Crítica – 7500

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7500 necessita de um Joseph Gordon-Levitt impressionante para manter a sua altitude de voo, mas passa por demasiada turbulência.

7500

Quando terroristas tentam controlar um voo Berlim-Paris, um jovem copiloto americano, Tobias (Joseph Gordon-Levitt), faz de tudo para salvar a vida dos seus passageiros e tripulação enquanto cria uma conexão surpreendente com um dos sequestradores.

Sou um fã tremendo de thrillers claustrofóbicos de apenas uma localização. Se a atmosfera conter suspense e tensão suficiente, esta pode elevar o filme de maneiras inimagináveis. Também sou facilmente entretido por filmes em aviões como Non-Stop ou o clássico Snakes on a Plane. 7500 passa praticamente todo o seu tempo de execução dentro do cockpit de um avião sequestrado, seguindo uma representação mais realista do ponto de vista dos pilotos. Combina dois aspetos que aprecio profundamente em cinema, tornando-se um subgénero realmente cativante. Mas… é bom ou nem por isso?

Relativamente à sua história, não cria nada de extraordinariamente único. Em todo o caso, aprecio que não siga a ação over-the-top, completamente louca, por vezes demonstrada neste tipo de filmes, que pode ser incrivelmente exagerada, desafiando todas as leis da física e da realidade. Neste caso, o espetador segue o desenrolar do argumento apenas através dos olhos de Tobias, para além do ecrã e áudio do cockpit. Logo, não esperem um voo cheio de ação porque 7500 está longe disso. É simplesmente uma visão tecnicamente incomum de uma história contada várias vezes de muitas formas diferentes.

O melhor aspeto do filme é aquele que mais desejava que fosse bem executado: a sua atmosfera. Patrick Vollrath, a fazer a sua estreia como argumentista-realizador, consegue gerar tensão e suspense suficientes para agarrar os espetadores durante a primeira hora. Tobias enfrenta dilemas morais extremamente complicados, os quais não possuem resposta certa, e todos têm consequências graves. Esta parte do argumento é o componente mais cativante do filme, elevado pelo facto de tudo ocorrer dentro do cockpit claustrofóbico.

Joseph Gordon-Levitt, que está longe dos holofotes principais desde Don Jon, entrega uma das suas melhores prestações. Mantém o filme a voar ao demonstrar todas as suas qualidades enquanto ator, interpretando o seu guião de forma soberba. Sem a sua performance emocionalmente convincente, 7500 destruir-se-ia em mil pedaços. Omid Memar também é muito bom como Vedat, embora o ache um pouco exagerado durante alguns diálogos. Todos os outros são dispensáveis, tendo em conta que esta é uma peça centrada no protagonista.

Tecnicamente, como escrevi acima, 7500 é diferente das películas normais de sequestro aéreo. Além do ponto de vista exclusivo do cockpit, desenrola-se praticamente em tempo real, isto é, apesar do filme ter os cortes de edição comuns, noventa minutos são, de facto, perto de noventa minutos. Não existem muitos takes longos nos quais tenha reparado, mas a edição (Hansjörg Weißbrich) é tão perfeita que cria um ambiente em tempo real, o que ajuda a dar ao filme uma sensação bastante realista. Porém, e mesmo com todas estas qualidades, 7500 tem imensas dificuldades em se manter nas nuvens.

O ponto de vista do piloto não é cativante o suficiente para uma longa-metragem, pelo menos não da maneira que 7500 executa. Para um filme focado maioritariamente na personagem principal, esta carece de maior profundidade. A história pessoal de Tobias é tão genérica quanto poderia ser, o que não me ajuda a importar-me assim tanto com ele. A narrativa segue um caminho formulaico e previsível que possui alguns momentos supostamente chocantes, mas estes são tão antecipados desde o início que perdem parte do seu impacto.

É uma premissa que permite um suspense nervoso, mas, no geral, o argumento merecia uma maior exploração. Além disso, o estereótipo de “terroristas islâmicos” só prejudica (e muito) a intenção de Patrick Vollrath. Já passaram 19 anos desde o 11 de Setembro de 2001. Não existe necessidade de colocar os sequestradores gritarem constantemente “Allahu Akbar”.

O maior pecado de 7500 não é a falta de desenvolvimento das suas personagens, mas sim a sua representação superficial e estereotipada (não apenas dos sequestradores). Espero que não tenha um reação negativa online, pois está longe de ser um mau filme…

7500 necessita de um Joseph Gordon-Levitt impressionante para manter a sua altitude de voo, mas passa por demasiada turbulência. O argumentista-realizador estreante, Patrick Vollrath, entrega a sua visão incomum sobre o subgénero, demonstrando o sequestro de um avião exclusivamente através do ponto de vista do piloto. A atmosfera claustrofóbica do cockpit, repleta de suspense e tensão, origina algumas cenas de fazer roer as unhas, mas a falta de profundidade das personagens tira impacto aos dilemas morais emocionalmente convincentes impostos ao protagonista.

Apesar do excelente esforço técnico, a narrativa segue um caminho previsível, possuindo os pontos enredo convencionais, que reduzem o nível de interesse e entusiasmo. O estereótipo dos “terroristas islâmicos” afeta o filme muito negativamente, visto que não há necessidade de fazer os sequestradores pertencerem a essa religião pela centésima vez. Posso recomendá-lo para qualquer leitor que esteja à procura de um thriller aéreo diferente dos habituais carregados com ação desmedida. Apenas não esperem uma execução brilhante.

7500 pode ser assistido via Amazon Prime.

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