O ano de 2018 promete imenso no que toca a filmes de super-heróis. É já em maio que vamos poder ver finalmente o culminar de muitos anos de filmes do Marvel Cinematic Universe com Avengers: Infinity War. Mas antes desta guerra, a Marvel Studios presenteou-nos este mês de fevereiro com o filme dedicado a Black Panther, introduzido primeiramente ao público no filme Captain America: Civil War.
Posso desde já revelar que este é um filme que pode ser assistido sem problemas por fãs e não fãs, mesmo que não tenham visto todos os filmes Marvel até à data. Claro, há sempre um ou outro personagem que vai surgir e que podem não reconhecer, mas, em termos gerais, o filme acaba por ser bastante isolado do resto do mundo Marvel. Essencialmente, serve para dar a conhecer o Pantera Negra.
O filme conta-nos a história de T’Challa (Chadwick Boseman), herdeiro ao trono de Wakanda, que, após a morte do seu pai, torna-se rei daquela nação tecnologicamente avançada e isolada do resto do planeta. Ser rei não é somente um título e T’Challa rapidamente apercebe-se de que existem novos desafios para serem superados e problemas a ser resolvidos.
Caso tenham reparado, referi-me a Wakanda como nação tecnologicamente avançada. É que “existem” duas Wakandas – esta que só os habitantes conhecem e a outra que o resto do mundo crê ser somente mais uma gigante zona pobre em África.
Wakanda é alimentada pelo vibranium, o metal mais poderoso que existe e que possui uma fonte de energia inesgotável, além de incríveis capacidades de cura. O vibranium está, inclusive, presente no fato do Black Panther, que aqui surge com algumas modificações em relação ao que vimos anteriormente em Civil War. É precisamente este mineral que dá o mote aos desenvolvimentos do filme.
Além dos acontecimentos da narrativa, o filme ganha pontos ao ser uma verdadeira celebração da cultura negra. Quase que podemos dizer que é uma homenagem; por exemplo, a existência de caucasianos nesta longa-metragem é quase nula. Falando no povo em questão, o dos negros, também é de louvar a sua forte representação cultural e estética.
Portanto, temos um super-herói negro, que vem de um país africano e que nasceu e cresceu rodeado da comunidade negra. Ao longo do filme, há diversas cenas que pretendem passar uma mensagem, quase como se quisessem transmitir aquele maior cliché de “a união faz a força”. É facilmente o filme mais político da Marvel. Percebe-se o porquê de muitos acharem o melhor filme do estúdio até à data.
Black Panther também conta com um bom leque de atores, muito ao estilo do que a Marvel já nos habituou. Além da atuação bastante competente de Boseman como protagonista, há que destacar os maus da fita, Andy Serkis no papel do traficante Ulysses Klaue, e Michael B. Jordan no papel do mercenário Erik Killmonger. Jordan, por razões que não vamos revelar, acaba por ser o vilão principal do filme, e, entre cenas onde consegue todo o protagonismo, acaba por não ficar para a história do cinema como um dos melhores vilões de sempre. Longe disso.
Há ainda participações de Luputa Nyong’o, Danai Gurira – os fãs de The Walking Dead vão estranhar quando a virem no ecrã -, Letitia Wright, Daniel Kaluuya, Forest Whitaker, Martin Freeman, entre outros. Todos eles com uma boa prestação.
Black Panther não é um filme sombrio, pelo contrário. É, acima de tudo, uma ode a um outro estilo de vida. Há muito humor, boa energia e um claro destaque dado às mulheres, que aqui têm toda uma ousadia permitida pelo realizador.
Mas não é um filme isento de problemas. Acaba até por ser bastante previsível. Além do vilão ser mais do mesmo, algumas personagens têm súbitas mudanças de personalidade, o que acaba por ser um pouco inexplicável. Já as cenas de ação, apesar de excelentemente bem-executadas, e de belíssimas perante os nossos olhos, não acrescentam nada de novo, sentindo-se, até, que algumas eram escusadas.
A acompanhar o filme está ainda a incrível banda-sonora produzida por Kendrick Lamar e que conta com colaborações de artistas como The Weeknd, SZA, Khalid e Vince Staples, entre outros. São vários artistas que, unidos, debitam “beats” sobre temas como o racismo e a corrupção.
Não é muito difícil de se perceber o porquê de muitos acharem Black Panther como o melhor filme da Marvel. É belo na sua essência e socialmente importante com a sua representação. Contudo, enquanto filme, não passa de mais um blockbuster de super-heróis.