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Quasi funciona como entretenimento para aqueles dias chuvosos em que não existe vontade de fazer mais nada a não ser assistir a muita parvoíce durante hora e meia.

Nem todos os cinéfilos conhecem Broken Lizard, uma trupe de comédia constituída por Jay ChandrasekharKevin HeffernanSteve LemmePaul SoterErik Stolhanske. Estes amigos produzem, escrevem e atuam nos seus próprios filmes, sendo os dois primeiros habitualmente os realizadores. Este pedaço de informação técnica é importante, pois Quasi não é uma obra cinematográfica dita “normal”. Apesar de adaptar uma história mundialmente reconhecida – The Hunchback of Notre-Dame – este filme não foge da visão peculiar que está presente em todas as obras provenientes desta equipa.

Quasi é mais uma sátira cómica que não segue as “regras” comuns do cinema, pelo que o público-alvo é muito restrito. Por exemplo, o facto desta história se passar nos tempos medievais em França não proíbe piadas com referências aos dias de hoje. Isto não é um erro de lógica narrativa, mas uma forma de, lá está, satirizar comportamentos, tendências e tradições, sejam do passado, presente ou futuro. Pessoalmente, considero que esta obra não é mais do que um conjunto de sketches inofensivos feitos por pessoas que simplesmente se querem divertir com uma câmara, guarda-roupa de época e uns quantos efeitos práticos.

Referi o público-alvo reduzido, pois o ambiente surrealista não é algo que o espetador comum normalmente tolere muito bem. Existe uma procura incessante de tentar explicar o sentido de tudo o que acontece no ecrã, mesmo em filmes propositadamente ambíguos. Não é por acaso que obras com múltiplas interpretações e finais em aberto geram frequentemente muita divisão. Quasi é daqueles filmes parvinhos com um determinado tipo de humor que apenas agrada não só a uma audiência muito específica, mas que necessita de ser visto com uma certa mentalidade e disposição para tal.

A probabilidade de espetadores se sentirem tremendamente ofendidos e desrespeitados com Quasi é enorme, principalmente nos dias de hoje onde a comédia, no geral, caminha pela corda bamba sempre que lida com temas mais sensíveis. Aqui, piadas misóginas, racistas, xenófobas e dezenas de outros tipos de discriminação encontram-se ao virar de cada esquina. Estereótipos são levados para lá do limite através de sotaques ridículos e pronunciamento exagerado de certas palavras. Até cenas de bullying e tortura são levadas com total leveza.

Portanto, cabe aos espetadores conhecerem-se a eles mesmos melhor do que tentarem adivinhar se Quasi é um dos melhores ou piores filmes do ano, algo que nunca passou pelas mentes dos criadores que, repetindo-me, só se queriam divertir. O orçamento é, com certeza, minúsculo, mas tentam o melhor que conseguem com o que lhes é dado. Todos representam papéis duplos e é possível observar uma química palpável entre todos os membros do elenco, sendo que a mais experiente e conhecida Adrianne Palicki entende na perfeição as intenções dos cineastas.

É realmente difícil de analisar um filme como Quasi. Enquanto sátira, não creio que entregue algo suficientemente instigante para se destacar. Tal como referido acima, cumpre como uma mistura de sketches, uns mais engraçados que outros. O argumento afasta-se claramente da história original, pelo que também não oferece uma perspetiva diferente da mesma. É o mais próximo de um “filme de televisão” que podemos ter na conjetura atual de Hollywood. Não existe mal nenhum, mas pessoalmente, tenho dúvidas de que gere sequer qualquer tipo de burburinho.

VEREDITO

Quasi funciona como entretenimento para aqueles dias chuvosos em que não existe vontade de fazer mais nada a não ser assistir a muita parvoíce durante hora e meia. A trupe de comédia Broken Lizard junta-se para uma miríade de sketches satíricos desprovidos de qualquer lógica, exagerando sotaques, estereótipos e um período histórico com piadas que poderão ferir os mais sensíveis. Uma obra criada por amigos com a intenção de se divertirem e pouco mais. Recomendo a fãs de Broken Lizard, mas não consigo dar uma nota a um filme que em nenhuma altura pede para obter uma.

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