As cassetes VHS regressaram temporariamente, com várias produtoras a postarem no formato e abraçarem na nostalgia na promoção de novos filmes.
Não foi uma, não foram duas, nem três vezes que, ao longo de 2024, assistimos a “lançamentos” muito limitados de “novas” VHS. Com algumas produções cinematográficas que, tematicamente, tocam em aspetos mais nostálgicos para as audiências, os estúdios e produtoras começaram a abraçar o formato numa espécie de falso revivalismo.
Um desses exemplos foi da responsabilidade da Disney, que fez soar alguns alarmes dentro das comunidades de video analógico, ao alimentar a esperança de novos lançamentos neste formato. Em questão, esteve o lançamento de Alien: Romulus em VHS, adaptado ao formato 4:3, no passado dia 3 de dezembro em quantidades muito limitadas, que resultou de uma iniciativa do próprio realizador Fede Alvarez.
“Não se trata apenas de uma estratégia de marketing”, garantiu Alvarez, em entrevista exclusiva ao portal Gizmodo. “Queria redescobrir a experiência única da minha juventude, a magia que o VHS oferecia.” O resultado? Uma edição limitada, à venda por 60 dólares (sensivelmente 57€), já se encontra esgotada.
A Disney não é a única a tocar a canção da nostalgia. Y2K, uma nova comédia de ficção científica da A24 realizada pelo ator e comediante do SNL, Kyle Mooney, quer levar os espetadores de volta à infame passagem de ano de 1999 para o ano 2000, em que todos antecipavam pelo “bug do milénio”. Dada a natureza do filme, passado já numa época de transição de formatos, entre o VHS e o DVD, surge também com uma edição especial no adorado formato analógico, já esgotado, mas à venda por 30 dólares (sensivelmente 28,55€) com lançamento a 17 de janeiro.
Outro exemplo é o filme de horror, Stream, do género slasher, produzido pela equipa responsável pela saga Terrifier, que será lançado em fevereiro, também em formato 4:3, para enaltecer aquele o efeito “vintage” no qual estas produções se inspiram.
Mas por que este regresso ao formato VHS?
A nostalgia é, sem dúvida, um dos aspetos mais importantes destes lançamentos limitados, em formato de Edições de Colecionador. Mas não será o único. De acordo com Vera Drew, a diretora de The People’s Joker, uma “anti-comédia” sobre uma jovem transgénero aspirante a comediante, também optou pelo lançamento em VHS por razões especiais e de autor. “O meu filme foi projetado para parecer uma cassete VHS encontrada num sonho analógico”, explicou Drew. Para a realizadora, o formato oferece uma dimensão mais palpável e intemporal. “É algo que se pode ver, guardar, emprestar aos amigos. Um objeto que não desaparecerá de um catálogo de streaming da noite para o dia.”
Frank Jaffe, da distribuidora Altered Innocence, que ajudou neste lançamento, concorda: “Os formatos físicos, como o VHS, permitem criar uma comunidade, um vínculo. É muito mais do que apenas um formato de visualização.” Esta tendência, que está a ganhar um maior seguimento de culto nos Estados Unidos da América, também já começa a ganhar presença na na Europa, o que atribui um valor quase sentimental a estas cassetes.
No entanto, não convém esperar por um regresso glorioso do formato analógico, com novos lançamentos. Alguns destes exemplos não passam de edições limitadas, adaptadas e que contam com todos os sacrifícios de qualidade, face às tecnologias mais recentes. Até porque, apesar das boas memórias, o VHS já não compete com os formatos modernos em termos de qualidade, deteriorando-se rapidamente. Para além disso, o formato físico no geral começa já a perder a importância que tinha no passado com a ascensão dos serviços de streaming, que também já começam a afetar os produtores dos mais modernos leitores de Blu-Ray.