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Um par de cenas entusiasmantes e um elenco decente não conseguem livrar Greenland do desastre que é.

Greenland

Sinopse: “Uma família luta pela sobrevivência quando um cometa destruidor de planetas chega à Terra. John Garrity (Gerard Butler), a sua ex-mulher Allison (Morena Baccarin) e o seu jovem filho, Nathan, fazem uma perigosa viagem até à sua derradeira esperança de salvação. Por entre terríveis relatos de destruição a nível mundial, a família Garrity experiencia o melhor e o pior da Humanidade, à medida que a contagem decrescente para o apocalipse global se aproxima do zero.”

Este tipo de filme é sempre bastante divisivo entre críticos e público simplesmente devido à sua natureza. Relativamente à história, nunca é única nem inovadora de qualquer maneira. Estes filmes apocalípticos seguem sempre um argumento genérico, repleto com inconsistências lógicas, mas também com imensa ação entusiasmante. Os visuais variam em qualidade dependendo do estúdio, bem como a produção sonora e outros aspetos técnicos. Tento sempre aceitar tudo o que estes filmes atiram irracionalmente para o espetador. Preparo-me para ser o mais aberto possível e, geralmente, não tenho problemas com isso (na verdade, considero até o argumento “não é assim que a ciência funciona” um pouco nitpicky neste subgénero).

No entanto, Greenland não dá aquilo que realmente esperava do mesmo: um cometa destruidor de planetas, puro entretenimento pipoca. Os únicos pontos positivos são o elenco e duas/três cenas realmente excitantes. Gerard Butler já está mais que habituado a estes filmes (saga Has Fallen, Geostorm), logo não tem problemas em retratar mais uma personagem pouco desenvolvida, sem motivações reais ou qualquer tipo de profundidade. O mesmo serve para Morena Baccarin, que simplesmente interpreta a esposa de Butler. Ambos apresentam boas prestações, o suficiente para me manter interessado até ao final do filme.

As poucas cenas interessantes às quais me referi anteriormente são, de facto, muito boas. Pequenos pedaços do cometa gigante atingem a Terra antes do evento de extinção e, honestamente, parecem ótimos. No entanto, somente isto durante 119 minutos está longe de ser satisfatório.

Como esperado, o argumento de Chris Sparling é tão genérico quanto poderia ser, assim como a realização de Ric Roman Waugh, que não oferece nada de novo. Algumas decisões narrativas (não relacionadas com ciência ou tecnologia, pois estas acabei por aceitar como parte das justificações ilógicas do costume) são definitivamente para fazer passar o tempo, visto que não têm qualquer consequência. Greenland é precisamente como dezenas de outros filmes do subgénero, mas sem os aspetos técnicos que acabam por dar valor à película em si.

Greenland

Os efeitos visuais assemelham-se aos do início do século em algumas cenas, quase como se não tivessem tido tempo (ou dinheiro) suficiente para os terminar. Chegam mesmo a colocar uma imagem estática de uma chuva de meteoritos como o céu… Infelizmente, apenas dá a sensação de amadorismo e preguiça. A ausência de uma banda sonora poderosa (David Buckley) faz com que as cenas de ação sejam “vazias”, como se faltasse algum componente. Alguns momentos de luta são praticamente impossíveis de ver claramente devido ao ambiente excessivamente escuro e à edição brusca (Gabriel Fleming). No geral, a ação anda na linha entre o decente e o terrível.

A “chapada” mais significativa é o tal “cometa destruidor de planetas” que todos desejam ver assim que entram no cinema. Não há como contornar: se um filme inteiro cria um build-up tremendo para um cometa impressionante do tamanho da Europa, tem que mostrar o momento em que este atinge o chão, em todo o seu esplendor. A explosão gigantesca de proporções ridículas, o fumo sem fim que enche toda a atmosfera, o som caraterístico do impacto… Este é o momento que pode definir ou quebrar qualquer filme apocalíptico deste género. Infelizmente, e escrevo apenas isto: quebrou.

No final, Greenland é desapontante, contendo apenas um par de cenas entusiasmantes e um elenco decente. Gerard Butler e Morena Baccarin tentam, mas não são suficientes para compensar tudo o resto. Como esperado, o argumento formulaico de Chris Sparling não adiciona um enredo único ou algum aspeto inovador ao subgénero, assim como a realização básica de Ric Roman Waugh. Tudo isto não teria problemas se a ação mostrasse o que a maioria dos espetadores deseja ver, mas, infelizmente, esta componente também é uma deceção.

Apesar de possuir algumas cenas ocasionais interessantes, os níveis de entretenimento são muito baixos devido aos efeitos visuais nada impressionantes, à falta de uma banda sonora impactante e à edição defeituosa, culminando numa desilusão destruidora de quaisquer expetativas.

Se adoram filmes apocalípticos, talvez encontrem algo fascinante que me tenha escapado ou causado indiferença. No entanto, se este tipo de filmes não se adequa às vossas preferências, então este certamente não irá converter-vos.

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