Investigadores portugueses descobriram processo para reciclar infinitamente plásticos usados no fabrico de garrafas

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Estima-se que cerca de 4900 milhões de toneladas de polímeros estejam acumuladas em ambientes naturais, terrestres e aquáticos, nomeadamente os PETs.

São 400 milhões as toneladas de plástico produzidas anualmente, mas só cerca de 10% são recicladas por não existirem técnicas eficazes para as reciclar. Trata-se de plásticos feitos de polímeros como o PET, muito utilizados em garrafas que são descartadas após uma única utilização ou reciclado um número limitado de vezes já que o processo tende a diminuir a performance do material.

Esta limitação leva a que a maioria dos plásticos acabe em aterro, ou disperso, contribuindo para graves problemas ambientais, além de requerer um maior consumo de recursos fósseis para produzir mais matérias-primas. A necessidade de contribuir para um desenvolvimento mais sustentável, reduzindo o impacto ambiental, e o consumo de recursos, exige uma revolução social e técnica, em primeiro lugar via a redução e consumo inteligente de plástico, e, por outro lado, é premente o desenvolvimento de novos processos de reciclagem que permitam a reutilização destes materiais, no âmbito do conceito geral da Economia Circular.

Na Universidade de Aveiro (UA), uma equipa de investigadores, constituída por Andreia F. Sousa, Beatriz Agostinho e Armando Silvestre, descobriu um processo simples e inovador que permite reciclar infinitamente os PETs e, com isso, ajudar a solucionar a imensa poluição do planeta com plástico contribuindo assim para o desenvolvimento da Economia Circular e para um desenvolvimento mais sustentável.

Processo simples, rápido e infinito

O trabalho dos investigadores demonstra ser possível reciclar poliésteres com o recurso a solventes eutécticos, uma mistura de dois ou três compostos químicos que têm um ponto de fusão mais baixo do que os componentes originais, oferecendo vantagens como baixa toxicidade, biodegradabilidade, sustentabilidade e preparação simples. O uso desses solventes no processo, descobriu a equipa, introduziu uma grande novidade que é o facto de o processo ser realizável num único passo, para além de ser muito simples e poder ser repetido infinitamente.

Antevê-se, com o trabalho concertado desta equipa, um extenso campo de melhoramento deste processo, não só pela aplicação de novos solventes eutéticos, bem como pela otimização e extensão deste processo a outros polímeros de origem fóssil (para além dos PETs) e renovável, no que será, anteveem os investigadores, “uma contribuição essencial para a circularidade destas famílias de polímeros e para o desenvolvimento sustentável deste sector”.

A coordenadora Andreia F. Sousa espera que o trabalho agora publicado com honras de capa na prestigiada revista científica Green Chemistry “possa ser um contributo para resolver um problema global”. Dada a importância do trabalho, a revista selecionou mesmo o estudo da UA para figurar entre os 30 de uma coleção especial da Green Chemistry, o 2022 HOT Green Chemistry article.

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