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Role Play adere às expetativas, tanto boas como más. Enquanto as principais interpretações, especialmente a de Kaley Cuoco, dão vida às personagens, a maioria do elenco secundária tropeça nos diálogos pouco inspirados.

No mundo do cinema, as expetativas podem ser tanto uma bênção como uma maldição. Enquanto me acomodava no sofá para assistir a Role Play, uma obra com uma premissa de algum potencial, preparei-me para um momento de escapismo direto e formulaico, ciente de que o melhor que poderia receber seria uma visualização inofensivamente divertida. O meu interesse era maioritariamente alimentado pela presença de Kaley Cuoco, cuja prestação em The Big Bang Theory – uma das minhas sitcoms favoritas – despertou em mim o desejo de testemunhar a sua eventual versatilidade. O que se desenrolou no ecrã foi precisamente o que esperava, para o bem e para o mal.

Role Play não conta uma história que não tenhamos visto antes, misturando os géneros de espionagem, thriller, ação e comédia. Emma (Cuoco) e Dave (David Oyelowo) têm uma vida aparentemente perfeita como um casal junto há sete anos. No entanto, Emma leva uma vida secreta que Dave desconhece, escondendo o facto de que trabalha como assassina internacional, com uma recompensa ativa pela sua captura. O argumento de Andrew Baldwin (The Outsider) e Seth W. Owen (Morgan) não se desvia das fórmulas habituais, sendo um filme previsível e convencional, mas com um tom consistentemente leve.

À medida que a narrativa se desenrola, as gargalhadas tornam-se elusiva, mas o envolvimento mantém-se devido ao ritmo rápido do cineasta Thomas Vincent (The New Life of Paul Sneijder). Apesar de um formula narrativa pouco imaginativa e genérica, Role Play tem as suas ideias executadas com uma eficiência louvável. A nível de tom, não dá para criticar a obra de ser enganadora ou inconsistente, pois mantém a atmosfera conscientemente tonta até ao final. Não é realmente notável em nenhum aspeto específico, mas cumpre o seu propósito.

Cuoco e Oyelowo (See How They Run) são bastante competentes, injetando a química, o bate-boca e o romance necessários em Role Play. A atriz, em particular, tem uma presença forte e encantadora. No entanto, uma certa desilusão surge ao perceber que o seu alcance emocional permanece largamente inexplorado. Cuoco apresenta uma habilidade clara para explorar sentimentos mais profundos sem grande esforço, deixando a desejar por uma representação mais emocionalmente carregada, mas o diálogo nunca permite essa exposição.

Em contraste, o elenco secundário encontra mais dificuldades para se libertar das performances desinspiradas. A exceção é o sempre carismático Bill Nighy (Living), que abrilhanta o ecrã com alguns minutos extremamente cativantes na melhor sequência de Role Play. Infelizmente, o impacto geral do restante elenco é prejudicado pelo diálogo desajeitado. Além disso, como em qualquer filme, surgem pequenos problemas lógicos, neste caso, sobre as motivações da protagonista e a ocorrência tardia de certos pontos de enredo. Essas lacunas, embora percetíveis, não comprometem a desfrutação geral, especialmente considerando a natureza descontraída do filme. É o tipo de obra que desencoraja uma análise aprofundada, pois visa entregar precisamente o que prometeu, mesmo que esteja apenas a emprestar inúmeros elementos de centenas de outros filmes.

Por isso mesmo, prevejo que Role Play levará espetadores, incluindo críticos, a cair na armadilha de assistir à obra com base no que acham que esta deveria ser, em vez de interpretar a mesma tendo em conta o que o realizador, argumentistas, produtores e elenco realmente criaram. Quem deseja que a premissa siga um caminho mais sombrio, sangrento e violento que os criadores nem sequer pensaram em explorar acabarão inevitavelmente desapontados, apesar de todos os produtos de marketing claramente retratarem o tom obviamente cómico do filme, evitando promessas enganadoras. É um “mistério-espionagem-thriller” familiar que abraça todos os seus elementos sem se levar demasiado a sério. E não há nada de errado com isso.

VEREDITO

Role Play adere às expetativas, tanto boas como más. Enquanto as principais interpretações, especialmente a de Kaley Cuoco, dão vida às personagens, a maioria do elenco secundária tropeça nos diálogos pouco inspirados. A narrativa, embora formulaica e previsível, mantém um ritmo animado, assegurando o interesse contínuo dos espetadores. Outros problemas vão surgindo, mas são compensados até certo ponto pelo compromisso do cineasta em proporcionar uma experiência descontraída e com entretenimento suficiente para oferecer a famílias pouco mais de hora e meia sem demasiada seriedade.

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