The Underdoggs acaba por não justificar uma recomendação.
Ao entrar para The Underdoggs, mantive expetativas baixas, antecipando mais uma história formulaica de triunfo contra todas as probabilidades… a típica história de ‘underdog’, do ‘não-favorito’. Neste caso, trata-se de um ex-jogador da NFL a tentar relançar a sua carreira, que precisa de treinar uma equipa jovem de rugby para evitar uma sentença na prisão. Com um elenco e equipa técnica carentes de grandes nomes – pelo menos do mundo do cinema – tinha esperanças por uma narrativa que não me deixasse arrependido do tempo investido na mesma. Infelizmente, embora Charles Stone III (Uncle Drew) evite os abismos da verdadeira mediocridade, o realizador também não consegue transcender as barreiras genéricas do respetivo género, além de níveis exacerbados de profanidade.
The Underdoggs desenrola-se previsivelmente, pecando por falta da criatividade necessária para cativar um espetador experiente neste tipo de histórias. Contudo, não é um problema surpreendente, muito pelo contrário. Danny Segal e Isaac Schamis são responsáveis pelo argumento extremamente superficial que cai numa armadilha de contar histórias bastante comum: navega por tópicos sensíveis com uma falta preocupante de profundidade, superficializando as dificuldades das personagens provenientes de meios desfavorecidos. Em vez de explorar as suas experiências, o filme passa mais tempo na mansão opulenta do protagonista, um cenário estático que não demonstra o quanto o personagem supostamente muda ao longo do filme, do que com os miúdos, que enfrentam inúmeros problemas pessoais e familiares.
A trajetória de redenção no centro de The Underdoggs segue uma trajetória linear desapontante, desprovida da nuance necessária para um crescimento genuíno do personagem principal. Em vez de passar por uma transformação gradual, a mudança do protagonista parece forçada, impulsionada mais pela conveniência do enredo do que por um desenvolvimento autêntico. O suposto altruísmo no ato final soa oco, obscurecido pelas motivações guiadas pela fama que alimentaram as suas ações anteriores. Além disso, a representação da sua ex-namorada é prejudicada por um guião horrivelmente datado – é pouco mais do que uma paixão antiga que ainda atrai o protagonista anos após o fim do relacionamento.
A profanidade incessante salpicada ao longo do diálogo diminui ainda mais o apelo da obra, tornando-o quase inadequado para visualização caseira. Desde o consumo de álcool por menores – esta é a forma mais simpática de descrever a cena em questão que é bastante chocante – até às asneiras constantes, The Underdoggs envia mais mensagens negativas do que positivas, alienando um público potencialmente mais amplo. Um daqueles casos em que começa por ser algo divertido e vai-se tornando cada vez mais intolerável. Tecnicamente, o ADR encontra-se mal sincronizado com o movimento facial dos atores demasiadas vezes para se perdoar.
Apesar destas falhas, as prestações são surpreendentemente decentes, incluindo a de Snoop Dogg (Day Shift). As sequências de rugby emergem como o ponto alto de The Underdoggs, capturando a emoção e diversão das competições juvenis. A química entre os jovens é o destaque claro de um filme altamente esquecível.
VEREDITO
The Underdoggs acaba por não justificar uma recomendação. São demasiados problemas para ignorar numa história já por si bastante genérica e formulaica que nunca convence o espetador do comportamento redentor e altruísta do protagonista. A química palpável do elenco juvenil merece elogios, mas o nível extremo e desnecessário de profanidade infindável, uma sequência chocantemente longa motivada por álcool e tantas outras mensagens terríveis para o público jovem tornam esta obra numa experiência cinematográfica a evitar.