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Back in Action mais merecia ser intitulado “Out of Action”. Seth Gordon não consegue atingir o equilíbrio necessário entre ação, humor e emoção para se destacar no género, e o regresso de Cameron Diaz é desperdiçado num projeto que não consegue explorar o seu talento.

Novo ano, novos filmes de streaming para assistir no conforto de casa. Back in Action é o primeiro lançamento da Netflix em 2025, cuja premissa se baseia num conceito simples de espionagem em que Matt e Emily, protagonistas interpretados por Jamie Foxx (They Cloned Tyrone) e Cameron Diaz (Annie) respetivamente – a atriz regressa ao grande ecrã dez anos depois da sua última prestação – veem a sua identidade secreta ser desvendada e, por consequente, as suas vidas em perigo. Realizado por Seth Gordon (Baywatch) e com argumento do próprio e Brendan O’Brien (The House), as expetativas não eram propriamente altas, sendo que a esperança de um par de horas satisfatório assentava-se no duo principal de atores.

Infelizmente, o ano não começa da melhor maneira, pois Back in Action é potencialmente um dos piores filmes dos próximos doze meses. O elenco tenta o seu melhor, mas o diálogo forçado e foleiro provoca imensos revirares de olhos ao longo das quase duas horas (longas) de duração. É duro escrever isto, mas é incrivelmente desapontante testemunhar um regresso altamente esperado de Diaz a Hollywood… para algo tão banal, esquecível e desastrado como esta obra extremamente formulaica. Exceto por um par de momentos bem-humorados e por algumas sequências de ação com coreografia e acrobacias de louvar, é complicado encontrar mais atributos passíveis de elogio.

Tecnicamente, o green screen é demasiado notório em praticamente todas as cenas de ação e as escolhas musicais arrojadas nem sempre funcionam para acompanhar as várias lutas e perseguições de carro. O departamento de maquilhagem também merece críticas negativas devido ao excesso de produtos nas caras dos atores, principalmente após sequências de ação, onde os mesmos atravessam todo o tipo de explosões, tiroteios, avalanches e até quedas de avião para chegarem ao fim, parecendo que saíram do salão de beleza, aumentando ainda mais o ambiente falso em torno de Back in Action.

Narrativamente, o argumento de Gordon e O’Brien é meramente uma cópia barata de muitos outros filmes de espionagem, onde os protagonistas decidem deixar o seu trabalho para trás de forma a tentar uma vida civil longe do perigo que, inevitavelmente, volta a surgir. Back in Action possui personagens e enredos secundários desnecessários que apenas complicam uma história que deveria ser simples e direta, criando inúmeros buracos lógicos tão gritantes que se tornam genuinamente difíceis de se ignorarem. O cúmulo deste problema encontra-se nos segundos finais do filme onde uma tentativa embaraçosa de deixar espaço para uma sequela abre uma enormidade absurda de incoerências narrativas que é de deixar os cabelos em pé.

Sinceramente, nem as performances conseguem salvar Back in Action. Andrew Scott (All of Us Strangers), Kyle Chandler (Godzilla vs. Kong) e Glenn Close (The Wife) são previsivelmente mal-aproveitados, apesar de todos tentarem dar um ar da sua graça. Com um elenco tão recheado, é uma pena que os guiões sejam tão mal trabalhados e as personagens pequem por falta de arcos mais profundos e menos genéricos. Foxx e Diaz até partilham alguns momentos engraçados, mas a escrita geral raramente permite que estes brilhem como um duo. Em vez disso, a dinâmica entre os protagonistas é diluída por diálogos previsíveis e cenas que tentam forçar emoções, mas falham devido à sua superficialidade.

Por fim, Back in Action falha até mesmo naquilo que deveria ser o seu maior trunfo: entreter. Em vez de ser uma montanha-russa de adrenalina e gargalhadas, o filme transforma-se numa experiência aborrecida e frustrante. Assim, torna-se difícil justificar a existência desta obra que parece não ter alma nem propósito. Aliás, a maior consequência passa pela dificuldade que a Netflix tem em contrariar a conotação negativa que o termo “filme da Netflix” possui nos dias de hoje, apesar das inúmeras exceções positivas.

VEREDITO

Back in Action mais merecia ser intitulado Out of Action. Seth Gordon não consegue atingir o equilíbrio necessário entre ação, humor e emoção para se destacar no género, entregando uma obra formulaica altamente esquecível. O regresso de Cameron Diaz é desperdiçado num projeto que não consegue explorar o seu talento, nem o de um elenco de renome. O filme não só falha em justificar o seu tempo de duração como também deixa os espetadores com a sensação de terem assistido a algo genérico e sem identidade, onde apenas o departamento de duplos merece elogios. Para um início de novo ano cinematográfico, este é um passo em falso que espero não definir o que está por vir.

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