Crítica – Chicken Run: Dawn of the Nugget (BFI London Film Festival 2023)

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Sejam adultos ou crianças, fãs nostálgicos do original ou não, Chicken Run: Dawn of the Nugget é um excelente filme familiar para a época natalícia.

Como alguém nascido em 1994, Chicken Run foi um dos inúmeros filmes de animação que marcaram a minha infância. Pessoalmente, nunca foi um dos favoritos ou até dos mais memoráveis, mas uma recente repetição do original serviu para relembrar não só as personagens hilariantes e piadas icónicas, mas também a qualidade impressionante da animação stop-motion que a Aardman ajudou a tornar mais popular. Esta foi a primeira obra criada pelo estúdio e, mais de duas décadas e oito filmes depois, chega a sua sequela, Chicken Run: Dawn of the Nugget.

A tagline principal dos posters e trailers encaixa com a premissa. Após o final do original, as galinhas criaram o seu espaço idílico numa ilha isolada, Ginger (Thandiwe Newton) e Rocky (Zachary Levi) adicionaram um novo membro à comunidade, Molly (Bella Ramsey), e viveram em paz durante tempo indefinido… até uma nova ameaça voltar a surgir, levando a população a planear e executar o oposto do primeiro filme: infiltrar em vez de escapar. Chicken Run: Dawn of the Nugget cumpre com as expetativas básicas de entretenimento, apesar de não surpreender.

No ano 2000, o acesso ao cinema não era o mesmo de hoje em dia, pelo que a minha primeira experiência com Chicken Run foi com a versão dobrada, logo não encontro qualquer ligação pessoal e nostálgica com as vozes originais maioritariamente britânicas. O elenco de Chicken Run: Dawn of the Nugget é praticamente todo novo, o que inevitavelmente e compreensivelmente gerará algumas críticas por parte de espetadores mais apegados ao passado. Dito isto, as personagens permanecem idênticas, mantendo as suas personalidades peculiares e maneira de falar individualmente engraçada, em muito devido ao esforço notável dos novos atores.

A comédia física e linhas singulares de Chicken Run: Dawn of the Nugget têm o mesmo charme, sarcasmo e impacto do original, sendo que o realizador Sam Fell (ParaNorman), juntamente com os seus argumentistas Karey Kirkpatrick e John O’Farrell (ambos trabalharam em Chicken Run) e Rachel Tunnard (Military Wives) preenchem a sequela com vários momentos indutores de fortes gargalhadas, principalmente através das personagens em si. Desde os sotaques à função que cada galinha desempenha nos planos ultra-complexos, tudo é executado sem grandes percalços.

chicken run dawn of the nugget echo boomer 1

Chicken Run: Dawn of the Nugget repete muito da estrutura básica do original, nomeadamente a partir do meio-ponto do filme, o que retira algum valor de entretenimento e diminui o impacto da criatividade visual. O primeiro ato também demora a entrar no ritmo necessário, sofrendo um bocado do mesmo problema de The Hobbit: An Unexpected Journey. Por um lado, é natural gastar-se algum tempo com a reintrodução a todas as personagens importantes, para além de um resumo formulaico da história passada. Por outro lado, perder mais de um terço do filme nesta primeira fase narrativa é desnecessário e prolonga a duração total em demasia.

Felizmente, as personagens compensam o suficiente para manter a visualização satisfatório e entretida para todo o tipo de espetadores. Sejam os ratos Fetcher (Daniel Mays) e Nick (Romesh Ranganathan), o ex-militar Fowler (David Bradley), a querida e inocente Babs (Jane Horrocks), a sempre cínica Bunty (Imelda Staunton) ou a inteligente Mac (Lynn Ferguson), estes animais secundários são um apoio vital para a família Ginger-Rocky-Molly. Chicken Run: Dawn of the Nugget foca-se precisamente nesse tema abrangente de família para transmitir mensagens de altruísmo, coragem, confiança e amor através de um enredo recheado de ação e energia, mas também de pausas com diálogos paternais emotivos. Nota ainda para a estreia de Josie Sedgwick-Davies numa longa-metragem, que se destaca como Frizzle, uma nova galinha Escocesa que provocará muitos risos.

E, claro, a animação do estúdio brilha como sempre, tal como a banda sonora inesquecível de Harry Gregson-Williams. A evolução do estilo stop-motion é notável no grande ecrã, sendo que Chicken Run: Dawn of the Nugget contém mais localizações narrativas em sets bem maiores, assim como um maior número de galinhas, casas, árvores e outros elementos naturais. Não há muito mais a dizer a não ser uma recomendação de assistirem no cinema, se possível. Caso contrário, a eventual visualização caseira será bem-sucedida na mesma.

VEREDITO

Chicken Run: Dawn of the Nugget é uma sequela satisfatória que deverá agradar ao público-alvo. O novo elenco carrega a responsabilidade de manter as personagens icónicas reconhecíveis com sucesso, mantendo o charme único da obra original. Demora a entrar no ritmo e peca por maior imaginação narrativa, mas a comédia física e linhas de texto hilariantes, animação estupenda e banda sonora inesquecível permanecem elementos intactos num mundo bem maior que o galinheiro anterior. Sejam adultos ou crianças, fãs nostálgicos do original ou não, é um excelente filme familiar para a época natalícia.

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