GNR no Coliseu dos Recreios – Às Vezes o Amor

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Declaração de interesses: o escriba é groupie dos GNR e não reconhece projeto pop que se lhes peça meças em longevidade e interesse estético ao longo de percurso artístico. Além disso, já viu várias vezes o agrupamento ao vivo.

Às Vezes o Amor é o nome do festival dedicado ao Dia dos Namorados e que leva a diversas salas de Portugal nomes da música portuguesa. Cabeça de cartaz para Porto e Lisboa, com direito a apresentação nas suas salas de visita mais prestigiada: os GNR.

E aqui chegamos ao problema do concerto de sábado, dia 15, no Coliseu dos Recreios. A desadequação entre as expetativas de um concerto promovido no âmbito de um festival (valha a verdade, a sensação nas Portas de Santo Antão era a de estarmos em ambiente de concerto em nome próprio), a opção por lugares sentados na plateia, o preçário praticado e o tipo de oferta.

Tudo isto resultou num cenário em que a lotação estaria a meio, ou pouco mais, o que é pena, porque já vimos os GNR na última década a encher salas maiores (Campo Pequeno em modo deluxe com Isabel Silvestre, Rita Redshoes e Javier Andreu, pela altura da celebração dos 35 anos de carreira), mais pequenas em modo gourmet (CCB, com o belíssimo Afectivamente), ou da última vez no Coliseu, em modo festa por alturas do lançamento de Caixa Negra.

Não que isso diminua a capacidade de atuação dos Reis do Roque. Não. Valha a verdade, e mesmo sem convidados especiais, o concerto deste sábado tinha o interesse de ser a primeira vez em víamos Rui Maia, de fama X-Wife e outras, a entrar na banda ao vivo, no lugar de Paulo Borges e Marco Nunes. Do concerto de boa memória do ano passado no Centro Olga Cadaval, mantém-se o grande Samuel Palitos na bateria.

Ao nível das projeções de vídeo, nota-se também alguma aposta numa lógica mais abstrata e geométrica, com gráficos a la Kraftwerk, enquanto Rui Reininho, de casaca à pianista bem amarela, entra em palco e começa a desfilar canções do nosso imaginário, com elogios à indústria minhota de confeções. Parece que o modelito tinha sido estreado pelo próprio recentemente em Paris, com sucesso geral.

Quanto ao repertório, “O Arranca-Coração”, novel tema, soa bem, seguido pelo hino pop “Vídeo Maria”, que já pede rabo fora da cadeira. E há uns quantos que, pela esquerda e pela direita, vão fazendo isso mesmo.

“Cadeira Eléctrica” confirma que entrou no panteão do Grupo Novo Rock, e “Quem?”, mais  misteriosa, talvez mais portuense (clipe filmado junto ao Silo Auto ajuda), também se porta bem nesta nova configuração. Nota-se a influência Rui Maia, que talvez também explique a versão mais eletrónica de “Sub-16”, a pedir novo levantamento de gente.

“Dançar Sós” continua o tom maioritariamente melancólico do concerto (nota-se bem a saída de Paulo Borges das teclas), “Pronúncia do Norte” foi hino mais dito que gritado, antes de um “Dama ou Tigre” puxar de novo pelo movimento corporal, bem seguido por “A Ilha”.

Com uma hora de concerto, curto intervalo com música instrumental e ambiente escuro pelo meio, para um regresso com a grande “Homens Temporariamente Sós”, seguida por “Vocês”. Nova animação com “Las Vagas” e “Quero Que Vá Tudo P’ró Inferno”. Está dado o clique para a festa, os fiéis presentes começam a ocupar todo o espaço da frente, como deveria ser. É uma música do Roberto Carlos? Era.

“Morte ao Sol” e “Efectivamente” fecham antes do primeiro encore. Teme-se que “Bellevue” não chega a ser tocada, o que está mal (e não foi mesmo). Vem “Dunas”, como é de lei, antes de mais uma pausa e mais um encore, com “Sangue Oculto”.

Estão cansados. Afinal, no dia anterior aconteceu concerto no Coliseu lá de casa. Não obstante, agradece-se à capital do império por todos estes anos de fiel companhia. Agradecemos nós.

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