Hotel Barcelona – Review: Lá se foi a boa fé

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Swery65 traz-nos mais um jogo repleto de ideias incomuns, referências cinematográficas, quebras constantes da quarta dimensão e uma direção de arte que suplanta a falta de polimento visual, mas tal como os projetos anteriores do diretor criativo, Hotel Barcelona funciona no papel e pouco mais

Custa-me chegar a este ponto, mas parece que a boa-fé e confiança que tinha em Hidetaka Suehiro, mais conhecido por Swery65, estão a chegar ao limite. Se Deadly Premonition ainda é um nome de peso no género de terror, que mantém a sua popularidade graças ao estatuto de culto e às suas influências cinematográficas – para não dizer quase roubadas, não fosse Swery65 um fã acérrimo de David Lynch –, o mesmo não pode ser dito dos seus projetos seguintes. The Missing: J.J. Macfield and the Island of Memories ainda goza de uma certa reverência, muito devido à sua personagem e narrativa, mas The Good Life e Deadly Premonition 2: A Blessing in Disguise já testaram o quão Swery65 é capaz de se safar apenas por apresentar ideias diferentes e irreverentes sem conseguir concretizá-las através de videojogos competentes. Da minha parte, a tentativa já não suplanta o resultado e Hotel Barcelona quebrou esta relação de confiança que mantinha com Swery65.

O facto de Hotel Barcelona ser um roguelike é-me impossível de justificar. Apesar de estar munido de sistemas, estatísticas e de mecânicas procedurais, este universo de demónios e assassinos em série pouco faz com o género e apresenta-se como um híbrido pouco satisfatório. Acredito que Hotel Barcelona tenha sido conceptualizado primeiramente como um jogo de ação e aventura, um género onde Swery65 está mais confortável, e que problemas de produção ditaram a mudança radical que levou a White Owls a apostar num dos géneros atualmente mais populares, mas igualmente complexos de produzir. Então temos sete zonas com pouca exploração, uma enorme árvore de habilidades, mas inimigos com má IA, péssimo feedback, tempos de resposta insatisfatórios e visuais datados que conciliam num sistema de combate com pouca profundidade, ao ponto de ser mais satisfatório evitar os confrontos e seguir diretamente para os bosses de cada zona. Até a mecânica de repetição e de clones, que permitem a criação de fantasmas das nossas tentativas anteriores, pouco serve em Hotel Barcelona devido à natureza aleatória dos roguelikes.

Algo falhou e Swery65 já não merece mais desculpas.

Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela Neonhive

João Canelo
João Canelo
Crítico de videojogos, Guionista, Professor e o responsável pelo melhor mortal nas aulas de Educação Física em 2002. Um aficionado por jogos peculiares.
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