanticism, o mais recente álbum de Hana Vu, traz-nos uma experiência emocional dinâmica e melancólica, ideal para quem procura um álbum dançante catártico. Ao longo de 45 minutos vemos serem abordados temas como trauma, luto e frustração, demonstrando a maturidade artística e pessoal impressionante de uma artista apenas no início dos seus 20s, que começou a produzir música aos 14 anos.
Num misto de Indie Rock e Bedroom Pop, este álbum é um reflexo fiel do momento atual da vida da artista. As harmonias ascendentes e os acordes de guitarra capturam a intensidade das emoções de Vu, lembrando abordagens de artistas como Soccer Mommy ou Japanese Breakfast.
Romanticism é o quarto álbum da artista norte-americana e vem consolidar a trajetória de Vu, sugerindo novas direções promissoras, algo cativante para os fãs de longa data. Para quem chegou agora, não podia ter sido em melhor altura, pois este álbum é uma introdução irresistível ao mundo da artista. A habilidade de Vu em equilibrar introspeção e liberação emocional transforma este álbum numa meditação sincera sobre a vida e a arte.
Neste álbum, vemos Hana Vu na sua forma mais autêntica, num misto entre a escrita vulnerável e arranjos melódicos que encaixam na perfeição com o timbre da artista. Somos, assim, presenteados por uma declaração audaciosa e prova da capacidade de Vu em capturar a beleza na desordem emocional.
Classificação do álbum: ★★★★
Músicas a ouvir:
> Look Alive
> Hammer
> Care
> Airplane
Jessica Pratt – Here In The Pitch
Género: Folk
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Inspirado na era “Hippie” de Los Angeles, Here in the Pitch, de Jessica Pratt, é uma serenata aos tempos que vivemos, repleta de versos doces e cativantes, e vocais com a capacidade de nos fazer querer dançar e ao mesmo tempo nos abraçar em angústia. Com apenas 27 minutos de duração, Pratt não chega com intenção de perder tempo ou nos fazer perder tempo – todo este álbum está comprimido ao detalhe, tornando-o quase perfeito a nível de capricho por segundo de música.
As canções de Pratt, à semelhança de álbuns anteriores, continuam a soar a feridas abertas e algo distantes, mas as melodias expandidas dão-lhes um brilho prismático, tornando este conjunto de nove músicas num dos mais fascinantes e suscetíveis a ter em repetição durante horas, sem dar por ela. A artista já estava numa nível próprio, distante de toda a competição dentro deste género de melodias, mas a verdade é que este álbum deslumbrante vem aumentar a distância.
O novo álbum de Jessica Pratt, Here in the Pitch, é pesado e robusto, possuindo uma beleza sombria. As canções, cuidadosamente elaboradas com melodias graciosas, perturbam silenciosamente, dada a sensação que as vibrações suaves e um som íntimo transmitem – quase que fazem parecer que a voz vem de dentro da nossa cabeça.
É fácil constatar que, com este álbum, Jessica Pratt atingiu o seu novo auge. Sublime!
Classificação do álbum: ★★★★★
Músicas a ouvir:
> Life Is
> Better Hate
> World on a String
Rachel Chinouriri – What A Devastating Turn Of Events
Género: Alternative Pop/Indie Pop
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O álbum de estreia de Rachel Chinouriri, What A Devastating Turn Of Events, é uma pérola que equilibra habilmente temas pesados com uma leveza contagiante, mostrando a capacidade da artista de capturar momentos claros e escuros da vida sem desprezar nenhum deles. O álbum celebra a coexistência de alegria e tristeza, lembrando aos ouvintes que cada pessoa e experiência tem duas faces.
O talento de Chinouriri como compositora origina um turbilhão de ideias a cada faixa, aproveitando ideias anteriores dos seus EPs para as aprimorar. A sua voz rouca (por vezes sussurrada), pode não agradar a todos, mas oferece uma variedade notável a esta produção.
Inspirando-se em influências como Lily Allen ou Daughter, Chinouriri entrega um álbum com uma impressionante amplitude e ambição, que nunca falha em criar uma experiência auditiva envolvente. A música de Chinouriri, com os seus vocais flutuantes e chilreios de pássaros, poderia facilmente encaixar-se no vibrante, mas tem também a sua quota parte de emocionante e dinâmico, nunca permanecendo no mesmo lugar por muito tempo.
What A Devastating Turn Of Events, apesar do título sombrio, encanta e deixa a esperança de que existem coisas ainda maiores por vir. O trabalho árduo e talento de Chinouriri fazem deste álbum uma produção cativante sem esforço, solidificando o seu lugar como uma estrela em ascensão no mundo da música.
Classificação do álbum: ★★★★
Músicas a ouvir:
> Garden of Eden
> Never Need Me
> All I Ever Asked
> Robbed
RM – Right Place, Wrong Person
Género: Contemporary R&B/Rap
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Em 2022, após o lançamento de Indigo, referia que há talento dentro dos BTS, para além do coletivo. Vimos J-Hope surpreender com Hope In a Box (2022), seguido de RM. Entretanto houve lançamentos de outros elementos do grupo: V brilhou com o EP Layover (2023) e Suga com D-Day (2023); Jungkook viralizou com Golden (2023); e Jimin também tem lançado música.
RM regressa com um misterioso Right Place, Wrong Person, projeto no qual parece quebrar correntes com as influências do K-Pop, alterando a direção sonora e definindo a essência da sua arte com algo mais experimental. E a melhor parte é que há consistência e coerência na forma como Nam-joon apresenta a sua música, num álbum com surpresas, mas sem grandes discrepâncias na sua base melódica. Outra grande jogada do artista foi as colaborações que conseguiu fechar para este lançamento, nas quais se destaca a magnífica Little Simz e o ímpar Moses Sumney, que acrescentam um valor artístico imensurável.
Apesar de alguns fillers ao longo do álbum, a duração é aceitável (34 minutos) e o produto final surpreende pela positiva, superiorizando-se a Indigo a nível concetual. O ponto negativo é que, apesar da qualidade inata, após várias rodagens, há pouco que cole e fique na cabeça, com exceção de uma mão cheia de músicas. A nível de conceito, Nam-joon foi exímio, mas nota-se que ainda falta estaleca para conseguir tirar mais alma e vida do que produz. Em todo o caso, álbum sólido e promissor!
Classificação do álbum: ★★★★½
Músicas a ouvir:
> Domodachi (ft. Little Simz)
> LOST!
> Around the World In a Day (ft. Moses Sumney)
> come back to me
Vince Staples – Dark Times
Género: Rap
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Vince Staples, desde que se estreou, tem sido uma lufada de ar fresco para o género, e o seu mais recente álbum, Dark Times, não quebra a sequência vitoriosa. Este álbum é só mais um testemunho da capacidade de Staples de transmitir uma complexidade emocional profunda, com uma narrativa densa em tempo recorde – desta vez 35 minutos -, pintando uma obra de melancolia com batidas taciturnas e pensamentos nublosos.
E tal como os seus pensamentos está o nome do álbum, que resume bem o seu conteúdo. Esta é uma obra meticulosa de um artista que se agarra ao mais desvanecido traço de luz no meio de uma escuridão cerrada. Ao longo deste autêntico diário musical, encontramos elementos do forro pessoal de Staples, como narrações de experiências cuja perspetiva cínica do artista brilha e histórias de onde são tiradas lições.
A produção é equilibrada, na qual cada uma das 13 faixas contribui para um projeto incrivelmente conciso e coeso, onde as sonoridades vão de encontro à direção lírica. O álbum é detalhado e muito específico, tornando-o uma da produções menos reservadas e mais vulneráveis do artista, refletindo a instabilidade e evolução da identidade. Enquanto Ramona Park (2022) foi uma terapia de grupo, Dark Times é quase uma confissão, exigindo mais dos seus ouvintes. No entanto, se dermos espaço para o álbum respirar, é fácil constatar que a qualidade é imensa, distribuída por um fluxo contínuo de ideias cativantes e intrigantes. Sem dúvida um dos trabalhos que vai definir positivamente a carreira de Vince Staples.
Classificação do álbum: ★★★★★
Músicas a ouvir:
> Black&Blue
> Shame On The Devil
> Étouffée
> Little Homies
Yaya Bey – Ten Fold
Género: Contemporary R&B
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Ten Fold, de Yaya Bey, é um álbum envolto em tristeza, mas que irradia leveza, refletindo a transformação da natureza humana que é inevitável, face a situações da vida com que somos confrontados diariamente. Ao “ler” o álbum, é face constatar que este é um projeto deveras pessoal, suportado pelos samples e gravações do seu pai, um do elementos dos Juice Crew, Grand Daddy I.U.
A nível de alinhamento, não há muito apontar. Este é um álbum equilibrado com músicas diretas ao assunto sem grandes floreados (sendo que a maioria tem menos de 3 minutos), que permitem uma Bey ágil – como é costume. Não pontualmente, aparecem músicas fora de tempo, o que pode parecer confuso e desleixado à primeira passagem. Mas não é falha, é feitio, pois é uma abordagem típica da artista.
Tal como no seu álbum de estreia, os instrumentais são mínimos (quase acessórios), permitindo que Yaya Bey se expresse e conte as suas histórias sem que a excentricidade das passagens de jazz simples roubem a sua. Embora escrito sob-luto, Ten Fold é tão livre e cativante quanto o seu antecessor, Remember Your North Star (2022). A artista canaliza a dor destabilizante oriunda da perda do seu pai, entregando-nos um álbum com muito que se lhe diga, levando-nos a acompanhar esta sua viagem emocional, enquanto somos apresentados com uma serenata de angústia.
Classificação do álbum: ★★★★½
Músicas a ouvir:
> the evidence
> sir princess bad bitch
> chasing the bus
> iloveyoufrankiebeverly
> career day
Beth Gibbons – Lives Outgrown
Camera Obscura – Look To The East, Look To The West
DIIV – Frog In The Boiling Water
Dua Lipa – Radical Optimism
Home Counties – Exactly As It Seems
Ibibio Sound Machine – Pull The Rope
Kamasi Washington – Fearless Movement
tripleS – Assemble24
Extended Play do mês: ZEROBASEONE – You Had Me at HELLO
Género: K-Pop
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You Had Me at HELLO é o terceiro lançamento dos ZBO e a sua sonoridade vai de encontro à composição de cor apresentada na capa do álbum: um misto de sabores de verão para ouvir e desfrutar num belo dia de calor, com zero preocupações. Não é o trabalho mais entusiasmante do grupo, mas é um bem-vindo.
Classificação do álbum: ★★★★
Músicas a ouvir: FellThePOP // DearECLIPSE // SundayRIDE