Fomos ao Inimigo, mas não se pode dizer que tenhamos saído de lá amigos

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E tudo devido a um serviço pouco eficiente.

Tudo começou em finais de novembro de 2017. Na altura, chegava à Avenida 24 de Julho, em Lisboa, um novo restaurante que dava pelo nome de Contrabando, apostando não só na comida da América do Norte, mas também da América do Sul. Afinal de contas, eram tudo sugestões saídas da mente de José Traitolas, o responsável pelo conceito, devido aos espaços por onde tinha anteriormente passado – Hard Rock CaféMercado de Algés e Chilis.

A coisa correu tão bem que, no início de 2021, quando a pandemia ainda nos chateava, abriu um outro espaço do Contrabando, neste caso no Centro Comercial Fonte Nova. Por aqui, no Echo Boomer, tivemos oportunidade de finalmente conhecer o Contrabando da Avenida 24 de julho no ano passado, na altura para conhecer a marca Kimura, que une a riqueza da culinária japonesa com a ousadia da gastronomia mexicana. Basicamente, o passou a contar com opções de comida mexicana e japonesa, pelo que podem, por ali, provar sushi (e do bom).

Aquando da nossa visita, José Traitolas disse-nos que, em breve, teria novidades na margem sul do Tejo, com a abertura de um novo restaurante em Almada. Dá pelo nome de Inimigo, está a funcionar desde 15 de novembro do ano passado e fomos recentemente conhecê-lo. Infelizmente, a experiência não foi a melhor.

Localizado na Rua Capitão Leitão, a poucos minutos de Cacilhas, o Inimigo tem conquistado os clientes com a sua autêntica e vibrante culinária mexicana, proporcionando uma verdadeira viagem aos sabores do México. Aliás, basta uma rápida pesquisa no Google e no TheFork para percebemos que o novo espaço do Grupo Contrabando tem já uma ótima avaliação, embora com várias críticas pelo meio.

Chegámos ao restaurante cinco minutos após a hora da nossa marcação (12h30) e foi um gosto ver que várias mesas já estavam ocupadas. Lá está, faltava assim um espaço em Almada, nesta zona da Margem Sul, e os almadenses e não só estão a aderir.

Com espaço para 100 pessoas, o Inimigo está decorado a rigor, de onde sobressaem vários pósteres alusivos a combates de wrestling mexicano, bem como cadeiras com as mais variadas cores, dando-nos aquela sensação de parecer que estamos a passear pelo México, naquelas alturas em que encontramos restaurantes quase improvisados, com mesas colocadas na rua. E não nos podemos esquecer das imagens das caveiras, tão alusivas àquele país. Gostámos.

Há também uma esplanada coberta… e é logo aqui que surge o primeiro problema do Inimigo: a ligação entre a sala principal e a esplanada. Há uma porta a separá-las, mas quem ficar numa mesa junto dessa porta não irá passar muitos momentos agradáveis, pois estará constantemente a levar com correntes de ar, algo incómodo naqueles dias mais frios, e especialmente chato para os mais friorentos ou com bebés à mesa. Além disso, várias foram as vezes que nós, bem como outros clientes, tivemos de fechar a porta sempre que uma das jovens que andava a servir às mesas saía para a esplanada, pois nunca fechava a porta. Percebo que não dê muito jeito, principalmente quando tem as mãos ocupadas com vários pratos ou bebidas, mas fechar a porta recorrentemente não é uma tarefa a cargo do cliente. Algo a rever com urgência, caso contrário terão mais reclamações de clientes.

Outro problema que nos apercebemos poucos minutos após termos chegado ao Inimigo: a banda sonora, que é horrível. Não sabemos como é que a coisa se processa nos outros dias, mas termos um restaurante, que se diz mexicano, a passar apenas e exclusivamente músicas de Shakira, que é uma artista colombiana, não faz qualquer sentido. É que não só existem inúmeros clientes que não apreciam os temas de Shakira, como não se adequa ao espaço – porque não apostar em música ambiente mexicana? E o volume não estava propriamente baixo. Era perfeitamente possível falar com as outras pessoas, mas essa “banda sonora”, juntamente com os longos tempos de espera (já lá vamos), tornam a experiência frustrante.

Mas bom, vamos à comida. O menu do Inimigo é algo vasto, dividindo-se entre Entradas, Tacos, Quesadilhas, Carnes, Hambúrgueres, Fajitas, Burritos, Kids (para os mais novos) e Sobremesa.

Logo nas entradas há opções com e sem picante. Se quiserem sentir uma “pica” na boca, devem optar pelas Asas Diablito (Asas de frango fritas envolvidas em molho buffalo, acompanhadas de blue cheese), pelos Jalapenos Poppers (jalapenos panados recheados com queijo cheddar) ou pelos Classic Chili Nachos (tortilha de milho fritas cobertas com chili e mix de queijos, acompanhada de guacaole, sour cream, pico gallo e jalapeno). E foi precisamente isso que fizemos. Daqui escolhemos as Asas Diablito, que estavam deliciosas. Tão boas que foram devoradas em coisa de 2-3 minutos, fazendo-nos lembrar a versão deste prato, mas servida pelo restaurante Chili’s, que existiu durante alguns anos em Lisboa. Começámos bem.

Para contrastar, das entradas também pedimos o Ceviche Inimigo (salmão e camarão marinados em sumo de lima, cebola roxa, malagueta e coentros, acompanhados de tortilha de milho fritos), que nos soube pela vida. Doses generosas de salmão e camarão, num casamento perfeito entre todos os ingredientes. Esta era uma refeição que prometia.

Já na secção de Tacos, têm versões com carne de vaca, frango crocante, frango grelhado, camarão e chili de carne, ou seja, muito dentro daquilo que encontramos no Contrabando. Mas existem outras duas opções que vos vão fazer salivar: o Big Taco (costela de vaca envolvida em honey chipotle, servido com arroz de açafrão, tortilhas de trigo, nata azeda, guacamole, pico de gallo e mix de queijos) e o Taco Inimigo (jaret de vaca cozinhado a baixa temperatura, molho honey chipotle acompanhado de tortilhas de trigo, nata azeda, guacamole e pico de gallo) para duas pessoas. Como mandámos vir mais coisas, ficámo-nos pelo Big Taco – “ótima escolha”, disse-nos uma das funcionárias – e de facto não podíamos ter feito melhor escolha. Carne saborosa, super macia, daquela que se desfaz assim que lhe damos o primeiro porte. Tem muita gordura, é certo – que conseguem tirar para o lado sem qualquer problema -, mas é mesmo assim, além de que é super fácil “rapar” o osso e tirar-lhe toda a carne, de modo a não haver qualquer desperdício. Destacar ainda o arroz de açafrão, que estava de comer e chorar por mais.

Seja com o Big Taco ou o Taco Inimigo, o objetivo é montarmos os tacos à nossa vontade – e assim é fácil decidir se queremos mais ou menos carne, mais ou menos acompanhamento. Escolha obrigatória numa visita ao Inimigo! No entanto, não podemos deixar de estranhar a ausência de qualquer taco de peixe – aliás, a única vez que nos deparamos com a palavra “salmão” é mesmo nas entradas…

Apesar de adorarmos quesadilhas, saltámos esse capítulo – afinal de contas, as opções disponíveis são muito semelhantes com aquelas apresentadas nos tacos, sendo que a principal diferença passa pelo twist do mix de queijos – e saltámos para a secção das carnes. E são cinco as propostas: T-Bone (famoso corte do osso T grelhado, um lado com lombo e outro lado com vazia, com aproximadamente 500gr), Entrecote (Corte do acém com elevado grau de infiltração e marmoreado, cerca de 230gr), Picanha (carne com elevado nível de infiltração e uma textura muito suave), Ribs Barbacoa (Piano de porco cozinhado a baixa temperatura com molho barbecue acompanhado de batata frita, maçaroca de milho e maionese de ervas) e Short Ribs (Costela de vaca cozinhado a baixa temperatura com molho honey chiptole, acompanhado de batata frita, maçaroca de milho e maionese de ervas). Pedimos o T-Bone e já vos dizemos o que achámos.

Também saltámos a secção dos hambúrgueres, onde se contamos sete opções – cinco hambúrgueres de vaca, um de frango crocante e um vegetariano. E também não pedimos nenhum dos três Burritos, por serem muito parecidos com os tacos – lá está, muda um ou outro ingrediente, depois é tudo uma questão de temperos. Foi assim que nos lançámos às Fajitas, neste caso ao Fajita Combo (Carne de vaca, peito de frango grelhado envolvido numa cama de cebolada de pimentos, acompanhado de tortilhas de trigo, guacamole, nata azeda, mix de queijos e pico de gallo). Novamente, acabamos por ter aqui tacos desconstruídos, mas a utilização das tortilhas de trigo, neste caso, é meramente opcional.

Apesar das entradas nos terem chegado à mesa poucos minutos após efetuarmos o pedido, a partir daí, e infelizmente, a demora foi imensa. O espaço foi enchendo, foram chegando cada vez mais clientes e, logicamente, os pedidos foram-se acumulando. Isso fez com que os nossos “pratos principais” tenham chegado após 35-40 minutos de espera, um contraste enorme em relação às entradas. E tudo isto enquanto somente duas funcionárias serviam toda a gente – não estamos a contar com a pessoa que ficou no bar, o barman, responsável pela elaboração dos cocktails.

Os restaurantes têm de perceber que, se querem ter casa cheia, têm de ter meios humanos para isso. Isto é, mais funcionários. É que, com a demora entre pratos, basta que a primeira ida ao restaurante não agrade aos clientes para não só estes nunca mais meterem lá os pés, como nem recomendarem a amigos e familiares. E não fomos os únicos afetados, note-se.

Ao nosso lado, uma das mesas não recebeu as bebidas que tinha pedido, informando o staff para não cobrar, logicamente, o que não tinha chegado à mesa. E quando uma funcionária diz “espero que voltem numa próxima, desta vez com melhor serviço”, é porque sabe que as coisas não correram bem.

Nessa mesma mesa, já com outros clientes, ouvimos uma das funcionárias a desculpar-se em nome da sua colega: “Ela não fez de propósito, tenho a certeza que não fez por mal”, ouvimos, apesar de não termos percebido a origem da queixa. Já noutra mesa, ouvimos essa mesma pessoa a informar que já não tinham certos pratos disponíveis… e isto, repare-se, aconteceu por volta das 13h30, 13h45, quando ainda iam chegando mais clientes… Com tudo isto, também reparámos, embora fosse um rodopiar constante de pratos, que as opções pedidas dos clientes demoravam muito a chegar, o que não devia acontecer num restaurante com comida mexicana – não estamos propriamente a falar de um restaurante com conceito de fine dining.

Honestamente, como passou tanto tempo após as entradas, começámos a ficar cheios, mas lá demos conta do T-Bone, embora com muitos nervos na carne, o que tornava algumas partes impossíveis de devorar, e também nos agradou a mistura de sabores do Fajita Combo, tudo perfeitamente cozinhado. Contudo, devo alertar para a quantidade de picante deste prato, algo que não é mencionado no menu, mas que se sente, e bem. Salientar que o anteriormente mencionado Big Taco só nos chegou à mesa ao mesmo tempo que o T-Bone e o Fajita Combo.

Tínhamos ainda de provar uma sobremesa, mas para fugir aos típicos Churritos com doce de leite, bem como ao Brownie, apostámos no Coulant de Chocolate (petit gateau de chocolate branco, baunilha e gelado), mas que de petit gateau nada tem, pois um petit gateau pressupõe chocolate derretido a escorrer pelo prato assim que é “aberto”, e neste caso nem vê-lo. Portanto, este foi mais um bolinho mole que outra coisa – mas felizmente não deixou a desejar a nível de sabor!

Antes de nos despedirmos, convém dizer que, dada a demora, sobrou uma quantidade considerável de comida, e para evitar o desperdício alimentar, pedimos para guardar o que tinha sobrado em caixinhas… algo que nunca aconteceu. E para não esperarmos novamente muito tempo – já tínhamos esperado cerca de 20 minutos só pela sobremesa -, nem relembrámos a funcionárias dessas caixas para takeaway, que nunca chegou a preparar.

Boa comida, staff simpático, mas um serviço ineficiente e desatento, a precisar de melhorias e mais funcionários. É assim que podemos definir o Inimigo. O potencial está todo lá, a Margem Sul precisa disto, mas convém efetuar algumas alterações para evitar mais queixas.

Localizado na Rua Capitão Leitão 29a, o Inimigo está à vossa espera, mas aconselha-se uma reserva, seja ligando para o 937806829 ou via TheFork, para aproveitarem alguma promoção.

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