E cada garrafa é selada manualmente em lacre.
Há na região Península de Setúbal um microprodutor, Joel Sanheiro, que podemos chamar de vigneron, cuja pequena propriedade familiar está em Palmela e é lá que produz os vinhos Herança Sanheiro Story e Herança Sanheiro Supreme, ambos feitos 100% com a casta Castelão.
Herança Sanheiro vem do nome de família e é, agora, marca registada. De imagem muito clean, as garrafas contam com um rótulo em comprimento, onde predomina o branco, destacando uma risca azul em baixo, que representa a casa da propriedade onde se situa a adega (e as da zona que antigamente tinham uma risca azul como acontece no Alentejo). Cada garrafa é selada manualmente em lacre.
Joel Sanheiro explica resumidamente a história de produção de vinhos dos seus antecessores: “O terreno vem da altura do meu bisavô, foi ele que lá plantou a vinha original. O meu avô tratava da vinha, vendia parte da uva e fazia vinho para consumo próprio. Depois passou para o meu pai, Joaquim Sanheiro, que logo tomou a pulso a situação e tratou de replantar e aramar. Fez uma adega com lagares e depósitos de cimento e passou a usar a uva toda para fazer vinho, cuja produção vendia a granel, boca a boca e em patuscadas, festas com comida e bebida aos fins-de-semana. Em 2017 decidi começar a fazer vinho e seguir as suas pisadas. Atualmente uso apenas 1 hectare, que corresponde ao terroir com solo arenoso (o restante tem solos mais argilosos). A vinha tem agora mais de trinta anos e não é regada”, destaca o produtor.
Já Joaquim Sanheiro salienta que os vinhos Herança Sanheiro resultam de “um conhecimento que se transmitiu de geração em geração e de formação, o que levou a que tenha havido uma evolução na forma com se tem vindo a fazer vinho”. Sobre a produção do filho, Joaquim revela, orgulhoso, que tem havido “muitos melhoramentos na forma como este produz vinho em relação ao que fazia”.
Os vinhos Herança Sanheiro não são filtrados, a filtragem é feita por decantação natural, o vinho precipita nos depósitos, é passado a limpo, e assim sucessivamente. Ou seja, os vinhos são produzidos à moda antiga, “mas com alguns melhoramentos no processo para lhe dar a qualidade necessária”, refere o produtor Joel.
Aqui no Echo Boomer já pudemos constatar a qualidade de um dos vinhos, neste caso o Herança Sanheiro Supreme, ideal para acompanhar carnes vermelhas, risotto, um bom queijo seco ou amanteigado e, principalmente, almoços em família. Porque as herança mais valiosas são aquelas que nos brindas com ternas lembranças.
E esta é, de facto, uma microprodução, uma vez que apenas foram criadas 1500 garrafas: 600 do Supreme (PVP de 10€) e 900 do Story (PVP de 5€). Ambos estão disponíveis para venda na loja online Herança Sanheiro e a nível regional na garrafeira Mercado do Vinho, em Setúbal; no Vinus Rarus, no Barreiro; no restaurante/garrafeira Brindar 37, no Seixal; e no restaurante Flavors, na Quinta do Anjo.
De salientar que o Herança Sanheiro Supreme 2019 foi premiado com uma Medalha de Prata no Asian Wine Trophy e o 2020 ganhou também a Medalha de Prata no Portugal Wine Trophy.
Num futuro próximo, o produtor prepara-se para fazer obras de requalificação da adega. A colheita de 2022 vai contar com um ligeiro aumento, há 900 garrafas do Story e 900 da referência Supreme (mais 300), no entanto, não há qualquer intenção de comprar uva para aumentar a produção. Os vinhos serão sempre resultado da vinha própria, mantendo a tradição e unicidade que os distingue.
Foto de: Ernesto Fonseca