Leiria a 40 minutos de Lisboa e Braga a duas horas de distância. É o que promete o Governo com a Linha de Alta Velocidade

- Publicidade -

O projeto foi hoje oficialmente apresentado e tem um investimento previsto de cerca de 4900 milhões de euros até 2030.

“Depois de décadas de desinvestimento na ferrovia, de encerramento de linhas e de prioridade à rodovia e ao transporte individual que nos trouxeram a uma enorme dependência do automóvel, estamos a levar a cabo uma revolução”, disse esta quarta-feira Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, na cerimónia de apresentação da Linha de Alta Velocidade Porto-Lisboa, que teve lugar na Estação Ferroviária de Campanhã – Terminal Minho e Douro.

O Ministro referiu que essa revolução teve um primeiro momento de recuperação e de estabilização. “Era preciso travar a queda e foi nesse momento que reintegramos a Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) na CP, reabrimos a oficina de Guifões, recuperámos dezenas de comboios que estavam encostados em Portugal, compramos material circulante usado fora do País, renovado através da indústria nacional, reforçámos os quadros de pessoal da CP e das Infraestruturas de Portugal (IP), criámos um Centro de Competências Ferroviárias e passámos dos projetos às obras, do papel ao terreno.”

O Ministro salientou que o Governo lançou “o maior concurso de sempre” para a compra de comboios novos. Serão 117, que deverão vir a ser produzidos em Portugal ou “a integrar muita produção nacional”.

“Imaginem chegar à estação em Coimbra ou Leiria e ter um comboio que me leva a Lisboa, a Aveiro ou ao Porto em menos de uma hora. Imaginem saber que passa sempre, pelo menos, um comboio a cada hora ao longo de todo o dia e que, por isso, não preciso de me preocupar a planear a minha viagem antecipadamente. Simplesmente, chego à estação a qualquer hora do dia e sei que há um comboio que me leva onde eu preciso”, exemplificou.

Áreas Metropolitanas separadas por pouco mais de 1h15 de distância

“Com esta nova linha, colocamos as nossas duas Áreas Metropolitanas a pouco mais de 1h15 de distância; colocamos Aveiro, Coimbra, Leiria e todo o eixo entre Braga e Setúbal, onde vivem cerca de 8 milhões de pessoas, a pouco mais de 2 horas de viagem entre si”, disse Pedro Nuno Santos.

As reduções de tempos de viagem chegarão também às ligações à Beira Interior, ao Minho, ao Alentejo ou ao Algarve. Com esta nova Linha Porto-Lisboa a Guarda poupará 1h20 na viagem para o Porto e 50 minutos na viagem para Lisboa. Leiria ficará a 40 minutos de Lisboa. Braga a 2h.

Ligação em Alta Velocidade do Porto ao Minho e à Galiza

“É certo que a nova linha entre o Porto e Lisboa não vai resolver, por si só, todos os problemas de acessibilidade ferroviária no País, mas é o primeiro passo, um passo indispensável a todos os outros que se seguirão”, acrescentou o Ministro.

Nesse sentido, Pedro Nuno Santos destacou também a importância da ligação em Alta Velocidade do Porto ao Minho e à Galiza, que também começará na estação de Campanhã, passará no Aeroporto Sá Carneiro, em Braga e em Valença, rumo a Vigo.

Prioridades para a próxima década

O Ministro destacou também outras duas prioridades na estratégia do Governo para a próxima década: a conclusão da modernização e eletrificação de toda a rede ferroviária nacional; e a resolução dos estrangulamentos que existem no acesso às Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto e que limitam o aumento de oferta de serviços urbanos e de mercadorias.

Por sua vez, o primeiro-ministro António Costa referiu também que o investimento na indústria ferroviária, nos últimos anos, constitui “uma enorme oportunidade para a indústria nacional”, correspondendo ainda a “uma mudança de paradigma”, após décadas de investimento na rodovia.

Pontos importantes a reter desta Linha de Alta Velocidade Porto-Lisboa

A nova linha de alta velocidade Porto-Lisboa divide-se em três fases:

  • A Fase 1 compreende o troço entre o Porto e Soure, com um investimento de cerca de 3000 milhões de Euros e conclusão prevista em 2028;
  • A Fase 2, entre Soure e o Carregado, tem um investimento estimado de 1900 milhões de Euros e deverá estar concluída até 2030.
  • A Fase 3, entre o Carregado e Lisboa, tem um impacto pequeno no tempo de viagem, pelo que só deverá ser construída mais tarde. Entretanto, o acesso dos comboios a Lisboa far-se-á pela linha do Norte, que será quadruplicada entre Alverca e Azambuja e terá, assim, capacidade para acomodar os serviços de alta velocidade.

No total, prevê-se um investimento de cerca de 4900 milhões de euros até 2030.

Quantas estações terá a nova linha?

Além das estações terminais de Lisboa Oriente e Porto Campanhã, que serão ampliadas, os comboios servirão estações intermédias em Leiria, Coimbra, Aveiro e Gaia. Todas as estações estarão em locais centrais, de fácil acesso e com ligação a outros serviços ferroviários e de transportes coletivos.

No caso de Leiria, Coimbra e Aveiro, serão utilizadas as estações existentes, que serão também ampliadas e requalificadas. Nestes casos, o acesso às estações faz-se pelas linhas existentes, a linha do Oeste e a linha do Norte, onde serão também necessárias intervenções de aumento de capacidade. No caso de Gaia, trata-se de uma nova estação subterrânea, num local onde os comboios já circularão a uma velocidade mais baixa, por estarem já perto da estação terminal.

Faz sentido ter uma estação em Gaia, tão próxima do Porto?

Nas redes de alta velocidade, é frequente ter mais do que uma estação a servir uma mesma área metropolitana. Por exemplo, atualmente, os serviços Alfa têm paragens em Lisboa nas estações de Santa Apolónia, Oriente e Entrecampos, e no Porto, em Campanhã e na estação de Gaia-Devesas. Estas paragens não prejudicam significativamente o tempo de viagem total e facilitam o acesso de mais passageiros aos serviços.

A nova estação de Gaia estará localizada em Santo Ovídio, com interface com duas linhas do Metro do Porto. Desta forma, este será um ponto de acesso privilegiado, não só para Vila Nova de Gaia, mas também para a Baixa ou para a parte Ocidental da cidade do Porto.

Quanto tempo vai demorar a viagem entre o Porto e Lisboa?

Com a Fase 1 concluída, o tempo de viagem deverá reduzir-se logo das atuais 2h50 para menos de 2 horas. Após a Fase 2, prevê-se que um comboio sem paragens entre Porto Campanhã e Lisboa-Oriente faça o trajeto em 1h19, enquanto um serviço com 4 paragens (Leiria, Coimbra, Aveiro e Gaia) fará o trajeto em 1h45. É expectável que existam tanto serviços diretos como serviços com algumas paragens ao longo de todo o dia.

A que velocidade irão circular os comboios?

A nova linha Porto-Lisboa tem uma velocidade de projeto de 300 km/h. Esta velocidade foi selecionada de modo a permitir tempo de viagem que seja claramente competitivo com o transporte aéreo.

Com a nova linha, a linha do Norte deixará de ter comboios rápidos?

Não, a linha do Norte continuará a ter uma oferta de comboios Intercidades regular ao longo do dia que continuará a servir as estações que atualmente são servidas com tempos de acesso iguais ou melhores do que os atuais.

E por último… Quanto vão custar os bilhetes?

O preço dos bilhetes nos serviços de alta velocidade será uma decisão comercial dos operadores. No entanto, tendo em conta que os custos operacionais não serão superiores aos atuais, os bilhetes deverão ter um custo médio semelhante ao dos bilhetes do serviço Alfa.

Uma rápida pesquisa permite-nos constatar que, por exemplo, uma viagem num Alfa Pendular, entre Lisboa e Porto, pode ser feita, se o bilhete for adquirido com bastante antecedência, por 11,50€.

- Publicidade -

Deixa uma resposta

Introduz o teu comentário!
Introduz o teu nome

Relacionados