House of the Dragon não chega para fazer esquecer o desfecho desastroso de Game of Thrones

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Uma das séries mais aguardadas pelos fãs die hard de Game of Thrones não passa de uma viagem em velocidade cruzeiro sem paragens para visitar lado algum, na casa mais desinteressante do reino.

ESTA CRÍTICA PODE CONTER SPOILERS

Para quem não está familiarizado, House of the Dragon é um spin-off de Game of Thrones e começa durante o 9º ano de reinado do rei Viserys I Targaryen, 172 anos antes da morte do “Mad King” (Aerys Targaryen) e do nascimento de Daenerys Targaryen. Como tal, pode ser visto sem ver qualquer episódio de Game of Thrones antes.

Após ver os seis episódios que foram disponibilizados pela HBO (dos 10 que esta temporada vai ter), posso dizer que, até ver, apesar de existirem alguns pontos altos, personagens interessantes e um enredo com um potencial tremendo, esta temporada atropela-se a si própria e não dá tempo para o espetador absorver o pouco do que há para captar.

Não querendo dar spoilers sobre os acontecimentos específicos que me levam a fomentar esta opinião, preciso de revelar que, se há algo que me tira do sério nesta série, é o facto de quase 15 anos de conteúdo serem empacotados em seis episódios (todos os que foram disponibilizados à imprensa). Só para terem uma noção do quão apressado é, as oito temporadas de Game of Thrones desenrolaram-se ao longo de oito anos (quase metade). Seria de esperar que House of the Dragon tivesse um ritmo mais acelerado que GoT, mas a forma como está a ser feito gera inúmeros problemas.

Ainda que saibamos em que ano a série começa, facilmente perdemos noção dos anos que passam de episódio para episódio e não há muitas pistas do que aconteceu pelo meio e o que fez as coisas avançarem e mudarem. Neste constante salto de anos, para além do que é mostrado ser mal filtrado (havendo conversas sem sumo ou interesse e alguns momentos sem brilho completamente dispensáveis), é o facto de ser inglório tentar perceber as personagens, muitas das quais muito mal aproveitadas. Do 5º episódio para o 6º, o salto é tão grande que parte do elenco muda e perde-se a ligação emocional com grande parte das personagens.

Apesar da série ter parecido um pouco simplória desde o início, focada numa única linha de narrativa – a da sucessão no trono, até ao 3º episódio (inclusive) -, ficava a sensação que íamos ter mais e melhor. Ramificações que elevassem outras personagens ao nível de Viserys e Rhaenyra, mas o que se viu nesse 3º episódio acabou por ser inconsequente e, a partir daí, tudo o que de interessante se podia passar em torno da linha de narrativa principal resume-se a falas descritivas – ao invés de sermos presenteados com os momentos em si, de forma ilustrativa, como aconteceu nos primeiros três episódios.

Do 4º episódio para a frente, tudo o que acontece de interessante serve apenas para fazer a história correr mais depressa, tentando evitar “buracos” no enredo, por vezes de forma muito pouco natural. Nada do que nos é oferecido serve para pensar, guardar e esperar ser surpreendidos mais para a frente, é tudo direto: algo acontece, é revelado e exposto e imediatamente a seguir seguem-se as consequências. Os meios justificam os fins, mas os fins não dão tempo para os meios ganharem densidade.

No fim de contas, como já devem ter percebido, o grande problema acaba por ser a história em si. Isto porque, dentro da linha narrativa de quem vai suceder a Viserys, a escrita é tão frágil, básica e cliché que, a certa altura, dei por mim a não querer saber para quem é que o trono vai estar destinado e só queria que se focassem noutros acontecimentos ligados a isso, não diretamente. Desenganem-se, pois até ao 6º episódio (fora o que acontece no 3º), isso é tudo o que vamos ver – até as cenas mais chocantes surgem do nada, sem grande justificação, construção ou tensão.

Há coisas boas na série, tal como ser mais acessível a toda a gente, que proporciona uma entrada mais simples e facilitada para o universo de George R. R. Martin; ter atores interessantes tais como Milly Alcock e Emma D’Arcy (Rhaenyra Targaryen) e Matt Smith (Daemon Targaryen); e oferecer um bom entretimento pelas diversas sequências com dragões presentes.

Por outro lado, tudo o que há de bom não compensa (nem de perto) tudo o que falta de bom, que basicamente foi o que cativou quem viu Game of Thrones. Não tenho dúvidas que, a nível de escrita, House of the Dragon é superior à última temporada de GoT, mas não é superior o suficiente para fazer esquecer o desfecho desastroso da série mãe.

Ainda que as coisas não tenham começado da melhor forma e esta temporada já se tenha atropelado a si própria inúmeras vezes, ainda há tempo para remediar a situação e corrigir o rumo, desenvolver conteúdo, acalmar o ritmo e fazer as pessoas esquecerem-se da 8ª temporada de GoT. Resta saber se os últimos quatro episódios da primeira temporada são suficientes para isso porque, a este ritmo, para chegar ao nível épico da série mãe, vai ser preciso muito mais.

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1 Comentário

  1. Que review terrível… pouco diz sem ser “não consigo esquecer o que fizeram à oitava temporada”.
    Dance of the Dragons que é o evento que se baseia esta série é mesmo assim, um build up para algo grande e trágico. Como adaptação do livro está a ir no rumo certo.

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