Os documentos referentes ao Lote C – Troço Soure / Carregado, da Linha de Alta Velocidade, estão agora disponíveis para consulta pública.
O projeto da Nova Linha Ferroviária de Alta Velocidade entre Porto e Lisboa encontra-se em fase de Estudo Prévio e integra o Plano Nacional de Investimentos (PNI 2030). A iniciativa tem como principal objetivo reduzir o tempo de viagem entre as duas cidades, melhorar os serviços ferroviários de médio e longo curso e libertar capacidade na Linha do Norte para transporte regional, suburbano e mercadorias. Paralelamente, promove um meio de transporte mais sustentável, contribuindo para a redução das emissões poluentes.
O Lote C, agora disponível para consulta pública, abrange o troço Soure-Carregado e insere-se na segunda fase do projeto, dando continuidade aos lotes anteriores já sujeitos a avaliação de impacte ambiental. A nova linha de alta velocidade será construída em bitola ibérica (1668 mm), permitindo total integração com a rede ferroviária existente, ao contrário do plano inicial que previa bitola europeia (1435 mm) e um sistema independente. Esta adaptação facilita a articulação com a Linha do Norte e a Linha do Oeste, garantindo a ligação direta entre diferentes linhas e permitindo a utilização das infraestruturas ferroviárias já existentes.
A execução do troço Soure-Carregado enquadra-se na expansão para sul da linha de alta velocidade. Esta fase do projeto prevê ainda a futura ligação entre o Carregado e Lisboa, cuja construção será avaliada em função da evolução da capacidade da Linha do Norte, que atualmente está a ser alvo de intervenções para a quadruplicação da via entre Alverca e Azambuja. Estas obras permitirão um melhor serviço de comboios suburbanos na Área Metropolitana de Lisboa e a integração dos serviços de alta velocidade até à Estação do Oriente, que também será ampliada.
O planeamento desta nova infraestrutura teve como base a reformulação de estudos ambientais realizados entre 2007 e 2010, que haviam sido aprovados, mas foram ajustados às necessidades atuais e às características do território. No caso do Lote C, a análise inclui duas soluções de traçado (A e B), com cerca de 117 km de extensão, interligadas em três pontos estratégicos para permitir uma melhor avaliação comparativa. Em Leiria, por exemplo, o projeto contempla a articulação com a Linha do Oeste e a nova estação da cidade, seguindo um modelo já aprovado em estudos anteriores.
E por falar em Leiria, a cidade do Lis passará a ter 50 minutos de viagem na ligação ao Porto e 36 minutos na ligação a Lisboa. Além disso, a Linha de Alta Velocidade também irá reforçar a centralidade urbana, atratividade territorial e polarização regional do eixo Marinha Grande/Leiria, resultante da criação da nova Estação Multimodal de Leiria, que tem associado o desvio da Linha do Oeste até à nova estação. Com este projeto, será também reforçado o importante nó de acessibilidades rodoferroviárias da zona da Marinha Grande/Leiria.
Vários traçados da Linha de Alta Velocidade em estudo
Dada a complexidade do projeto, há várias hipóteses em cima da mesa. Certo é que a Linha de Alta velocidade será construída em via dupla eletrificada, com uma velocidade máxima de projeto de 300 km/h, para tráfego exclusivamente de passageiros.
A largura total da plataforma da via, que será dupla, tem uma distância entre os eixos da via ascendente e da via descendente, de 4,7 m, e terá uma largura de 14 m, a que acrescem os taludes nas zonas em aterro ou escavação.
Acresce referir a rigidez da estrutura que não permite raios de traçado em planta menores que 5000 m, não permitindo, por exemplo, o acompanhamento do desenho das autoestradas, nem pendentes superiores a 0,25%, o que dificulta a adaptação à orografia do terreno levando à existência de muitos viadutos e túneis e a altura controlada para os aterros e escavações.
Assim, estão em estudo os seguintes traçados:
- Duas Soluções Base, Solução A e Solução B, que se desenvolvem ao longo de todo o Lote C, mas que estão divididas pelos 4 Trechos em que se divide o projeto para mais fácil compreensão e análise. A Solução A tem na íntegra 115+895 km de extensão e a Solução B tem 117+186 km;
- Variante de Regueira de Pontes à Solução A e à Solução B, no Trecho 3. A Variante à Solução A tem 11+604 km de extensão, iniciando-se ao km 84+800 dessa solução e terminando ao km 95+700. A Variante à Solução B tem 12+591 km, iniciando ao km 85+385 da Solução B e terminando ao km 97+272. Esta Variante inicia-se após a estação de Leiria na LAV e termina no final do Trecho 3, tendo sido criada como alternativa à passagem na freguesia de Regueira de Pontes (Leiria), onde as Soluções A e B, que neste troço são coincidentes, passam numa zona mais central da área urbanizada;
- Ligação da Linha de Alta Velocidade à Linha do Norte, que se executa desde a Linha do Norte, na zona do Carregado, até ao início do Lote C, estando por isso associada ao Trecho 1. Esta ligação é constituída por uma via ascendente (VA) e uma via descendente (VD), cujas extensões são respetivamente, 4+204 km e 4+272 km;
- Neste lote implanta-se ainda a nova Estação de Leiria, no corredor da LAV, mais concretamente no Trecho 3, no local do PUEC previsto e que foi também a solução antes aprovada nos estudos promovidos pela ex-RAVE para a estação de Leiria. Esta estação permitirá a interligação com a Linha do Oeste, sendo que, para o efeito, a Linha do Oeste é desviada do seu traçado atual para junto da LAV, de modo a poder utilizar a estação conjunta, sendo a linha atual desativada, entre os pontos de desvio, incluindo a estação atual. Este desvio da Linha do Oeste integra uma via ascendente e outra descendente e articula-se com ambas as soluções da LAV, sendo as extensões associadas à Solução A, de respetivamente 7+287 km (VA) e 6+097 km (VD) e na Solução B, de 8+333 km (VA) e de 7+482 km (VD).
Os trechos anteriormente referidos dizem respeito ao Trecho 1 – Carregado / Rio Maior, Trecho 2 – Rio Maior / Juncal, Trecho 3 – Juncal / Bidoeira e Trecho 4 – Bidoeira / Pombal.
