Torres Novas. Feira de Época deixou comerciantes com queixas medievais

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Apesar da boa organização do espaço, as tochas e os ancinhos foram virados contra a câmara municipal.

A Feira de Época “Memórias da História” aconteceu em Torres Novas, no passado fim-de-semana, entre 29 de maio e 2 de junho. O Echo Boomer esteve presente e, por entre muito entretenimento, bodegas (as conhecidas “tasquinhas” e “barraquinhas”) e representações teatrais de momentos marcantes da história da cidade torrejana, há muito por contar.

Houve espaço e atividades para todos

O recinto regressou em todo o seu esplendor, cobrindo a zona do Castelo, Praça 5 de Outubro e Jardim das Rosas, uma das grandes novidades do ano passado. Mas houve espaço ainda – trocadilho intencional – para melhorias em relação à edição de 2023.

Foi notável, um pouco por todo o recinto, a disposição e a arrumação das bodegas e barraquinhas de artesanato existentes distintas de anos anteriores. Isso fez com que todo o espaço parecesse maior, mais aconchegante, e permitiu uma circulação mais facilitada dos milhares de visitantes que passaram por Torres Novas nestes cinco dias de feira.

À semelhança da edição passada, também este ano a Feira de Época aconteceu durante o Dia da Criança. E foi, talvez, a pensar nos mais pequenos, que muitas atividades para toda a família tiveram lugar durante os cinco dias. Além disso, foram dezenas de representações históricas, pequenos workshops e demonstrações abertos à população torrejana, e não só. Entretenimento foi coisa que não faltou entre 29 de maio e 2 de junho.

Também a pensar nos mais novos, um dos pontos mais elogiados foi a entrega de pulseiras de identificação às crianças, onde os pais, ou responsáveis, puderam escrever os contactos, permitindo o reencontro em caso de perda da criança.

A zona interior do Castelo ficou reservada para as atividades, ao contrário de anos anteriores, em que era possível encontrar uma ou outra bodega de restauração por lá, o que, a nosso ver, é uma melhoria. O Postigo da Traição continua a ser um dos pontos altos, atraindo centenas de pessoas por noite que são assustadas por muitos voluntários no tão conhecido túnel que leva à parte por trás do Castelo. Contudo, há ainda melhorias a fazer no que diz respeito à fila, que chega a dar a volta a toda a zona jardinada do monumento.

Comerciantes põem em causa a participação em próximas edições

Se em termos de público não houve queixas a apontar, podendo, até, ser uma das edições de maior sucesso de sempre, já no que diz respeito aos comerciantes, isso é outra conversa.

Em conversa com vários comerciantes da zona da restauração, as queixas foram unânimes, prendendo-se, maioritariamente, com as regras restritas a cumprir. Acontece que este ano – não temos conhecimento de terem sido iguais em anos anteriores – o realismo foi levado ao extremo e vários itens foram proibidos de serem vendidos, ou até de estarem à mostra, como o caso das máquinas de pressão (que tinham que estar disfarçadas), óculos de sol ou telemóveis.

Café, açúcar, refrigerantes de lata, batatas frita, e, até, garrafas de água ou chocolate. Uma lista vasta de alimentos que, como foi explicado ao Echo Boomer por vários comerciantes, estavam “banidos por não existirem na época“. Isto fez com que alguns dos estabelecimentos – que, relembramos, pagam para funcionar na Feira – tivessem que rever o stock que poderiam vender. No caso das águas, as garrafas eram entregues dentro de pequenos sacos de papel; e a remoção do chocolate dos menus fez com que muitas iguarias tivessem que ser retiradas dos doces menus da Feira.

Um dos comerciantes foi ainda mais longe, ao queixar-se que não podia vender batatas fritas durante a duração da Feira, apesar de ser uma parte integrante, e importante, do menu que têm disponível o ano todo.

Na lista de itens banidos estava também o serviço MBWay, pela mesma razão. Aparentemente, telemóveis à vista junto às bodegas iam contra o realismo exigido pelo município. Porém, continuava a ser possível pagar com Multibanco, como chegámos a ver – provavelmente as trocas comerciais no século XIII eram feitas com recurso a cartão de débito.

Compreendemos a ideia de querer parecer o mais realista possível – afinal, é uma das melhores feiras medievais da Península Ibérica. Contudo, na nossa opinião, a partir de um certo ponto, deixa de ser zelar pelo realismo e passa a ser exagero.

Além da lista de banimentos, houve questões financeiras, como o pagamento antecipado de uma caução que poderia, ou não, ser devolvida. Um dos motivos para a não devolução da caução prendia-se com a passagem de “inspetores”, que, a qualquer momento, poderiam chegar a um balcão e verificar se as regras estavam a ser cumpridas.

Recordamos que todos os testemunhos que estão neste artigo foram recolhidos diretamente com comerciantes da zona da restauração, que pediram, obviamente, anonimato e deram permissão para que os mesmas fossem contados neste artigo. Ficamos a aguardar uma possível resposta por parte da Câmara Municipal, que abriu um formulário online para que os munícipes possam dar a opinião sobre o evento.

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