Mercearia do Bacalhau – Aqui reinventa-se o bacalhau da forma mais surpreendente

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A premissa é muito simples: caso procure um bom bacalhau, diferente do usual, a Mercearia do Bacalhau é o local a visitar.

Parafraseando a apresentação feita no site do restaurante: “A Mercearia do Bacalhau, na Maia, é um restaurante e mercearia fina dedicada ao bacalhau. Num misto entre os pratos mais tradicionais com toques contemporâneos e misturas inusitadas, a Mercearia do Bacalhau procura presenteá-lo com a melhor seleção deste peixe, bem como dos melhores ingredientes que o enaltecem.” O pouco que há a acrescentar é que, basicamente, o conceito gira em torno das receitas de bacalhau tradicionais com nuances e alterações ousadas, que fazem aumentar a amplitude de sabores aos quais já estamos habituados, sem os descaracterizar.

Aberto apenas há um par de meses, a Mercearia do Bacalhau nasceu pelas mãos de Pedro e Aldo Maia, irmãos com olho para o negócio e coração para a gastronomia. Na “carta” de restaurantes que fizeram nascer – ainda que, para Aldo Maia, este seja o seu primeiro investimento na restauração – para além deste, destacam-se a Casa de Repasto tradicional e diversa, a Biferia onde a carne é rainha, e o Coreto, cujo o espaço belíssimo adensa qualidade à refeição. Posto isto, já dá para ter uma ideia do que esperar desta nova aposta, na qual estando ou não a fasquia elevada, não desiludiu.

Ao entrar no restaurante, situado na porta nº 266 da Rua Ângela Adelaide Calheiros Carvalho Meneses (Cidade da Maia), poucas dúvidas sobram que, quem está por detrás do restaurante, sabe bem o que está a fazer. Da receção com simpatia e prestabilidade à decoração que se assume num ponto de equilíbrio perfeito entre o luxo e o conforto, não há nada a apontar. O nome Mercearia do Bacalhau não se deve apenas ao facto do restaurante vender pratos deste peixe, mas também ao facto de ter uma secção de mercearia tradicional, que não só vende ao público, como também serve de armazém de abastecimento da cozinha. Isto não só significa que podem ver o que vão comer, como também podem comprar os ingredientes usados nos pratos presentes na carta deste restaurante/mercearia.

Olhando como olhos de ver, é possível reparar em inúmeros detalhes interessantes e extremamente bem pensados. Os que me saltaram mais à vista foram os padrões de escamas presentes de forma percetível, mas subtil, em locais como o balcão, a porta da cozinha e os abajures de vidro dos candeeiros do restaurante. Os tons são predominantemente sóbrios, mas acolhedores, e apesar de haver diversos lugares sentados, nunca fica a sensação de uma sala cheia demais. Há várias mesas para jantares a dois, algumas para jantares em família e um mesa maior, logo à entrada para desfrutar da bela de uma refeição com amigos ou um maior número de familiares. Esta última mesa é mais recatada, com o objetivo concreto de conferir uma maior privacidade e evitar dispersão do barulho para as zonas onde estão os outros clientes.

No menu, não podia ser mais clara a total disponibilidade da equipa em acompanhar, esclarecer e ajudar o cliente sempre que necessário, caso isso não fique bem patente à priori pelo responsável de mesa em causa. Apesar de ter sido informado que muitos dos funcionários atualmente responsáveis por garantir o bom funcionamento da Mercearia do Bacalhau, não encontrei nada que pudesse apontar. Para ser franco, se não me tivessem passado essa informação, nem desconfiaria, tal foi o profissionalismo e atenção com as necessidades do cliente.

Pessoalmente gosto sempre de pedir recomendações, quer na bebida, quer na comida, e desta casa não saí desapontado e muito menos insatisfeito – antes pelo contrário. Começando pela bebida, existe uma variedade interessante de oferta para os amantes de vinho (tinto, branco ou verde) e os apreciadores de uma boa cerveja. Dentro da cerveja optei por uma artesanal de um produtor local (Porto) chamada Burguesa, mais concretamente “english strong bitter”, que sinceramente caiu na perfeição com os pratos que se seguiram e sobre os quais vou falar.

Para abrir, o clássico couvert, com uma cesta de pão composta por algumas opções incomuns tais como pão massa mãe, grissinis e flat bread, acompanhado de azeite com gotas de vinagrete, manteiga de Salicórnia e Tapenade de azeitona, limão e azeite – que foi a grande estrela deste couvert e quando estávamos apenas a começar. Depois debruçámo-nos sobre que entradas escolher e, após uma decisão ponderada, fomos para os clássicos Bolinhos e pataniscas de bacalhau e a famosa (de nome grosseiro) Punheta de bacalhau.

Sobre a primeira opção, tenho a dizer que os Bolinhos de bacalhau estavam crocantes no ponto certo sem ter aquela camada rija “selada” em torno deles, que por norma é sinónimo de secura – felizmente não se verificou essa secura que me desagrada; já as Pataniscas foram as mais cremosas que já experimentei na vida e a ausência de sal não afetou em nada o sabor tradicional, o que é um ponto positivo. Sobre a segunda opção, a Punheta de bacalhau, veio acompanhada de húmus e nachos, que a meu ver funcionou lindamente – os mexicanos deviam meter olhos nesta receita. No que toca a sabor, o misto entre o sabor a azeite e vinagre estava qualquer coisa de sublime.

Com as entradas pedimos os pratos principais, que chegaram não muito depois. Entre os quais a Feijoada de bacalhau, que estava deliciosa e na qual as migalhas de farinheira frita fizeram maravilhas. O outro foi Bacalhau confitado (um das quatro opções, nas quais constam também frito, assado e grelhado) com esmagada de beringela, pack choi, batata violeta e maionese de alho negro, num prato bem servido e com sabores que funcionaram muito bem juntos.

Sobrava pouca ou nenhuma fome para a sobremesa, mas ainda assim, teve que se fazer o esforço. Na carta lia-se “Dá-me um doce, em troca de um beijo salgado” que se refletia nas sobremesas típicas, e, mesmo sem faltar aquele toque único característico, apresentavam-se balanceadas com um travo de um elemento salgado para desenjoar e cortar a doçura extrema. O Bolo de mousse de chocolate seguia acompanhado de gelado de caramelo salgado, enquanto que o Pão de ló (feito na hora) com pêra bêbeda em moscatel roxo trazia também uma porção de queijo da serra e pinhões. Ambas as opções primaram por uma ousadia que se demonstrou bem sucedida.

A acompanhar a refeição, havia um carinho especial conferido pela seleção musical de fundo, que girava sobre a música portuguesa, exclusivamente. Volume certo para se fazer ouvir, mas sem nunca incomodar. De memória, lembro-me de ter passado “Com um brilhosinho nos olhos”, de Sérgio Godinho, e “Morena”, de Tiago Bettencourt.

A experiência foi indubitavelmente positiva em todos os aspetos. Não há uma “caixa de avaliação” que a Mercearia do Bacalhau não preencha com sucesso. Criatividade e inventividade gastronómica sem igual em pratos que temos dados como certo e que não precisam de mudar. Podem não precisar, mas, se a mudar for da forma que este restaurante faz, então a mudança é bem vinda.

Os apreciadores de bacalhau com elementos de cozinha de fusão têm aqui um restaurante a meter na lista de essenciais a visitar. É, no entanto, importante salientar que, no caso de num grupo maior, se alguém não apreciar bacalhau, há opções para agradar a gregos e a troianos, entre as quais um prato de carne e um prato vegan.

Sem mais a acrescentar, tenho apenas a dizer que a Mercearia do Bacalhau deixa clara a diferença entre restaurantes que servem comida e restaurantes que têm, de facto, um conceito. Para reservas, podem fazê-lo diretamente a partir deste link ou ligando para o 915084351.

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