A nova edição de Kirby and the Forgotten Land para a Nintendo Switch 2 com a expansão Star-Crossed World não reinventa a aventura da adorável mascote, mas inclui boas razões para voltar ao seu mundo.
A Nintendo não é estranha a relançamentos, remasterizações e atualizações quando se encontra naquele período geracional em que tem duas consolas no mercado. Vimos no passado a Nintendo Switch receber remasterizações de jogos de gerações anteriores a preços premium e lançamentos simultâneos entre plataformas, como foi o caso de The Legend of Zelda: Breath of the Wild para a Switch e Nintendo Wii U. E agora, com a chegada da Nintendo Switch 2, encontramos outras formas de reacender o interesse nos seus jogos rainha, com atualizações gratuitas e outras pagas, que variam na quantidade de oferta, mas que revelam uma estratégia inconsistente.
Entre os mais recentes relançamentos encontramos Kirby and the Forgotten Land, o jogo que marcou a estreia da antiga mascote da Nintendo num jogo de plataformas 3D, a solo, pela primeira vez. Para a Nintendo Switch 2, Kirby and the Forgotten Land chega sob a forma de uma “Nintendo Switch 2 Edition”, tal como Breath of the Wild e Tears of the Kingdom tiveram direito, mas com uma “agravante”: o dobro do preço.
Ao passo que Breath of the Wild e Tears of the Kingdom mantêm o seu preço de lançamento para a Nintendo Switch 2, ou a opção de atualização “remasterizada” por 9,99€, Kirby and the Forgotten Land – Nintendo Switch 2 Edition custa 19,99€ como atualização ou 79,99€ como jogo completo para quem ainda não o tem. A Nintendo mantém, assim, um custo considerado alto para um jogo já com três anos, o que torna difícil convencer os jogadores que não sejam já realmente fãs da mascote e deste género de jogo.
Mas, ao contrário dos Zeldas, Kirby and the Forgotten Land – Nintendo Switch 2 Edition não é um simples remaster. Como reflete o seu nome completo, Kirby and the Forgotten Land – Nintendo Switch 2 Edition + Star-Crossed World inclui mais jogo: uma expansão com mais uma mão cheia de níveis, um novo modo de jogo e novas habilidades, que para atualização paga – para quem já tem e gostou do jogo – se torna mais atraente.
Em termos de atualização, na vertente técnica, pegar em Kirby and the Forgotten Land na Nintendo Switch 2 após tanto tempo do original não foi, francamente, impressionante. Sim, o jogo corre belissimamente a 60 FPS face aos 30 FPS da versão original, e a qualidade de imagem é igualmente superior graças a efeitos visuais melhorados, assim como a uma resolução aumentada, que nem sempre parece ser 4K quando ligado à base, mas que é definitivamente mais clara.
Estaria a mentir se dissesse que me impressionou, mas a verdade é que, tanto tempo após ter jogado o original na Nintendo Switch, e estando habituado a jogos com características técnicas semelhantes às que Kirby and the Forgotten Land agora oferece na Nintendo Switch 2, o jogo só “surpreende” quando colocado lado a lado em busca das aparentes diferenças.
No entanto, gabo os benefícios deste salto técnico. Com uma imagem mais clara, a direção de arte de Kirby and the Forgotten Land revela todo o seu esplendor: um mundo adorável e colorido, cheio de personagens e adereços redondinhos, em espaços e ambientes bastante complexos, ricos e cheios de contrastes. Já a fluidez melhorada também contribui para a experiência, com animações mais vivas, movimentos mais responsivos e, no geral, um jogo mais dinâmico e divertido de interagir. E tudo isto não está condensado apenas no conteúdo adicional, mas ao longo de todo o jogo original, o que torna, por si só, Kirby and the Forgotten Land – Nintendo Switch 2 Edition na versão “definitiva” deste jogo, pelo menos por enquanto.
Dado que Kirby and the Forgotten Land – Nintendo Switch 2 Edition + Star-Crossed World é um exclusivo para a nova consola da Nintendo, o conteúdo adicional foi criado a pensar no novo hardware. E aqui sim, temos uma experiência visual ainda mais rica e complexa, com níveis mais recheados e visualmente mais envolventes, especialmente com toda a sua apresentação prismática e refletiva do gelo e dos cristais que abraçam os novos cenários, justificados com uma nova história.
Não são, no entanto, níveis completamente novos. Para esta expansão, o jogo pega numa seleção de níveis já existentes e remistura-os, como se de um universo paralelo se tratasse: níveis mais tranquilos e paisagísticos, onde o sol brilhava e as ondas quebravam em praias, passam a ser cenários congelados e frios, cobertos de gelo e cristais, com novos caminhos e formas de navegar, ao mesmo tempo que tiram partido das novas técnicas visuais da Nintendo Switch 2, nomeadamente reflexos no ambiente e mais efeitos visuais.
Existe aqui um aspeto transformador e emocionante, que diz respeito precisamente a ambientes e níveis que são, para todos os efeitos, novos: com novos segredos, novos inimigos, novos caminhos e, até, novas habilidades para Kirby, desde aquelas que o pequeno blob rosa suga dos inimigos até às habilidades especiais e específicas, onde engole objetos de grandes dimensões para progredir nos níveis ou aceder a áreas secretas.
No entanto, a jogabilidade pouco ou nada muda. Kirby move-se, navega, interage e luta exatamente da mesma maneira como no resto da aventura, destacando-se a maior diferença precisamente na responsividade da personagem, graças ao framerate melhorado. Explorar os seus níveis, experimentar as diferentes habilidades dos inimigos que vamos sugando, e procurar os segredos escondidos nos cenários, continua a ser tão delicioso como divertido.
O mesmo não se pode dizer dos confrontos com bosses, que já no jogo original se revelaram picos de dificuldade intermitentes, requerendo um nível de destreza e de paciência no ritmo do combate desproporcionais ao resto da viagem. Recordo-me de, no original, ter encontrado bosses que foram autênticos ossos duros de roer, que me deixavam a suar no fim dos combates. Não necessariamente por serem difíceis, mas por ser complicado manter uma consistência no ritmo de desvios e ataques, devido ao impacto reduzido dos golpes base de Kirby. Apesar de haver habilidades e ataques mais eficazes, que tornam estes momentos pequenos puzzles, acabam por ser desgastantes e, em alguns casos, barreiras para avançar para níveis seguintes.
Nesta expansão, a filosofia dos combates mantém-se e a equipa de produção revela confiança nesse aspeto, com um modo Boss Rush mais desafiante. O que, na realidade, demonstra que a minha breve crítica é mais uma questão de skill issue do que propriamente qualitativa, dado que Kirby and the Forgotten Land – Nintendo Switch 2 Edition + Star-Crossed World acaba por oferecer algo que tem definitivamente um público.
Esta expansão não é muito longa, mas é substancial. É mais Kirby and the Forgotten Land. Mais jogo! Não se posiciona como uma sequela ou spin-off, não reinventa a experiência base, mas acrescenta-lhe definitivamente mais encanto e mais uma razão para voltar a sugar o mundo ao comando do adorável Kirby, agora em maior definição, pelo menos para os maiores fãs.
Cópia para análise cedida pela Nintendo Portugal.