Crítica – Perry Mason (1ª temporada)

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Das mãos da HBO, chega este ano um remake da série clássica, originalmente lançada entre 1957 e 1966, que reconta a história de Perry Mason, um dos advogados mais famosos da cultura pop.

Perry Mason

Los Angeles, ano de 1932. Perry Mason e Pete Strickland são contratados por um advogado para resolver um caso bastante mórbido que envolve o rapto de um bebé de um ano, cujo propósito passa por extorquir os pais da criança. O enredo desenrola-se ao longo de oitos episódios de uma hora, que tiveram um custo de produção de 74,3 milhões de dólares.

Esta produção tem como base a obra literária que Erle Stanley Gardner criou em 1933 e, até à data da sua morte (em 1970), escreveu mais de 80 capítulos. Ao desenvolver esta personagem (Perry Mason) ao longo de tantos volumes, o foco de Gardner passou essencialmente por defender os mais desafortunados, com o objetivo de chamar à atenção para as condenações criminais injustas – que na altura aconteciam ainda com mais frequência.

Os livros foram um enorme sucesso em Hollywood, dando origem a inúmeros filmes. No entanto, foi só com a série (1957-1966) que Perry Mason começou a ganhar popularidade, dado que os filmes foram, na sua maioria, um fracasso. Para além deste formato, Perry Mason também passou pela rádio em emissões de quinze minutos, cinco vezes por semana, e em banda desenhada, em pequenos spots de jornais.

Voltando à mais recente produção da obra de Perry Mason, é importante salientar que a HBO optou por uma abordagem diferente que gerou pontos positivos, mas também negativos. Para começar, Mason é, inicialmente, nesta mini-série, detetive/investigador privado, algo que, na minha opinião, trouxe frescura à história, lembrando um pouco Sherlock. A decisão de começar desta forma ofereceu algumas bases para a abordagem que Mason faz enquanto advogado, mais para a frente na narrativa.

O clima Hollywoodesco com pitada criminal desenvolvido ao longo da temporada é bastante convincente, focando-se num ponto de vista mais sombrio, bastante gráfico e, de certa forma, psicológico. Isto torna mais fácil ficarmos intrigados com o desenrolar de acontecimentos e deixar-nos absorver pela história.

Perry Mason

Apesar de, às vezes, parecer um bocado aleatória a diversidade de personagens introduzidas, todas elas acabam por encaixar de certa forma na linha de acontecimentos. Para além disso, para oito episódios, as personagens foram, na sua generalidade, muito bem exploradas. A seleção do elenco ajudou bastante, para ser franco.

Matthew Rhys é Perry Mason e foi a escolha perfeita. A estrela de The Americans (que originou duas nomeações para Globos de Ouro e um Emmy) é misteriosa, vigorosa e prática, tudo o que Mason precisa para ter sucesso.

Tatiana Maslany, que se tornou célebre pela sua versatilidade enquanto atriz em Orphan Black (valendo-lhe um Emmy e uma nomeação de Globo de Ouro), renasce na pela de Sister Alice e surpreende com mais uma ótima performance, apesar de ter um protagonismo mais secundário.

Lili Taylor é Birdy McKeegan (mãe de Alice) e o seu desenvolvimento como atriz faz lembrar um bom vinho – só melhora com o passar do tempo. Quem se lembra dela em Six Feet Under ou X-Files (que lhe garantiram ambas nomeações para Emmy) e a vê agora nota assim mesmo. É um papel muito secundário, mas prova que ainda tem em si muito para oferecer ao cinema/televisão.

Com mais experiência temos John Lithgow (protagonizando ‘E.B.’ Jonathan), que é, provavelmente, a grande estrela da série. O ator com uma carreira recheada de êxitos (que contou com duas nomeações para Óscar, dois Globos de Ouro e seis Emmy) é a minha escolha para melhor representação.

Perry Mason

Temos ainda Shea Whigham como Pete Strickland, parceiro de Mason na investigação. O ator que foi estrela em Boardwalk Empire oferece valor acrescentado a esta série.

Semelhante a esse valor acrescentado, temos também Chris Chalk (participou em When They See Us) que protagoniza Paul Drake. Na minha opinião, esta personagem é muito importante para a série face ao movimento em moção de Black Lives Matter, oferecendo algum contexto histórico no que toca à discrepância social e de oportunidades entre os cidadãos afro-americanos e brancos.

No entanto, a série não é perfeita e o que mais a prejudica foi o que devia ter sido o seu ponto forte, para garantir que esta abordagem fazia esquecer mais de 50 anos de remakes fracassados. O problema é que a narrativa é tão densa que, por vezes, torna-se confusa (principalmente na transição investigador-advogado de Mason), dando a sensação que nos distraímos em algum momento, resultando na perda de informação relevante. Senti a necessidade de voltar atrás em alguns episódios para tentar perceber se alguma coisa me passou ao lado. Mas com a exceção desta pedra no sapato, não há falhas assinaláveis.

Perry Mason chega, assim, à HBO Portugal no dia 22 de junho com o selo de série de qualidade. Todavia, ficou a uma unha negra de ser das melhores produções deste ano. Apesar disso, é uma ótima aposta se forem fãs de séries de crime.

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