Football Manager 2026 Review: Um motor novo que custa a arrancar

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Com uma cara completamente lavada e muitas novidades a nível de conteúdo, Football Manager 2026 tem ambições tão altas como potencial. Mas apesar de funcional e familiar, tal como uma equipa em início de época, ainda não está na sua forma final.

Texto por: Cláudio Araújo

Após uma reconstrução total do jogo anterior com o motor de jogo Unity, que durou dois anos, a Sports Interactive regressou com a promessa de revolucionar e de nos deixar de queixo caído com Football Manager 2026, ao aterrar com aura de Special One. É a primeira vez em Unity, com interface completamente renovada, táticas separadas em “Com Posse de Bola” e em “Sem Posse de Bola”, o match day mais rico de sempre, a estreia do futebol feminino, recrutamento alterado com a introdução TransferRoom e, finalmente, o licenciamento da Premier League. Mas será que isto é o Messias do management que nos ia levar diretos à terra prometida, ou um protótipo ambicioso que precisa de uns ajustes? Foi para testar tudo isso que comecei uma carreira num save com o Brighton.

Interpretando o papel do nosso treinador Echo Boomer, peguei no Brighton com um plano simples e ambicioso: aproveitar o orçamento gordo que temos disponível para caçar jovens talentos com potencial altíssimo, atirá-los direto à Premier League como catalisador de crescimento e vender os trintões (nada contra, eu próprio sou um) e excedentários para clubes da Arábia Saudita que pagam o que for preciso. A ideia era construir uma máquina de wonderkids, rodar nas lesões e ver quem explodia. 

Comecei pela tática. Queria emular o relativismo de Fernando Diniz no Fluminense – posse alta, laterais a subir como meio-campistas, meio-campo rotativo e riscos calculados, mas adaptado à realidade do Brighton. E com as táticas com posse de bola e sem posse de bola separadas.

Comecei com um 4-3-3 com inside forwards a descair, wingbacks a criar overloads no meio-campo juntamente com os outros médios e um avançado wonderkid entre linhas. Já defensivamente, um 4-1-4-1 bem simples. O visualizer mostrou logo o caos bonito, mas o defensivo? Descuidei-me, sofria sempre golos por conceder demasiado xG. Ao menos era futebol bonito. E por falar em bonito, o novo Motor de jogo também se destaca, pelo menos para mim. Estes são dois grandes pontos de melhoria face aos FM anteriores. No passado, tanto as táticas como o motor de jogo já se sentiam datados e limitados, e com a implementação de duas táticas (uma em posse de bola e outra sem posse de bola) e do motor Unity, justifica-se a espera de dois anos pelo jogo. 

fm 26 review echo boomer 4
Football Manager 26 (Sports Interactive)

Mas eis que veio o inferno, porque a nova interface de Football Manager 2026 é penosa. Eu já não era particularmente fã da escolha do roxo utilizado, e agora, com esta nova organização de tabs infinitas, há imensa informação comprimida para a mesma tab. Andar a procurar as ligações que já conhecia de cor, fazer cliques para mover um jogador no combined screen ou ter de arrastá-los ao longo do ecrã… não é nada intuitivo, e os bugs em vários ecrãs (até a seta para baixo no teclado está bugada na caixa de mensagens) tirou-me a pica toda e fez-me jogar FM26 de forma mais casual. Isto é, após a pré-época defini um 11 titular… e simulei a época.

Foi neste processo que descobri que o jogo é fraco na simulação, dá pouquíssimas atenções (e em alguns casos até mesmo nenhumas) aos não-titulares, mesmo quando lesionados. Aliás, alguns wonderkids que contratei das shortlists de Passion4FM e FM Scout mal cheiraram relvado, mas pelo menos jogam os que defini como titulares. E também descobri que a função de pesquisa parece funcionar melhor! Contas feitas, acabei em 6º lugar na Premier League, com 68 pontos, e qualificação para Europa League, superando a expectativa de meio da tabela.

Na segunda época, fiz double down. Com algumas vendas fantásticas a clubes de sheiks e recorrendo a short-lists, renovei ainda mais o plantel. Acertei a defesa, tornando-a mais compacta na tática e sem posse de bola, mas também bastante mais jovem, ao colocar wonderkids como titulares.

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Football Manager 26 (Sports Interactive)

O TransferRoom revelou-se uma boa adição. Trata-se de um hub centralizado, dividido em entradas e saídas, para jogadores que queremos contratar e que pretendemos vender, respetivamente. Neste hub definimos requisitos para pesquisar jogadores como fazemos nos filtros de pesquisa de jogadores ou da Lista Preferencial, tais como a posição e melhor papel dentro dessa posição, intervalo de idade e tempo de jogo pretendido. Dias depois recebemos listas de jogadores disponíveis, disponibilizadas pelos próprios clubes, para o caso em que procuramos um jogador para juntar ao nosso plantel. A diferença aqui é que não podemos usar todos os outros filtros do nosso sistema tradicional de scouting. É quase como uma espécie de Marketplace, tornando-se ainda mais notório para os casos em que pretendemos vender jogadores. Aquilo que encontramos é uma lista dos clubes que registaram pedidos, como o nosso acima, e no fundo oferecemos os nossos jogadores a esses clubes. No meu caso, com o Kaoru Mitoma insatisfeito por ter perdido a titularidade, acabei por oferecê-lo a alguns clubes via TransferRoom. Acaba por ser uma adição gira, mas desnecessária para quem vai direto às shortlists de experts ou vai conhecer a base de dados de trás para a frente ao fim de alguns saves.

Mesmo no início da segunda época aconteceu isto:

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Football Manager 26 (Sports Interactive)

Seguido disto:

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Football Manager 26 (Sports Interactive)

Não só disse que não, como também emprestei o Mitoma ao Benfica. O karma depois apanhou-me e fui eliminado da Liga Europa em abril pelo Sporting. Quanto à classificação final no campeonato, salvei um 7º lugar com 64 pontos (-4 que época anterior), após ter começado mal o campeonato, devido a um erro crasso. Ao simular a primeira metade da época, escolhi os jogadores suplentes e, com o passar do tempo, os jogadores do 11 titular foram-se lesionando e substituídos por jogadores sem ritmo e de qualidade inferior que não estavam no banco, pois os marcados como suplentes ficam sempre suplentes. Sendo assim, para a segunda metade não escolhi suplentes, e a escolhas da IA acabaram por ser mais inteligentes, ainda que não muito.

A verdade é que não me posso queixar com o resultado final. Com um plantel composto essencialmente por miúdos entre os 19-22 anos, 7º lugar na liga mais difícil do mundo não é nada dececionante. Com mais atenção aos planos de treino, melhor staff e alguns acertos, teria sido possível alcançar um pouco mais.

O save também prova o potencial de FM26. As táticas brilham, o motor responde, os wonderkids crescem se jogarem – a verdade é que nada disto é novo, apenas foi melhorado ou reconstruido do zero. Se fizermos o paralelismo a um carro, o motor (tático e de jogo) ronrona alto, mas a carroçaria (a user interface penosa) treme um pouco por todo o lado e mata a imersão. Talvez seja esse o intuito da equipa de produção, isto é, transformar o jogo numa experiência mais leve para os adultos que não têm tempo para jogar o jogo com o mesmo detalhe com que jogavam quando eram adolescentes (o meu caso, só que continuo preferir fazer saves lentos e jogar em detalhe). E se assim for, está tudo bem, embora para mim seja um turn-off.

A verdade, no entanto, é que Football Manager 2026 continua o rei incontestável dos simuladores, ponto final. O motor Unity estabelece fundações para anos, as novas táticas também elevam a estratosfera, a inclusão do futebol feminino e do licenciamento da Premier League também são bem-vindas. Com patches para corrigir bugs, alguns mods da comunidade na UI (como os habituais facepacks realistas, e até custom kits) a experiência pode melhorar imenso, só que, por agora, é apenas isso: Potencial.

Cópia para análise (versão PC) cedida pela Ecoplay.

Echo Boomer
Echo Boomer
Sou o "bot" de serviço do Echo Boomer e dedico-me ao conteúdo mais generalista e artigos de convidados, bem como de autores que não colaboram regularmente com o projeto.
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