É necessário cuidar da saúde animal e ambiental para evitar futuras pandemias, alertam especialistas

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Adoção da abordagem One Health (Uma Só Saúde) em Portugal é crucial.

A importância de cuidar da saúde animal e ambiental para otimizar a saúde pública e evitar futuras pandemias, como a Covid-19, através da adoção da abordagem One Health (Uma Só Saúde), será o foco do XVII Congresso Internacional Veterinário Montenegro, que reunirá cerca de 2000 profissionais de saúde, em Santa Maria da Feira, nos dias 22 e 23 de outubro.

De acordo com um relatório recente da World Wide Fund for Nature (WWF), existe uma forte probabilidade de surgirem novas pandemias transmitidas por animais, a menos que se tomem medidas urgentes. As más normas de segurança alimentar estão a aumentar, como o comércio e consumo de animais selvagens, potenciando a exposição a patologias, dando origem todos os anos a três ou quatro novas doenças zoonóticas (algumas muito graves como o VIH/Sida, a Síndrome Respiratória Aguda e a Covid-19). O risco de surgir uma nova pandemia “é mais alto do que nunca”, com o potencial de voltar a causar o caos na saúde, nas economias e na segurança global, como aconteceu no caso da disseminação do vírus SARS-CoV-2.

Luís Montenegro, diretor clínico do Hospital Veterinário Montenegro e presidente do congresso, explica que “o comércio e consumo de animais selvagens, a desflorestação, a expansão da agricultura extensiva e a intensificação insustentável da produção animal conduzem ao aparecimento de zoonoses. Neste sentido, é fundamental reforçar o impacto que a saúde animal pode ter na saúde humana, sem descurar a saúde ambiental, e de que modo estas podem coexistir entre si, através da introdução da abordagem One Health, em Portugal”.

A One Health, já praticada em vários países do mundo, coloca os três setores da saúde – humana, animal e ambiental – em contacto entre si, com o propósito de garantir os seguintes objetivos: melhorar a segurança dos alimentos de origem animal dirigidos ao consumo humano; melhorar a vigilância, o controlo, a prevenção e a avaliação do risco associado à disseminação de doenças infeciosas transmissíveis dos animais para os humanos; e implementar medidas que visem a redução da aplicação de antibióticos em animais para evitar problemas graves de resistência a esses fármacos em humanos.

No caso dos animais de companhia, grande parte das doenças que estes transmitem às pessoas que com eles coabitam, podem ser evitadas através de regras básicas de higiene e segurança. A prevenção dessa transmissão alicerça-se através de medidas e políticas que deverão envolver um trabalho conjunto de médicos, médicos veterinários e especialistas em saúde ambiental.

Luís Montenegro apela às entidades políticas e autoridades de saúde nacionais, para a urgência de se adotar o conceito One Health no nosso país, para alcançar um futuro mais sustentável. “Em vez de se observar uma multiplicação de recursos e de práticas, passa a observar-se uma única escola de saúde – um espaço coabitado por várias medicinas – construída com pilares interdisciplinares, optimizadores de recursos, inclusivos e cooperativos. Esta abordagem depende de uma reorganização das instituições e dos serviços que devem trabalhar para o mesmo fim.”

Para obter intervenções bem-sucedidas, é necessário a cooperação de profissionais de saúde humana (médicos, enfermeiros, profissionais de saúde pública, epidemiologistas), de saúde animal (médicos veterinários, enfermeiros veterinários, trabalhadores agrícolas), do meio ambiente (ecologistas, especialistas em vida selvagem) e de outras áreas de especialização.

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