The Accidental Getaway Driver tem muitos momentos de pura honestidade e cordialidade, onde Sing J. Lee explora como os relacionamentos profundos com outras pessoas são uma necessidade humana.
Este ano, as minhas escolhas para a cobertura online do Festival de Cinema de Sundance poderiam ter sido melhores. Infelizmente, ao longo da semana, perdi alguns filmes muito elogiados pela maioria da audiência. Além disso, não consegui sair do meio termo no que toca a filmes mais divisivos, o que deixou The Accidental Getaway Driver – a minha última escolha – com a difícil “tarefa” de me impressionar, algo que nenhum outro filme foi capaz de fazer até agora. E o cineasta Sing J. Lee deu-nos uma premissa bastante interessante, algo que me deixou bastante satisfeito.
The Accidental Getaway Driver começa como um filme policial baseado numa história real sobre uma situação de reféns que envolve um motorista de táxi, Long Ma (Hiep Tran Nghia), e três criminosos: Tay (Dustin Nguyen), Aden (Dali Benssalah) e Eddie (Phi Vu). O primeiro ato do filme concentra-se em montar tudo e apresentar os personagens, chegando rapidamente ao ponto principal da ação. Long Ma acredita que só vai ajudar alguém que precisa de boleia fora do horário de expediente até perceber que algo mais está a acontecer. O início do filme é eficiente em chamar a atenção do espetador para um desenvolvimento lento, algo que pode surpreender algumas pessoas.
Long Ma e Tay são, sem dúvida, o coração e a alma de um drama convincente entre pai e filho que se desenrola ao longo dos segundo e terceiro atos. Duas pessoas em diferentes fases da vida que cometeram erros no passado a lidarem com as consequências solitárias de tais arrependimentos. Sing J. Lee explora como os relacionamentos profundos com outras pessoas são uma necessidade humana, ao mesmo tempo em que transmite uma mensagem de que pessoas boas podem fazer coisas más, e vice-versa. As pessoas não devem ser definidas pelos seus erros, mas sim pela forma como lidam com eles. The Accidental Getaway Driver tem muitos momentos de pura honestidade e cordialidade.
O último ato oferece um final emocionalmente agridoce que poderia ter sido muito mais impactante se não fosse pela jornada que o antecede, extremamente longa e cansativa. The Accidental Getaway Driver não só demora demasiado tempo a transmitir os seus pontos, como repete essas mensagens através de diálogos semelhantes em cenas monótonas. Dito isto, um filme dirigido por personagens precisa de performances poderosas, que Hiep Tran Nghia e Dustin Nguyen oferecem. A química deles está no ponto, elevando todo o filme.
É muito raro ver críticos darem aos seus leitores uma noção de seu humor e expectativas ao entrar num filme. A verdade é que as circunstâncias da vida podem afetar profundamente o prazer de assistir a um filme. Assistir a The Accidental Getaway Driver como o 14º filme numa semana em que tive de equilibrar o meu trabalho diário com a cobertura do Sundance Festival não é exatamente a melhor condição para assistir ao filme brilhantemente realizado de Sing J. Lee. Nesta fase do festival, um filme de desenvolvimento lento dificilmente me deixaria boquiaberto, então queria terminar esta crítica da forma mais honesta possível ao dizer que The Accidental Getaway Driver provavelmente merece mais do que a nota que lhe estou a dar.
