O que começa como um jogo mecanicamente simples, revela-se um vício desafiante em busca dos melhores tempos e das voltas perfeitas.
O género de corridas é muito vasto no que toca a experiências, com árcade e simuladores em espetros diferentes e desmultiplicados em experiências igualmente drásticas. Chamar Horizon Chase 2 de jogo de árcade não é o mesmo que lhe chamar “Need for Speed”, ainda que as velocidades estonteantes e cheias de adrenalina sejam elementos chave entre a saga da EA e a produção da brasileira Aquisis Game Studio, recentemente rebatizada enquanto Epic Games Brasil.
Não joguei o primeiro Horizon Chase. E, francamente, há muito tempo que não jogava algo como a sua sequela, um jogo de corridas, quase on-rails, que evoca as emoções de jogos como Outrun, de pistas sem fim e de road trips de uma ponta à outra de um continente, onde nos desviávamos de outros pilotos com uma direção quase automática.
É um género de jogo muito específico e muito fora do seu tempo, facilmente associado às experiências de arcada e dos extintos salões de jogos, onde o objetivo era simplesmente pontuar mais alto e gastar mais uma moedinha em mais uma tentativa. E como é que esta experiência se pode adaptar às expectativas e padrões de uma experiência caseira? Horizon Chase 2 é a resposta.
Não vou mentir, senti-me estranho nas primeiras provas de Horizon Chase 2. Que raio se passa com os controlos deste jogo? Porque é que tudo parece tão automático e, por extensão, fácil? Que pode Horizon Chase 2 oferecer para me manter agarrado ao comando? A verdade é que debaixo da sua superficialidade mecânica, escondem-se desafios e dificuldades que, como numa experiência árcade, nos vão incentivar a “tentar mais uma vez” ou “fazer mais uma prova”.
Horizon Chase 2 é um jogo bem sólido em conteúdos, o que é um fator motivante para explorar, considerando que cada uma das suas 66 pistas ao longo de 6 países são únicas à sua maneira, com desafios emocionantes e level designs fantásticas, aliado ao breve tempo que passamos em cada uma, dado que as provas raramente ultrapassam 3 minutos. Já em carros, a quantidade é apenas 11, mas como são altamente personalizados e com partes que se desbloqueiam com progressão individual, acaba por ser divertido tentar bater novos tempos com os diferentes bólides atualizados.
Mecanicamente, como dizia, não é muito profundo. É um jogo de “prego a fundo”, com poucos elementos interativos para lá do arranque com boost ou do nitro. Não esperem fazer derrapagens e drifts cinemáticos ou ter um controlo completo da direção do veículo, que parece colado à pista, apontando sempre para o “horizonte”.
Coisa simples, pelo menos no início, até o jogo começar a sugerir pistas mais sinuosas, rivais mais desafiantes e, até, desafios de contra-tempo com tabelas bem difíceis de bater. Rapidamente o jogo começa a ganhar forma, revelando que o segredo é o controlo. Controlo em desviar-nos dos carros rivais, de escolher bem como fazer as curvas (mais dentro ou mais por fora), tentando apanhar todas as moedas, gerindo bem o nitro e, claro, evitar ao máximo qualquer toque.
Toques noutros carros significa perder tempo, falhar itens cronológicos faz com que as nossas voltas durem mais tempo, a não utilização do nitro pode significar a diferença entre o primeiro e o segundo lugar, e sair um pouco da pista pode resultar em capotamento.
Horizon Chase 2 é assim, na sua forma final, um jogo tenso e com muita adrenalina em pequenas doses, de pista para pista. É divertido e extremamente colorido, com visuais cartoonescos, visuais vibrantes e sólidos e um desempenho incrivelmente sólido e fluido que ajudam a acentuar a sensação de velocidade.
Como extras, Horizon Chase 2 tem modos multijogador, onde destaco a corrida aos melhores tempos em leaderboards e aos modos de ecrã-dividido local, uma funcionalidade tão rara, mas tão importante em jogos destes, que o tornam num fantástico party game.
Horizon Chase 2 está disponível em todas as plataformas, PC via Epic Games, consolas PlayStation, consolas Xbox, Nintendo Switch e até no iOS via Apple Arcade.
Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela Epic Games Publishing.
