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Apesar de não fazer nada mal e apresentar-se como um jogo de ação e aventura sólido, Creatures of Ava consegue ser demasiado seguro ao ponto de se tornar aborrecido.

Creatures of Ava é um caso curioso onde nada está fora do lugar, mas algo não funciona a 100%. É a impressão com que fiquei depois de passar horas no planeta Ava, um mundo alienígena à beira do fim, onde uma estranha infeção ameaça destruir a fauna e flora a um ritmo alarmante. Como Vic, a nossa missão é salvar o maior número de criaturas e de nativos do planeta para preservar as suas culturas, antes que seja tarde de mais. Mas enquanto exploramos as estranhas ruínas de Ava, encontramos um bastão milenar que parece ser eficaz no combate contra a infeção que se alastra. Cativada pela beleza do planeta e dos seus habitantes, Vic decide ripostar e encontrar uma solução permanente que salve o planeta da destruição. Para tal, será necessário desbravar as planícies selvagens do planeta e reencontrar os templos escondidos através dos biomas principais – os pastos verdejantes, os pântanos venenos, as selvas densas – naquele que é um convidativo mundo aberto, mas que demonstra progressivamente as suas falhas mecânicas ao longo da campanha.

O que promete ser uma missão de salvamento transforma-se rapidamente numa tradicional aventura de ação que nunca alcança um ponto de mestria. Quando somos apresentados a Creatures of Ava, Vic procura salvar os animais e estudá-los. Para tal, necessitamos de tirar fotografias, observar os seus comportamentos e, por fim, resgatá-los para um novo habitat. O resgate não é, porém, fácil e requer alguma aproximação à cultura nativa de Ava. Os animais respondem apenas à música, que suplanta quaisquer barreiras linguísticas, e se tivermos a melodia correta, que podemos tocar na nossa flauta – num minijogo semelhante ao que vimos recentemente em Final Fantasy VII: Rebirth –, podemos guiar as criaturas até ao transportador.

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Creatures of Ava (Inverge Studios)

A proposta parecia ser esta, a exploração do planeta intercalada com o ocasional puzzle – que servem como base para a maioria das habilidades do bastão de Vic, que desbloqueamos ao longo da campanha – e a recolha dos animais. No entanto, a missão de salvamento rapidamente cai para segundo plano para dar lugar à tradicional estrutura de um jogo de ação e aventura. Fora as missões de resgate, que desbloqueiam quando entramos numa nova zona, Creatures of Ava pouco se importa com a recolha dos animais que ainda sobrevivem nas suas regiões infetadas. Fora a necessidade de completar tudo a 100% e o acesso a pontos de experiência, que podem ser utilizados numa árvore de habilidades substancial – ainda que longe de ser empolgante, munida das habilidades esperadas para um jogo deste género –, a campanha rapidamente afasta-se da missão de Vic para dar lutar à luta contra o inevitável fim do mundo. O que é peculiar, já que Creatures of Ava parece estar mecanicamente assente no registo e estudo dos animais com sistemas de furtividade, como a utilização de ervas densas para aproximarmo-nos sorrateiramente das criaturas, um modo de fotografia e várias melodias que necessitamos aprender.

É um choque temático e mecânico enquanto assistimos à revelação que Creatures of Ava é apenas mais um jogo de ação e aventura em mundo aberto. A promessa não é cumprida porque nunca foi esse o foco do jogo. O que está presente não é mau e muito menos está mal implementado, mas pouco distingue Creatures of Ava dentro do género. O mundo é extenso, dividido por zonas principais, que ganha alguma alma à medida que limpamos as regiões infetadas e desbloqueamos novos atalhos. É um mapa muito mais interligado do que pensamos inicialmente e existe algum valor em explorar as suas zonas para encontrarmos itens que nos permitem melhorar a stamina, vida e inventário de Vic. As habilidades são indispensáveis à exploração e servem também para a resolução de puzzles ao permitirem que Vic possa controlar plataformas ou até parar criaturas durante um tempo determinado. No entanto, a estrutura cai rapidamente na rotina e percebemos que a exploração tem pouca substância devido à ausência de desafio. Existem momento de combate, que se resumem à limpeza das criaturas afetadas pela infeção, mas Creatures of Ava é muito passivo e parece que não sabe se deve ser um jogo de ação e aventura ou então o prometido jogo de investigação e resgate. Chego a esta conclusão porque o mundo está pensado para desafiar os jogadores a encontrarem animais escondidos e a utilizar as suas habilidades para abrirem novos caminhos – é possível controlar os animais e cada espécie tem habilidades especiais –, mas sem o elemento de recolha e salvamento, sem esse foco, o jogo não tem fôlego e podemos ver isso pelas missões secundárias.

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Creatures of Ava (Inverge Studios)

Creatures of Ava não é um mau jogo, mas algo não está devidamente no seu lugar e essa sensação deixa-nos um sabor amargo. O estilo visual é competente, mas a banda sonora é demasiado genérica e fica irritantemente no ouvido devido à utilização constante dos mesmos temas. É interessante ver o mundo a mudar e a ficar mais infetado, com algumas regiões a mudarem consideravelmente entre pontos-chave da campanha, mas a travessia e os puzzles não sofrem qualquer transformação. A jogabilidade é sólida, mas torna-se repetitiva pelo mesmo esquema de puzzles e momentos de combate, ambos pouco memoráveis. O desempenho não é consistente e existem zonas, como a selva, onde o frame rate cai consideravelmente, para não falar de alguns bugs visuais.

Como uma aventura, Creatures of Ava é mais genérico do que devia ser e sinto que perdemos algures uma boa oportunidade de explorar um mundo alienígena através de um género diferente. Para todos os efeitos, o jogo está atualmente disponível no Xbox Game Pass e podem experimentar, se ficaram curiosos.

Cópia para análise (versão Xbox Series X) cedida pela 11 bit Studios.

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