Ligação de toda a zona poente de Coimbra à zona central da cidade será repensada

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Coimbra pode ser a região que mais vai ganhar com a alta velocidade.

No âmbito da Nova Linha de Alta Velocidade Porto – Lisboa, a Estação de Coimbra B será objeto de uma intervenção para integrar o novo serviço de alta velocidade e reforçar a sua centralidade, logo na Fase 1 – Porto – Soure da Linha de Alta Velocidade (LAV), cujo início de operação se encontra planeado para 2028.

Reconhecendo que a futura estação terá um caráter multimodal agregando várias valências, e constituir-se-á como o centro de um novo polo de atividade social e económica da Cidade do Coimbra, a IP – Infraestruturas de Portugal e a Câmara Municipal de Coimbra acordaram conjugar esforços na elaboração de um Plano de Pormenor que abrange a área da estação e respetiva zona envolvente num total de 143 hectares.

Os estudos urbanísticos foram adjudicados ao gabinete do Professor Joan Busquets, conceituado urbanista catalão com vasto curriculum em planos de desenvolvimento urbano associados a grandes projetos de infraestruturas ferroviárias.

O âmbito dos estudos inclui igualmente o apoio à IP na definição do programa preliminar da estação que integrara o caderno de encargos do procedimento de concurso da Fase 1.

As reuniões de trabalho com o urbanista e Câmara Municipal de Coimbra permitiram já estabelecer linhas orientadoras no que diz respeito à rede viária, mobilidade suave, conceito geral da estação, áreas de expansão urbana e integração paisagista.

Neste contexto, foi realizada esta quarta-feira, 18 de janeiro, a apresentação pública do Plano de Pormenor da Estação de Coimbra B, no Salão Nobre do Município, e assinado o Protocolo, entre a Câmara Municipal de Coimbra e a Infraestruturas de Portugal, para o desenvolvimento dos estudos necessários para a concretização deste Plano de Pormenor.

O arquiteto catalão Joan Busquets apresentou a sua visão para a estação intermodal de Coimbra, que, na sua opinião, não deve mais incluir a letra “B”. A proposta de Joan Busquets, que servirá de base para um plano de pormenor desenvolvido pela CM de Coimbra ainda este ano, contempla uma estação num edifício em ponte, espaço para uma nova gare rodoviária (a atual está na avenida Fernão de Magalhães) e repensar a ligação de toda a zona poente de Coimbra à zona central da cidade, nomeadamente à Baixa.

Joan Busquets propõe, então, três edifícios (inicialmente eram dois), com alguma dimensão vertical e interessantes do ponto de vista arquitetónico, que sirvam como pontos de referência e de diálogo com o resto da cidade, sendo visíveis a partir da avenida Fernão de Magalhães ou da Alta de Coimbra. Esses edifícios, salientou o arquiteto, tanto poderão ser um hotel, como espaço de escritórios ou habitações.

O plano prevê uma ligação entre pequenos pontos de zonas verdes com a Mata Nacional do Choupal e um corredor verde por baixo do viaduto do IC2, na zona da Casa do Sal, tornando mais fácil a ligação pedonal ou de bicicleta à futura estação, que tanto poderá ser feita por essa zona como a partir do passeio ribeirinho, junto ao Mondego e que passa depois perto do Choupal, onde se prevê um outro aproveitamento do espaço público.

O plano aponta também para um desvio do IC2 no futuro, para aliviar a zona da Casa do Sal, considerando que a intervenção agora proposta de um corredor verde entre aquele ponto e a Baixa, passando pela avenida Fernão de Magalhães, não precisaria de alterações caso a mudança do IC2 se concretizasse. Esta intervenção naquela zona central permitiria alterar aquela que é a distância física efetiva entre Coimbra-B e o centro da cidade e a distância percecionada pelas pessoas, promovendo a mobilidade suave, sustentou.

Joan Busquets pensou, ainda, num espaço para se desenvolver um bairro em torno da estação, sublinhando que esse desenvolvimento urbano onde a alta velocidade passa é algo que tem acontecido em várias cidades da Europa. O arquiteto imagina uma área urbana a crescer naquela zona, em torno de uma estação “de conexão fácil, confortável e com uma ligação contínua com a cidade”. “Esta estação deverá permitir desenvolver outro tipo de atividade económica”, concluiu.

O estudo urbanístico apresentado é uma revisitação e atualização do plano já desenvolvido por aquele arquiteto catalão em 2010 para Coimbra-B (no âmbito do projeto de alta velocidade que, na altura, não avançou), que José Manuel Silva defendia que deveria ser recuperado.

Coimbra pode ser a região que mais vai ganhar com a alta velocidade

Por sua vez, o vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), Carlos Fernandes, considera que Coimbra está “rigorosamente no centro de uma mega região” entre Lisboa e Corunha, que se prevê estar ligada pela alta velocidade. “Vigo está a mais de quatro horas [de Coimbra] e estará a menos de duas horas. O aeroporto Sá Carneiro [no Porto] está a mais de duas horas e ficará a pouco mais de 30 minutos de Coimbra. Lisboa está a hora e meia e passará a 50 minutos. É, de facto, um encolher do país”, considerou o vice-presidente da IP.

Carlos Fernandes considera que a linha de alta velocidade trará “vantagens óbvias” para a instalação de novas atividades económicas e para a deslocação das pessoas pelo país e salientou que, no final do projeto, Coimbra poderá “aceder a 150 destinos, de modo ferroviário, em Portugal e Espanha”.

Os processos do concurso de concessão do troço entre Aveiro e Coimbra da linha de alta velocidade, onde estará incluída a construção da nova estação de Coimbra-B, deverão ser lançados no final de 2023, prevendo-se que a primeira fase da linha de alta velocidade (entre Porto e Coimbra) esteja concluída em 2028 e a segunda fase (entre Coimbra e Carregado) até 2030.

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