Um ano depois de o PC receber a sequela espiritual de jogos de destruição sob rodas da série FlatOut, chegou a altura dos jogadores da PlayStation 4 e Xbox One sentirem a adrenalina de empurrar os oponentes para fora das pistas com Wreckfest.
Produzido pela Bugbear Entertainment, Wreckfest é, como o nome indica, uma celebração de metal a roçar, pneus a rebentar, chapa a saltar e motores a rosnar.
São muitos os jogos de corridas que apostam na simulação de forma tão séria que a sua condução precisa e delicada torna as experiências frustrantes e entediantes. Felizmente, Wreckfest não é o caso.
Pela sua natureza, a destruição, os toques e a agressividade fazem parte da experiência em cada sessão de jogo. É como se fosse um jogo de carrinhos de choque adaptado aos jogos de corridas tradicionais. Aqui, o objetivo é chegar ao fim, ou destruir os oponentes, custe o que custar. Não precisam de estar inteiros, mas sim vivos, e, claro, com o motor a funcionar.
Não é um battle royale, no sentido mais lato da expressão, mas quase. Enquanto que nos jogos mais tradicionais, mesmo os mais arcade, fazemos curvas com cuidado e com o ângulo necessário para não perder velocidade, ou tentamos afastar-nos dos nossos oponentes para não riscarmos a tinta, em Wreckfest vale tudo. E só por isso, Wreckfest é uma diversão de jogo que não existia desde os velhos tempos de Burnout.
Não quer dizer que a equipa da Bugbear Entertainment não tenha apostado na simulação. Uma das razões pelas quais Wreckfest existe é, ironicamente, o realismo, nascido de uma campanha de financiamento desde 2012 quando ainda era conhecido como Next Car Game, um jogo de “próxima geração” com foco no realismo de destruição dos carros.
Visualmente, é isso que temos no produto final: veículos que, apesar de não serem de marcas oficiais, são extremamente detalhados, cheios de módulos e peças que caiem e se deformam de maneira realista aos impactos e toques.
O comportamento dos veículos é também realista, com as suas suspensões a reagirem a todas a elevações da pista, com o peso e o centro de gravidade dos mesmos a fazerem-se sentir ao capotarem e com os impactos violentos em curvas e contracurvas, ou nas sessões de demolição, a deixarem-nos com os músculos bastante tensos.
Seja nas corridas iniciais onde conduzimos corta-relvas de corridas em verdadeiros confrontos de carrinhos de choque, ou em pistas mais irrealistas cheias de loops e saltos magníficos, a Bugbear Entertainment abraça o realismo com o mesmo tom que os filmes de super-heróis tentam em ignorar regras da realidade para nos divertir. É, para todos os efeitos, um jogo de corridas arcade orientado para todo o tipo de jogadores, onde é possível ajustar a dificuldade e os elementos mais técnicos com bastante variedade.
Variedade que também existe em conteúdo, que é coisa que também não falta nesta versão que chega agora às consolas. Inclui mais pistas e veículos, relativamente à versão original (onde até se incluem sofás com motores), e conta com muitos eventos para explorar e desbloquear.
Apesar de todo o seu espetáculo, Wreckfest não é muito ambicioso no que toca aos visuais, com nada de muito em particular a sobressair-se para além de uma direção crua, mas simplista.
Sem apostar no foto-realismo ou num registo mais cartonesco, Wreckfest é um jogo que, retirando a física e os detalhes de destruição dos modelos dos carros, passava bem por um jogo de início de geração. Esta apresentação, aliada ao facto de o jogo não correr a uma taxa de frames superior a 30fps, deixa um sabor amargo de algo que poderia oferecer acidentes e corridas mais espetaculares e emocionantes.
Outro ponto menos positivo vai para os tempos de loading, que são lentos o suficiente para nos tirarem a vontade de fazer mais uma partida, num jogo perfeito para libertar o stress da rotina diária, especialmente para quem tem que andar muito tempo de carro entre a casa e o trabalho. Contudo, estes são problemas menores, num jogo que é bastante variado, mas, acima de tudo, muito divertido e caótico.
Wreckfest já está disponível na Xbox One e na PlayStation 4.
Este jogo (versão para PlayStation 4) foi cedido para análise pela Dead Good Media.
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