The Beta Test é um bom thriller satírico que pode ser chamado também de filme de terror.
Sinopse: “Hollywood está a entrar em colapso. Homicídios horríveis assombram a noite. Conflitos frenéticos marcam os dias. Uma tempestade abate-se sobre as agências de talentos em busca de novos investidores e ideias. Enquanto a batalha continua, Jordan Hines, um agente que está prestes a casar, recebe uma carta anónima convidando-o para um misterioso encontro sexual. O mundo de mentiras e fluxos sinistros de dados digitais de Jordan começa a desmoronar. Quem lhe enviou esta carta? E quem estará à espera dele atrás da porta fechada? A sua vida está numa encruzilhada: morrer de medo ou morrer de desejo.”
Um homem recebe pelo correio um convite para um encontro sexual sem compromisso, sem troca de identidade, sem nada a perder. Ele aceita participar e o que se segue é uma espiral de mentiras, obsessão e violência, que coloca em risco a sua própria existência. Depois de sucessos como Thunder Road e The Wolf of Snow Hollow, o realizador Jim Cummings alia-se ao seu colaborador frequente, PJ McCabe, para co-realizar esta sátira hilariante.
No início do filme temos um prólogo onde vemos uma mulher fazer uma chamada preventiva para o 112, antes de confessar o seu adultério ao marido. O que se segue é uma das demonstrações de violência mais brutais que vi nos últimos tempos. Momentos destes, mais crus, e alguns mais grotescos, bastante violentos e dignos de um puro filme de terror, estão espalhados ao longo do filme para ilustrar que a história decorre num universo em que a consequência de qualquer ação, por mais inocente que seja, pode ser extrema, um comentário ao peso que hoje em dia reina sobre qualquer pessoa que tenha uma presença social. O filme avisa-nos para o que aí vem, uma comédia negra original e perturbadora sobre a fragilidade da monogamia, os ambientes tóxicos de trabalho e a própria Hollywood.
Em The Beta Test seguimos Jordan, um agente de Hollywood, interpretado pelo próprio Jim Cummings, que tenta navegar nas águas de uma indústria de cinema em mudança, ao mesmo tempo que lida com a ansiedade de um casamento iminente e com o facto de que a sua carreira está em risco. O envelope púrpura que lhe chega na caixa de correio, convidando-o para um encontro a dois, oferece-lhe um escape dessa pressão constante.
Mas desde o momento em que Jordan aceita participar nessa aventura sexual, a sua vida resvala para a loucura. Jordan lança-se numa jornada para tentar encontrar a sua cara metade, apenas para cair numa espiral de mentiras, enganos e fraude.
As muitas situações inquietantes pelas quais Jordan passa mostra-nos uma narrativa tão original que nos faz rir não só pela piada da situação em si, como pela interpretação cativante de Cummings, que carrega o filme nos ombros. Desde o primeiro momento em que o conhecemos, desprezamos o seu personagem, queremos que ele tenha a sua queda trágica, mas não deixamos de o acompanhar em toda a aventura, chegando mesmo a querer que ele tenha sucesso.
Este é um filme que destaca que vivemos numa era de comportamentos sociais, aparências, em que toda a gente tem medo de dar um passo em falso. E como revela Jordan no climax do filme: “O mundo está a tornar-se um lugar mau e não sei o que fazer quanto a isso”.
Não é um filme perfeito, dispersa-se um pouco em termos de guião. Nota-se que há ideias a mais a serem atiradas para o ar, mas a narrativa é tão frenética que não podemos deixar de nos sentir cativados pela aventura. The Beta Test é um bom thriller satírico que pode ser chamado também de filme de terror, pois mergulha-nos na jornada aterrorizante de um homem que se apercebe que vive uma mentira e não sabe como escapar disso.
O resultado é uma comédia negra bastante original e que deve ser vista.