Um grande ponto de viragem para este sistema operativo.
Chegou a ser líder de mercado em Portugal, tendo sido responsável por 35% das vendas de smartphones no primeiro trimestre de 2019, mas atualmente vende pouquíssimo em Portugal. Sim, falamos sobre a Huawei, que tomou uma decisão que pode afetar o desenvolvimento de aplicações para o seu próprio sistema operativo, o Harmony OS.
Recorde-se que tudo começou a mudar em 2019 para a empresa chinesa, quando Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos da América, anunciava severas restrições para a Huawei, o que fez com que a marca deixasse de poder trabalhar com equipamentos e softwares feitos naquele país. Tal levou ao impedimento de usar serviços Google, os mais utilizados a nível global, e as coisas nunca mais foram as mesmas, mesmo com um sistema operativo adaptado do Android, o HarmonyOS, e uma loja própria de aplicações, a App Gallery.
Aliás, em agosto de 2022, o próprio fundador do grupo chinês, Ren Zhengfe, disse aos funcionários da empresa que, para os próximos três anos, a prioridade da Huawei é “sobreviver”. E se as vendas de smartphones já nem se comparam com o que a marca chegou a vender noutros anos, essa sobrevivência passou pelo foco noutras categorias de produtos, como auriculares, smartwatches, tablets e, claro, portáteis – embora a marca atualmente já venda portáteis em território nacional com teclado em Espanhol… Mas adiante.
Desde que desenvolveu o HarmonyOS que a empresa pretende criar o seu próprio ecossistema. E isso passa por uma dependência cada vez menor do Android, da Google. E esse próximo passo está dado, com a futura versão do seu sistema operativo, o HarmonyOS Next, a deixar de suportar apps desenvolvidas para Android.
Num evento de apresentação da nova versão, o executivo da empresa, Richard Yu, revelou que tudo foi desenvolvido internamente, ou seja, kernels, sistema de ficheiros, linguagem de programação, estrutura de inteligência artificial e modelos de linguagem. E isto faz com que este sistema operativo deixe de suportar aplicações desenvolvidas nativamente para Android.
Esta é, de resto, uma grande viragem para a Huawei, uma vez que, aquando da estreia, em 2019, o HarmonyOS sempre suportou apps Android. Mas com esta nova versão, as apps que eram, até então, compatíveis, deixam de o ser, o que fará com que os programadores tenham de desenvolver uma versão exclusivamente para este sistema operativo.
Segundo o que disse Yu ao jornal Yicai, o objetivo é ter 5.000 aplicações nativas do HarmonyOS Next até ao final de 2024.
Mas atenção: convém salientar que esta versão do sistema operativo é apenas desenvolvida com o mercado chinês em mente, ou seja, as versões globais dos smartphones da Huawei, como por exemplo os que estão à venda em Portugal, continuarão a vir instalados com a EMUI, versão “ocidental” do sistema da fabricante com base no Android Open Source Project (AOSP).