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Den of Thieves 2: Pantera é um daqueles casos em que as ambições de uma sequela não conseguem superar as limitações da sua execução.

Iniciar um novo ano de cinema é sempre entusiasmante, mesmo sabendo que janeiro não costuma ser, nem de perto, um mês propriamente memorável. Aliás, ainda aos dias de hoje, o primeiro mês do ano é frequentemente apelidados de “dump january” precisamente por serem trinta e um dias que os estúdios não consideram ser apelativos ou importantes para os seus lançamentos – nesta altura, o foco está em campanhas “For Your Consideration” (FYC) para os potenciais nomeados a Óscares. Dito isto, e como a primeira visualização de 2025 é uma sequela a uma obra original que nunca tinha visto, naturalmente o ano começou com uma sessão dupla de Den of Thieves (2018) e Den of Thieves 2: Pantera.

Sem conhecimento prévio da premissa narrativa de ambos e sem noção do estilo do cineasta Christian Gudegast, responsável supremo pela realização e argumento desta sua duologia, a primeira observação sobre as duas obras é de que são surpreendentemente tratadas de forma bem distinta. Ambos os filmes focam-se num “assalto impossível”, seguindo as fórmulas comuns dos famosos “heist flicks” e inspirando-se nos clássicos do género, mas ao passo que a obra original contém muito mais ação, Den of Thieves 2: Pantera toma um caminho mais passivo, o que tem as suas vantagens e desvantagens.

Comecemos pelas vantagens. Os protagonistas Nick O’Brien (Gerard Butler) e Donnie Wilson (O’Shea Jackson Jr.) contam com muito mais tempo de ecrã para desenvolverem a sua relação. O sucesso de Den of Thieves 2: Pantera depende tremendamente da química natural entre os dois atores, que elevam as suas interações básicas a um nível genuinamente cativante. As motivações de cada um são colocadas na mesa para todos verem, mas em termos gerais, as personagens permanecem muito superficiais – a família de Nick, por exemplo, praticamente não é mencionada, continuando o grande buraco de desenvolvimento pessoal do original. Pelo menos, desta vez, Nick possui um arco central minimamente interessante sobre a sua moralidade e sentido de justiça, criando algum suspense em relação à sua verdadeira lealdade. 

As prestações de Butler e O’Shea são elevadas em relação ao filme anterior, em muito devido ao aumento de cenas com a dupla. O primeiro incorpora o seu papel tão bem que se torna até difícil de imaginar outro ator a representar Nick, ao passo que O’Shea tem uma prestação mais restringida, mas eficaz. O último ato é novamente o grande destaque, sendo que a antecipação para o mesmo é ainda maior, desta vez devido ao ritmo mais lento e à narrativa menos recheada de eventos ativos.

Gudegast volta a demonstrar o seu olho para filmar assaltos complexos e com dezenas de passos temporizados ao segundo, apesar de Den of Thieves 2: Pantera não alcançar os níveis de tensão do predecessor. O assalto principal quase não tem obstáculos de maior desafio, sendo que a sensação de que algo pode correr mal a qualquer segundo é quase inexistente, tal a calma presente nessa sequência longa. Resumidamente, para lá das coincidências lógicas que desafiam qualquer probabilidade estatística e razão mirabolante, tudo parece demasiado fácil e fluido.

É por isto que considero as desvantagens de Den of Thieves 2: Pantera algo… estranhas. A sequela é claramente “maior” – as localizações, cenários e até o trabalho de câmara são evidentemente provenientes de orçamento superior – mas existe tão pouca intensidade e ação comparativamente com o filme original, que é quase contraditório conseguir desfrutar mais do novo terceiro ato. Ambas as obras têm problemas de duração e ritmo – desnecessariamente longas – mas o filme de 2018 tem mais camadas de entretenimento que aguentam a audiência, apesar de todas as tontices narrativas.

No fundo, peca por falta de consequências reais e de um maior aproveitamento do tempo de ecrã para explorar as personagens de uma forma mais impactante. Den of Thieves 2: Pantera acaba por ficar num meio-termo que poderá não ser suficiente para muitos espetadores, pois nem cria uma narrativa inovadora e pensativa, nem oferece sequências de ação excitantes para fazer ignorar a história básica. Pessoalmente, consegue chegar a “porto seguro”, mas as expetativas também não eram propriamente altas…

VEREDITO

Den of Thieves 2: Pantera é um daqueles casos em que as ambições de uma sequela não conseguem superar as limitações da sua execução. Embora apresente um ambiente audiovisual mais imersivo e um maior foco na relação entre os personagens principais, a obra carece da intensidade e do dinamismo que tornaram o original uma peça de entretenimento mais envolvente. Para fãs de filmes sobre assaltos, o ritmo mais demorado e o seu terceiro ato mais contido poderá ser aceitável, mas a hesitação entre que tipo de filme de assalto Christian Gudegast desejava entregar, poderá ser fatal para alguns. Não reinventa o género, nem se compromete totalmente com a ação ou com a profundidade narrativa, resultando num filme, no máximo, satisfatório, mas que dificilmente ficará na memória.

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