A área da cultura tem sido bastante afetada pela especulação imobiliária. A capital pode perder mais um espaço cultural e foi criada uma petição online para o evitar.
A especulação imobiliária é notável um pouco por todo o país, e em Lisboa tem sido muito flagrante. Devido a aumentos de renda, finais de contrato ou vendas de imóveis, várias associações culturais, como o Largo Residências, a Casa Independente, a Sirigaita, ou a Fábrica de Alternativas, já perderam os seus espaços, ou estão em vias disso.
Isto leva a que a área da cultura esteja a ser severamente atacada, e a que dezenas de artistas e projetos vão poder ficar sem local para exercer a sua arte.
A associação cultural Arroz Estúdios foi uma das mais recentes vítimas. Com mais de 70 mil membros desde a sua criação, em 2018, mudaram-se para um novo espaço, na Avenida Infante D. Henrique, no Beato, um ano mais tarde, no fim de 2019. Agora, devido à venda do imóvel, estão em vias de perder o espaço onde há quatro anos se instalaram.
Os quase 1200m2 dos Arroz Estúdios, no Beato, são a casa de 85 artistas – entre nacionais e internacionais -, 12 estúdios e 35 postos de trabalho. Têm ainda um espaço de concertos com 600m2, uma horta vertical e uma pizzaria, sempre com uma programação variada, como cinema ao ar livre, exposições, jams ao vivo, mercados, concertos e eventos de música eletrónica. Só em 2022 foram 230 eventos culturais.
As associações culturais são mais do que apenas espaços, são incubadoras de criatividade, catalisadores de mudanças sociais, políticas e culturais e as plataformas que permitem a expressão de diversos artistas” comenta Cátia Ciriaco, Studio & Residency Manager do Arroz Estúdios. “É urgente alertar para esta situação. O preço do metro quadrado em Lisboa está proibitivo para este tipo de associações conseguirem encontrar espaços. Não só estamos a tirar espaço a artistas que de outra forma não terão onde desenvolver e expor o seu trabalho, mas, cada vez mais, a afastar a cultura e a identidade da própria cidade do seu centro“, acrescenta.
Apesar do caráter solidário da associação, que arrecadou 124 mil euros para causas sociais ao longo dos últimos quatro anos, a venda do imóvel obriga a que seja urgente procurar um novo espaço. Para isso, uma das formas de luta foi a criação de uma petição online, diretamente direcionada a Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, para que lhes seja possível encontrar uma alternativa.