Ser possível até é, uma vez que os concertos do Festival Jardins do Marquês – Oeiras Valley têm lugares marcados. Mas o problema não é só esse.
Desde que se soube que o Governo tinha proibido a realização de festivais e espetáculos até 30 de setembro, salvo algumas exceções, que muitas promotoras resolveram optar pelo mais sensato: adiar a edição desde ano para 2021.
Muitos dos grandes festivais já foram reagendados, à exceção do NOS Alive, que ainda está a decidir se adia o festiva ou se realiza o evento noutros moldes.
Mas não é do NOS Alive que queremos falar. É, sim, do Jardins do Marquês – Oeiras Valley, que deveria ter este ano a sua primeira edição. Deveria ou vai mesmo ter? Pois, existem dúvidas relativamente à sua realização.
Nas redes sociais, a organização não dá novidades desde 27 de abril, dia em que colocou no Facebook um vídeo de Yusuf / Cat Stevens, um dos nomes confirmados no cartaz, a tocar a partir de sua casa. Mas essa não é propriamente uma comunicação, que, nesse caso, foi feita uma última vez a 27 de março, com um comunicado que referia que estavam a trabalhar responsavelmente para que o festival se realizasse este ano.
Desde então, a organização ainda não revelou mais detalhes sobre a realização ou não desta primeira edição do Jardins do Marquês – Oeiras Valley. Aliás, e ainda no Facebook a única resposta dada tem sido a mesma: “Continuamos a seguir atentamente a situação presente e, tal como fazemos sempre, seguiremos rigorosamente todas as indicações das entidades competentes, tendo como primeira prioridade o bem-estar do nosso público e de todas as equipas envolvidas na realização do Festival. Manter-vos-emos sempre informados através dos nossos canais oficiais. Muito obrigado.”
Dito isto, resolvemos questionar via Facebook. E esta foi a resposta: “A proposta de lei do Governo português, aprovada na semana passada na generalidade pela Assembleia da República, determina também que se podem realizar os festivais com lugares sentados que cumpram as determinações das autoridades de Saúde. Assim, mantêm-se as datas inicialmente previstas. Aguardamos pela definição dessas determinações, que seguiremos rigorosamente, tendo como primeira prioridade o nosso público e de todas as equipas envolvidas na realização do Festival, para que o mesmo aconteça cumprindo todas as normas de segurança e saúde necessárias. Muito obrigado.”
Portanto, e na prática, até ordens em contrário, o Jardins do Marquês – Oeiras Valley irá mesmo realizar-se.
Contudo, há que ter cautela se estiverem a pensar adquirir bilhete. Como foi referido, este é um evento com lugares sentados, pelo que poderá efetivamente realizar-se. No entanto, o que não sabemos é se os lugares que estão à venda já estão de acordo com o distanciamento social que é necessário.
Ou seja, caso a organização ainda não tenha definido ao certo o limite de lugares para cada concerto, tendo em conta as novas regras, os interessados podem adquirir bilhete e, na prática, a organização pode ver-se em mãos com casos de excesso de lotação. Isso poderá fazer com que esteja obrigada a devolver o valor dos bilhetes, algo que pode ser uma chatice para quem vive longe do lugar do espetáculo, e, por exemplo, resolver pernoitar pela zona.
Adicionalmente, é ainda possível adquirir bilhetes para a plateia em pé, ou seja, lugares não marcados, e, nesta fase, isso já não deveria ser possível. Caso comprem ou tenham comprado um destes bilhetes, deve acontecer uma destas duas hipóteses: ou o montante gasto é devolvido, ou, então, a organização cria uma nova zona de lugares marcados, convertendo esses lugares em pé para bancos/cadeiras, por assim dizer.
Além disso, há que ter em atenção a questão do cartaz. Desde há algum tempo que a organização não voltou a confirmar nomes, o que é normal, mas mesmo aqueles que estão confirmados podem ver-se impedidos de viajar ou, simplesmente, acharem que não é seguro dar concertos neste momento, mesmo com todas as medidas de segurança e higiene. Até à data, nenhum deles cancelou.
Ou seja, e apesar da organização manter o festival, existem várias condicionantes em jogo. O Jardins do Marquês – Oeiras Valley tinha ainda uma vertente gastronómica, isto é, aqueles que o desejassem poderiam jantar no cenário único dos jardins, degustando menus criados pelo chef Vítor Sobral. Porém, e dadas as circunstâncias, esses jantares não deverão realizar-se. Pelo menos os bilhetes já não se encontram à venda.
Recorde-se que o Jardins do Marquês – Oeiras Valley realiza-se a 1, 2, 3, 4, 6 e 7 de julho, contando com as atuações de Lighthouse Family, Nouvelle Vague, Seu Jorge & Daniel Jobim, Yusuf /Cat Stevens, Camané & Mário Laginha e Rufus Wainwright.