EA Sports Madden NFL 24

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Num jogo recheado de modos por onde encontrar um motivo para investir tempo, é dentro de campo onde este brilha mais e nos prende ao comando.

Antes de começar a falar sobre o jogo, é importante referir que, apesar deste desporto não me ser estranho, nunca tive muito contacto com videojogos do género, pelo que não joguei nenhuma edição recente para ter termo de comparação. Posto isto, esta análise vai ter como base, unicamente, o valor da experiência que este jogo oferece.

EA Sports Madden NFL 24 surpreendeu-me pela positiva e negativa com a acessibilidade e curva de aprendizagem que oferece, até aos jogadores mais principiantes. Pela negativa pelos tutoriais iniciais serem maus, dando alguma resistência a quem quer entrar no jogo o mais rápido possível. Pela positiva (ênfase para o quão positivo é) através dos modos de treino no Training Camp, nos quais é possível ter um contexto rápido dos controlos a usar em determinadas situações, bem como os efeitos práticos que estes têm no resultado das mais diversas situações que possam surgir em jogo.

Posto isto, se este é o vosso primeiro contacto com este jogo ou, não sendo, a memória vos falhar com o poder de conhecer os controlos para as mais diversas situações de jogo, recomendo vivamente a não dar muita importância aos tutoriais e a começarem pela secção de “Skills Trainer”. Há um módulo exclusivamente para aprender os controlos e mais 13 para aprender como os aplicar e reagir às mais diversas situações de jogo. Um grande pronto positivo deste modo é ter transversalidade com o Ultimate Team, premiando-vos com pacotes de jogadores a cada módulo que completam.

Outras opções dentro do Training Camp são “Mini Games” e “Team Practice”. O primeiro funciona um pouco à semelhança de outro jogo da EA (FIFA), onde tentam completar diversos desafios cronometrados na tentativa da maior pontuação possível. Ao fim e ao cabo, é uma versão mais dinâmica e competitiva da secção que falei anteriormente. A segunda é um bom meio para perceberem melhor como cada jogada se desenrola e funciona, pois podem repetir as jogadas que entenderem, vezes e vezes sem fim, explorando cada movimentação e as inúmeras conclusões que podem sair dela (nota para a opção de ativar “big heads”, dentro do treino).

Sei que o que a malta quer fazer é logo entrar em campo e experienciar todo o espetáculo em que este desporto está envolvido e acho que o devem fazer (eu fi-lo sem saber controlos nenhuns), mas a verdade é que não é fácil começar dessa forma e facilmente se podem sentir um bocado desorientados, ou até frustrados, devido a não conseguirem concretizar o que estão a idealizar. Em todo o caso, tenho a dizer que é em contexto de jogo que Madden NFL atinge o seu expoente máximo de espetacularidade.

Ainda que os gráficos, por vezes, deixem um pouco a desejar pela saturação de cor e brilho que não se assemelham muito à realidade, os detalhes, na sua generalidade, são ótimos (principalmente dos equipamentos) – potenciado pela tecnologia SAPIEN, que confere mais realismo aos jogadores, através da definição dos corpos e mais variação física. Porém, é a emoção dos jogadores em situação de jogo e a forma como interagem com a bola e uns com os outros (fora alguns bugs não pontuais) que torna tão divertido jogar o jogo de um desporto tão parado e estratégico – tecnologia FieldSENSE. A verdade é que termos total controlo sobre o que queremos fazer, através de um livro de jogadas tão rico, também traz mais emoção e entusiasmo à coisa, dado que as opções e abordagens a cada situação são infinitas. Resumindo: bons gráficos, ótimos detalhes, mecânicas e animações realistas e jogabilidade fluída e fiel à realidade.

Agora preciso de ressalvar o que não salienta ou melhora a experiência, basicamente falhas que podem ser corrigidas e tornar um bom jogo num jogo muito bom: a experiência e interface de utilizador. Os menus não são agradáveis à vista nem tão pouco são intuitivos e, para além disso, os tempos de espera e carregamento não são bons – principalmente no modo Ultimate Team. Comecei tanto o modo Superstar como o modo Franchise, mas vi-me entediado por esses mesmos menus, aliados a uma experiência com base em texto e escolhas que apenas nos mostram mais texto. Nota-se uma falha grande em cinemáticas que poderiam tornar ambos os modos bem mais atraentes.

E por falar em cinemáticas, aproveito para falar de toda a experiência envolvente ao espetáculo que se desenrola dentro de campo. Começo pelo público, que não corresponde como seria de esperar. Falta um maior leque de animações e reação sonora ao que se desenrola em campo, porque como está, não faz jus à experiência e não a enaltece, de todo.

Falha também a falta de carácter e identidade na introdução das equipas pré-jogo e todo o broadcast e espetáculo associado ao mesmo antes, durante e após o término do mesmo. Tudo o que temos, fora a introdução inicial e entrada em campo, são os mesmos menus pelos quais não dá gosto navegar e detalhes e estatísticas associados ao mesmo. Um pouco do que a 2K faz com o jogo da franquia da NBA, não fazia mal nenhum a Madden NFL.

Em relação aos modos de jogo, existe agora o modo Superstar (antigo “Face of the Franchise”), onde podem criar o vosso jogador e evoluir com ele ao logo dos anos. Os problemas até começam antes do combine, pois quando estão a criar a vossa Superstar, só têm uma mão cheia de posições por onde escolher (QB, HB, WR, LB, CB). E depois também não há grande leque de personalizações fisiológicas, não existindo opção de importar a vossa cara para o jogo.

Posto isto, comecem a vossa carreira pelo NFL Combine, que até está bem conseguido, permitindo-vos perceber como se comparam aos outros candidatos ao draft, após os treinos e perceber em que ronda podem ser “draftados”. Contudo, os problemas com a ausência de cinemáticos (que referi anteriormente) começam… Vão a draft, fica tudo preto, o draft termina e só sabem para que equipa foram draftados na hora de assinar contrato. O mesmo acontece um pouco ao longo do vosso percurso, onde decisões tomadas são só texto.

O modo Franchise é um modo de carreira, mas sinceramente, não percebendo muito das tecnicidades de gestão associadas a este desporto, não consigo fazer uma apreciação muito justa. Consigo, porém, dizer que é pena faltar a opção de iniciar uma troca a três equipas. Outro ponto que não me agradou muito foi o quando lenta é a navegação nos menus. Estamos a viver o maior salto de velocidade e desempenho dos jogos nesta nova geração de consolas, portanto não há motivos para coisas simples neste jogo, como a dita navegação nos menus, terem um desempenho tão ineficiente.

Fiquei relativamente satisfeito com 3×3, em campo de dimensões mais reduzidas do showdown, apesar dos tempos de carregamento serem maus. Também gostei dos desafios dentro do Ultimate Team, associados a determinadas situações de jogo para jogadores específicos, de forma a desbloquear jogadores/itens/moedas, mas os tempos de carregamento, mais uma vez, deixam a desejar.

Segundo li, após alguns anos pelas ruas da amargura, esta era a edição de Madden do tudo ou nada, e as reviews de quem já joga há mais tempo não são muito promissoras. Pessoalmente, não acho que nenhum videojogo deva ser rotulado como o “tudo ou nada”, muito menos pela empresa que o desenvolve – pois só se metem a jeito para receber uma tonelada de má publicidade. Também sei que a EA detém os direitos exclusivos de fazer com Madden o único jogo oficial da NFL e acho que estão a fazer um bom trabalho, embora este seja o primeiro jogo do género que joguei em muitos anos.

Polémicas à parte, há muitos erros de principiante dentro dos mais variados modos de jogo. Há também muito a melhorar na forma como o conteúdo é apresentado. Pois para mim, futebol americano é a imagem do espetáculo que os Estados Unidos sabem também expor ao mundo e até criar alguma cobiça por parte de outros países e até outros desportos que tentam replicar parte do espetáculo. Este jogo falha redondamente em passar essa sensação para quem o está a jogar.

Em contrapartida, é um ótimo jogo para quem está interessado em aprender mais sobre o desporto (prática e teoricamente), e é um ótimo exemplo do que deve ser um jogo desportivo a nível de mecânicas, animações, detalhes, jogabilidade e realismo dentro de campo. Aqueles quatro períodos dentro de campo sabem maravilhosamente bem, mas fora dele… Já é outra história!

Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela Electronic Arts.

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