Exhausted Man

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Levanta-te e mexe-te. Tu consegues.”

Os protagonistas de Exhausted Man são o reflexo perfeito de como é fácil sentirmo-nos cansados no dia-a-dia, especialmente quando estamos desmotivados ou os níveis de stress e ansiedade nos petrificam. É, simplesmente, difícil de existir. E por extensão, de nos movermos.

Pegando nesta premissa deprimente, Exhausted Man, da Candleman Games, apresenta uma versão absurda, cómica, interativa e, acima de tudo, desafiante, com reviravoltas interessantes num jogo pode ser muito divertido para alguns, ou um enorme pesadelo para outros.

Se tivesse que descrever rapidamente Exhausted Man, diria que é um jogo perfeito para sessões de streaming, com audiências e interatividade de uma audiência motivadora. À semelhança de jogos baseados em física e no controlo individual dos membros da personagem, como QWOP, Octodad ou Surgeon Simulator, o jogador não está apenas perante desafios propostos pelo jogo, mas está ativamente a jogar contra o mesmo, onde objetivos como “colocar uma chávena em cima da mesa” é uma jornada de proporções épicas e humoristas.

Os controlos são simples, com botões dedicados a cada um dos membros da nossa personagem, e cabe-nos a nós perceber como movê-los espacialmente, através da posição da personagem e da câmara – um aspeto que apimenta o nível de dificuldade num conceito extremamente simples, assim como a absurdidade da preguiça e exaustão da personagem.

Sempre senti algum magnetismo por objetivos de jogos chatos, ou que testam a nossa paciência sem que tenhamos um game over imediato. Objetivos como subir montanhas e colinas em The Legend of Zelda: Breath of the Wild/Tears of the Kingdom, enquanto fazemos gestão de stamina; subir as montanhas nos mapas abertos de Mass Effect 1 com o Mako; ou fazer missões em Death Stranding, que novamente envolvem montanhas. Porque jogar Exhausted Man, embora não seja imediatamente claro, é mesmo como subir uma montanha virtual, com alguns nervos à flor da pele.

Também curiosas são as formas como os objetivos nos são atribuídos. Não estamos perante um jogo de níveis tradicionais, mas por algo fluido, orgânico e imprevisível, uma vez que é dado algum nível de agência e interação. É o jogador que escolhe o que quer fazer a seguir. Seja arrumar o quarto, ligar o computador, mandar um email, etc. Esses objetivos são-nos atribuídos com cartas, com diferentes atributos, e entre cada “missão” dessas, temos que preencher o cenário com decoração, mobília e outros adereços que podem afetar a nossa mobilidade pelo ambiente, ou até serem uma mais-valia. E não dá como evitar.

Estes momentos entre níveis/missões são como elementos estratégicos aleatórios que tornam o jogo sempre novo e divertido porque afetam de imediato a nossa forma de jogar. Será que meter uma cadeira no meio do quarto pode ser um obstáculo? Ou uma ajuda para subir para uma nova zona?

Estas decisões também abrem as portas a mini-jogos após completar os objetivos. Mini-jogos esses que entram no campo do surrealismo, mais aprimorados e apelativos que servem de mini-puzzles/bosses, ainda que sejam, por norma, mais fáceis de completar que o objetivo primário.

Exhausted Man não é muito imperdoável. A falta de jeito e, por extensão, a nossa paciência enquanto jogador, é o que dita o nosso game over e a vontade de recomeçar ou experimentar outra estratégia, atribuindo ao jogo um novo nível de rejogabilidade.

O charme de Exhausted Man não está apenas nas suas físicas tolas e imprevisíveis, ou os seus objetivos semi-aleatórios, mas também na sua apresentação geral, com uma direção de arte adorável e redondinha, onde tudo parece feito de plasticina e de tecido, das personagens, aos adereços, ao ambiente, com uma coesão impecável. O desempenho do jogo também enaltece a sua apresentação graças à sua fluidez, às animações e ao comportamento imprevisível da física, dando um ar vivo e dinâmico à experiência.

Exhausted Man entra naquele campo do jogo que não é para todos, no sentido em que vai testar a paciência dos jogadores mais impacientes ou que se frustram com facilidade. Não estamos perante uma dificuldade à “Soul”, de morrer e repetir, mas de uma dificuldade de equilíbrio e de esforço, qualidades que, para lá de uma injeção de energia, no fim do dia todos precisamos para lutar contra a nossa exaustão psicológica.

Exhausted Man está disponível para PC, PlayStation, Xbox e Nintendo Switch.

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Cópia para análise (versão Xbox) cedida pela Candleman Games.

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