Depois do anterior ensaio ao BMW 218d, tive, novamente, um veículo da marca a meu cargo, neste caso o BMW 225xe iPerformance Active Tourer.
A primeira coisa que me saltou à vista é que, realmente, este BMW 225xe não se parece com nenhum dos outros modelos da fabricante alemã, tirando, claro, a sua grelha frontal característica da marca, e o conjunto de faróis. E exteriormente fica por aí, o que fez com que, à data do seu lançamento, surgissem logo alguns céticos a exclamar que não se tratava de um BMW.
Porém, quando se entra dentro do mesmo, aí sim, é tudo BMW. Desde a consola, à qualidade dos materiais, qualidade de construção, nada do que se espera de um BMW falta neste modelo. E quando se dá à chave, ou melhor, quando se prime o botão de Start, começamos rapidamente a perceber que esse ceticismo não tem razão e que se trata, efetivamente, de mais um modelo da marca da Baviera.
Por ser o modelo híbrido plug-in, também possui emblemas eDrive nos pilares C, além de emblemas iPerformance nos para-lamas dianteiros, atrás das rodas. O para-choques dianteiro esquerdo também abriga a porta de carregamento, que está escondida atrás de uma porta, exatamente como a que esconde o acesso ao depósito de combustível.
Achei-o muito espaçoso para sentar, com assentos surpreendentemente confortáveis. Gostei do excelente ajuste e acabamento, mas já não gostei assim tanto da posição do pilar frontal que, por vezes, limita um pouco a visão. No entanto, isso pode estar relacionado com a posição de condução escolhida por mim, pelo que nada como testarem para comprovar se sentiram o mesmo.
A experiência de condução também é muito boa, mas, novamente, não muito parecida com a BMW. Funciona como um dos modelos maiores da linha MINI, e isso não é por acaso, uma vez que todos eles usam uma arquitetura partilhada (modular).
Este ensaio também se tornou ainda mais agradável graças à sua força híbrido plug-in, que funciona de maneira muito suave e sem interrupções. Isto permite que altere o seu caráter de silencioso cruiser para um mais ruidoso, mas agradável, som do turbo, que o faz avançar pela estrada com prestações bastante interessantes para o segmento.
O Série 2 Active Tourer possui várias particularidades internas que o tornam único, mesmo entre outros veículos similares: o apoio de braço central dianteiro pode ser levantado e, por baixo, há uma pequena bandeja onde se pode aceder facilmente ao telefone ou carteira.
Depois, há o cubículo na consola central – geralmente sob a consola central, ou entre ele e o túnel de transmissão, mas aqui realmente divide a consola central ao meio. Eu não vi essa solução em nenhum outro carro, mas facilita muito o alcance do que se coloca lá – o espaço em si é profundo e cavernoso o suficiente para que se possa armazenar um par de óculos com segurança, ou até colocar umas chaves sem que andem a tilintar de um lado para o outro.
O 225xe iPerformance é alimentado por um motor de três cilindros turbo de 1,5 litros que aciona as rodas dianteiras através de uma caixa automática de seis velocidades. Já o motor elétrico aciona as rodas traseiras.
O motor elétrico, que produz 88 cavalos de potência métricos e 165 Nm, aumenta a potência de pico do carro para 224 cavalos de potência combinados. Isto faz com que este modelo consiga ir dos zero a 100 km/h em 6,7 segundos e atingir uma velocidade máxima de 202 km/h.
Mas os números não fazem justiça à experiência de conduzir o 225xe. O carro dispara instantaneamente a qualquer velocidade e qualquer rpm do motor de combustão, já que o motor elétrico está sempre à mão para fornecer o máximo de esforço. Às vezes, pressionando o acelerador e, antes que o turbo tenha tempo de acordar, o carro começa a acelerar – quando o motor é ligado, a aceleração aumenta de maneira linear.
No entanto, e embora seja curioso, mas não surpreendente, o 225xe não parece particularmente rápido ao condutor, e é, definitivamente, o tipo de carro que necessita de um olhar constante no velocímetro para não violar a lei. É realmente silencioso na maioria das vezes e, mesmo quando os três cilindros ganham vida, apenas se ouvem em rotações muito altas. A BMW fez realmente um bom trabalho em isolar o habitáculo.
Na estrada, o 225xe destaca-se por ter uma direção super precisa. Porém, não é o BMW mais divertido de conduzir. Às vezes parece difícil fazer a transição ao lidar com sucessões de curvas, e isto deve-se ao facto de pesar 1.735 kg.
Em termos de consumo, e não tendo feito nenhuma carga, e, por isso, tendo apenas utilizado a autonomia de cerca de 40-50km do motor elétrico, com as regenerações que o 225xe foi fazendo em travagem e desaceleração, num misto de autoestrada, citadino e estrada nacional, fiquei-me pela média de 8 litros por cada 100km percorridos. Usei o modo Sport, Comfort e o Eco, sendo que, na maior parte do tempo, o modo mais utilizado foi o Comfort.
Em resumo, e embora o 225xe possa ser visto como caro e meio inútil para a maioria dos compradores que preferem obter uma versão mais barata com menor potência, é um carro que fará todo o sentido para aqueles compradores que têm acesso a um carregador elétrico. Pode não chegar nem perto do alcance de autonomia dos carros exclusivamente elétricos da BMW, mas faz cerca da metade sem esforço.
Conduz-se bem, tem um design apelativo q.b. e pode transportar quatro pessoas com bastante conforto, mesmo em viagens mais longas. É prático, único e conta com tecnologia de topo, o suficiente para justificar seu preço, mas duvido que muitos optem pelo modelo iPerformance quando a BMW oferece ótimas opções convencionais de gasolina e diesel.
É ótimo para uma família pequena que procura um veículo híbrido premium, especialmente se tiver um carregador doméstico ou acesso fácil a um.
Alguns irão simplesmente evitá-lo com base no seu design, que não é, de longe, tão atraente quanto o de qualquer outro BMW da linha. Mas para um nicho em particular, prova ser um ótimo veículo que dará gosto de conduzir, especialmente na cidade.
A versão ensaiada tinha um lindíssimo Branco Mineral metalizado, barras de tejadilho em preto e frisos exteriores Shadow Line. Trazia também o pack Line Sport, Innovation, Connectivity e Business Plus. No final de tudo, para trazerem este veículo do stand, têm de pagar algo como 51.600€, com um benefício fiscal de 1346€.
Caro João,
Obrigado desde já pelo seu comentário, como pode ler na minha review eu indico : “Em termos de consumo, e não tendo feito nenhuma carga, e, por isso, tendo apenas utilizado a autonomia de cerca de 40-50km do motor elétrico, com as regenerações que o 225xe foi fazendo em travagem e desaceleração, num misto de autoestrada, citadino e estrada nacional, fiquei-me pela média de 8 litros por cada 100km percorridos. Usei o modo Sport, Comfort e o Eco, sendo que, na maior parte do tempo, o modo mais utilizado foi o Comfort.”
Claro que não tendo feito nenhuma carga, os consumos foram maioritariamente do motor a combustão. Acredito que apenas em ambiente citadino e podendo carregar o veículo os consumos descem consideravelmente e logo por isso foi feita essa ressalva no artigo.
Cumprimentos
Bom dia
Tenho um 225xe de fins de 2019.
Os meus consumos em nada são semelhantes aos seus.
Para quem lê o seu artigo há-de pensar…8 litros/100km…hum
Posso-lhe dizer, que em estrada e já sem elétrico, a minha média ronda os 4 litros. Claro em condução equilibrada.
Nos cerca de 9000km que tenho, muito por conta de 80% cidade, a minha média está nos 0,8l/100.
Sim eu disse menos de 1 litro.
Excelente carro.
Cumprimentos
João Bonaparte