WWE 2K22 – O renascer de uma franquia que ascende ao lugar onde merece estar

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A WWE, que teve uma popularidade astronómica por terras lusas na viragem do milénio, regressa após um ano de hiato e coloca a franquia no rumo certo para o sucesso.

Já lá vão uns anos valentes desde que comprei o último jogo desta franquia, que na altura ainda se chamava Smackdown vs Raw (para a PlayStation 2), e era uma diversão sem igual. Isto porque tinha o acessório para ligar quatro comandos e, findadas as aulas ou aos fins de semana, era quase regra ter a casa cheia para a malta jogar o mais variado tipo de combates 2 para 2 ou os 4 ao sarrabulho. Com o tempo desvaneceu um pouco o interesse na modalidade, mas a nostalgia continua cá e, como tal, quando recebi o jogo para análise, a chama reavivou e a malta já anda a combinar reunir em memória dos bons velhos tempos.

É certo e sabido que a WWE é um programa de entretenimento que usa o desporto (mais concretamente o wrestling) para promover um espetáculo que move milhões de pessoas com a narrativa em torno do mesmo. Posso parecer parcial quando digo que isto já não é o que era, mas a verdade é que, após algumas horas a testar o jogo passando por todos os modos e os mais diversos lutadores, sinto que não há tanta diversidade e identidade como antigamente. Isto é, não há personagens tão distintas e únicas. Ainda assim, acredito que continue a ter o seu quê de magia. Contudo, é preciso referir que o jogo continua recheado de clássicos e lendas fan favorite, logo há um leque de variedade que facilmente pode agradar a toda a audiência desta franquia.

Não tenho estado muito a par da jogabilidade dos capítulos anteriores, mas de acordo com o que pude constatar, os mais recentes tiveram todos avaliações negativas da crítica e os comentários que me chegaram por amigos e conhecidos, que continuaram a comprar os jogos desta franquia regularmente, batiam certo com essas avaliações. Não posso falar por experiência própria, mas de acordo com a crítica que segue a franquia fielmente, este é o melhor capítulo em muitos anos. Pessoalmente, considero este WWE 2K22 um bom jogo.

Primeiramente, há que referir que algumas coisas mudaram na jogabilidade e mecânicas de jogo, para melhor. Entre as quais, fiquei fã dos combos em combate, podendo acabar num ataque ligeiro, pesado ou grab (com a lista de combos facilmente acessível no menu pausa). Fiquei também fã do sistema de defesa e contra-ataque, que funciona por previsão de botões que o oponente vai usar de seguida. Fiquei sobretudo fã de quão claro é o modelo de combate e o tipo de ações que podemos efetuar durante o mesmo, que estão muito bem segmentadas. Posto isto, sugiro que aceitem o treino de familiarização de comandos a usar, antes de avançarem para o jogo em si. É uma forma mais simpática de terem um primeiro contacto com os controlos base e os seu efeitos.

A barra de jogador contém toda a informação necessária para o decorrer de cada combate. Existe a silhueta com o corpo do wrestler, onde percebemos quais as zonas em pior condição entre pernas, tronco, braços e cabeça. Existe também a barra de “resistência”, que vai reduzindo com três tipos de cor (verde, vermelha e preta). A verde funciona como camada de segurança recuperável, e a vermelha, à medida que desce (só acontece quando a verde acaba), a preta também desce em proporção, ditando a resistência recuperável. Para além dessa barra, há ainda uma barra segmentada em três partes, partes essas que podem ser usadas para uma variedade de técnicas de ataque e defesa. Defensivamente, gastando uma barra é possível recuperar imediatamente após sofrer um ataque. Ofensivamente, gastando um segmento é possível fazer um finisher ou um golpe baixo, enquanto que, gastando os três segmentos de uma vez, é possível usar o ataque exclusivo do wrestler em questão.

Contudo, o ponto mais forte no que toca a melhorias de jogabilidade é mesmo a simplificação que houve a nível de condicionantes. Já não há barra de stamina, não há barras de vida com vários patamares, não há reversal stocks (que parte dos jogadores já desligavam em capítulos anteriores), não há mini-jogos de chain-wrestling e todos os wrestlers só têm um payback especial. Às vezes menos é mais, e neste caso melhor também. Para adensar à experiência, a câmara consegue captar a ação sem falhas notáveis e os comentários parecem estar sempre ajustados aos acontecimentos.

Quando iniciam WWE 2K22, os menus são relativamente simples e intuitivos, logo não é difícil fazer uma ambientação inicial ao jogo, mesmo que já não comprem jogos deste franquia há vários anos. A primeira coisa que fiz foi dar uma vista de olhos pela lista de lutadores disponíveis e tenho a dizer que fiquei muito surpreendido pela positiva, pois é mais vasta do que estava a contar.

Podem desbloquear ainda mais wrestlers no modo showcase cinemático alusivo aos momentos célebres da carreira de Rey Mysterio, por isso aconselho a começarem por aí. Mas atenção que, para isso, vão ter de seguir as indicações de sequência de combate que vão aparecendo no canto superior esquerdo do ecrã, de forma a recrearem o momento fiel ao que realmente aconteceu. Acho este modo uma lufada de ar fresco e a montagem de transições entre os momentos de jogo e arquivo de vídeo extremamente bem conseguida. Para além de pegar em combates sensacionais, fá-lo de forma emocional, principalmente ao passar pelos momentos com Eddie Guerrero. Venham mais destes!

Dentro dos modos de jogo, houve uma divisão que deu origem aos modo “Universe” e trouxe o prezado modo “MyGM” de volta, que deixou de existir em 2009. Lembro-me que este era um dos meus modos preferidos na altura e essencial, quando temos em conta o modelo de negócio da WWE. Quando comparando a experiência com os dois modos, sou da opinião que o modo MyGM segue um modelo mais único e entusiasmante, ainda mais sendo possível competir com outros aficionados.

Neste modo, a palavra de ordem é a simplicidade, que por um lado é bom, pois é muito fácil compreender o seu funcionamento e tirar partido do mesmo. Por outro lado, a simplicidade em demasia gera algumas debilidades que, apesar de não fazerem mossa, caso fossem alteradas iam fazer do MyGM algo fantástico. Debilidades que incluem o reduzido número de lutadores que se pode ir buscar no draft inicial, o número de eventos por noite, a ausência dos títulos de tag team e intercontinental/USA e as alternativas aos combates de tag team e one-on-one (sim, não há handicap, triple threat ou qualquer outro modo). Pessoalmente, não teria reservas se o que é apresentado neste modo fosse a experiência base, mas defendo que era essencial providenciar mais opções aos jogadores que querem uma experiência mais completa e exigente. Em vez de ter o modo Universe, poderia ser feito um maior investimento no MyGM e torná-lo mais denso.

O modo MyRise, anteriormente conhecido como MyCareer, é a atração principal. Existe mais liberdade, sendo possível lutar pelos títulos todos, mudar de franquia e tomar pequenas decisões que vão ditar que wrestlers vão ser aliados ou rivais. Neste modo, as linhas de história acabam por ser únicas mediante as decisões tomadas e existem duas campanhas distintas: uma com personagem masculina e outra com personagem feminina. O resultado é a diversão para horas a fio! Outro ponto positivo deste modo é ser muito personalizável a todos os níveis: aparência e acessórios, stats, técnicas de combate, tudo relacionado com a entrada no ringue e festejos, entre outras coisas. No entanto, nem tudo é um mar de rosas, pois há espaço para algumas melhorias, principalmente no que toca a diálogos, acontecimentos cinemáticos e à qualidade de alguns áudios, que é fraca. O ponto fulcral é que este modo de jogo está a seguir os passos certos para ser algo grande.

Falando de personalizações, existe no jogo uma aba dedicada a criações onde é possível criar praticamente tudo o que envolve este universo. Falo de wrestlers, cintos para novos títulos, entradas no ringue, celebrações, movesets, arenas, entre outras.
Antes de avançar, nota para o modo MyFaction, que serve os jogadores que prezam jogar online num universo de micro-transações, cujos menus, com um aspeto muito limpo e minimalista, permitem a fácil perceção do seu funcionamento.

Por fim, os gráficos. Enquanto ainda há espaço para afinações, notam-se bastantes melhorias quando comparando com o último capítulo (2K20). As parecenças faciais dos wrestlers entre jogo e a vida real são mais fiéis, os efeitos visuais são mais suaves e aproximados da realidade, os ângulos das câmaras durante o combate e movimentos especiais estão bem conseguidos e os ambientes são mais imersivos. Volta e meia assistimos a alguns bugs de performance, mas não prejudicam a experiência. Creio que o ponto mais fraco do jogo seja as frequentes quedas de acesso ao servidor quando a jogar online, mas é algo que pode ser facilmente corrigido.

O veredito final é positivo. A 2K precisava de uma vitória após os anos em baixo, bem como graças ao fracasso enorme que foi o WWE 2K20, e conseguiu-a com este novo capítulo, que coloca a franquia para consolas no caminho certo para o sucesso. O roster de wrestlers é vasto e diverso, os gráficos são cativantes, imersivos e realistas, os modos de jogo prometem diversão para muitas horas e as novas mecânicas de combate balanceiam o jogo, tornando-o mais apetecível não só para quem já é experiente, mas também para quem tenciona começar ou voltar agora.

Não vou dar o selo geral de recomendado, mas recomendo WWE 2K22 a quem gosta da franquia e quer experienciar a melhor versão do jogo da WWE da última década.

Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela Capital Games.

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