Diversão a dobrar.
Na comemoração dos 35 anos de Super Mario, e enquanto não nos chega uma experiência completamente nova dentro da série principal desde Super Mario Odyssey, os fãs da mascote da Nintendo podem revisitar, ou visitar pela primeira vez, um dos títulos mais acarinhados pela sua passagem na infame Nintendo Wii U, com a conversão Super Mario 3D World, que inclui uma pequena experiência nova com Bowser’s Fury. É, no fundo, um pacote dois-em-um, onde podemos escolher livremente o queremos explorar primeiro, o jogo já conhecido ou a nova experiência.
Apesar de ser um título com alguns anos, lançado originalmente em 2013, o regresso de Super Mario 3D World é muito bem-vindo. Não só é um jogo muito acarinhado pelos fãs da altura, como fazia todo o sentido receber um relançamento como outros títulos da série na Nintendo Switch. É, também, um excelente jogo por si só, até para novos jogadores, uma vez que a Nintendo Switch é um autêntico fenómeno, com muitos jogadores a estrearem-se no mundo da Nintendo, e porque esta, infelizmente, não é retrocompatível com as gerações anteriores.
Super Mario 3D World + Bowser’s Fury pode ser visto como um lançamento completamente novo, mesmo que “70%” do seu conteúdo seja uma conversão direta, sem grandes alterações do jogo original.
Em equipa vencedora não se mexe, abordagem que a Nintendo parece ter aplicado a esta conversão. E ainda bem. Super Mario 3D World é um jogo quase perfeito para aquilo que pretende ser.
Numa mistura entre a liberdade 3D de exploração e navegação e uma perspetiva dinâmica de side-scroller, Super Mario 3D World é um remisturar de ideias antigas e modernas, quer pela estrutura que remete ao Super Mario Bros. original – pela divisão dos níveis por mundos, pelos níveis lineares, pela perspetiva “2D”; quer pelos avanços permitidos nestes jogos desde Super Mario 64 – liberdade de movimentos 3D, revisitação de níveis para apanhar os colecionáveis, pelos objetivos e pelos deliciosos visuais.
Na versão da Nintendo Switch, Super Mario 3D World é extremamente familiar. Conta com um “boost” de resolução adaptado às capacidades da nova máquina, mas é, aparentemente, igual em tudo o resto, tanto a nível visual como mecânico.
Com níveis lineares, variados e coloridos, distribuídos à antiga por mundos temáticos, recheados de inimigos e objetivos quase sempre diferentes, Super Mario 3D World ecoa sentimentos e motivações de outros tempos, onde não só queríamos jogar mais para testar o nosso conforto com a jogabilidade simples de aprender e complexa de usar, como para descobrir que desafios se escondem no próximo mundo.
Viajar por Super Mario 3D World é extremamente orgânico e satisfatório, com níveis pequenos, mas extremamente divertidos de se repetir, com a exceção de um ou outro mais frustrante e desafiante, para podermos apanhar as estrelas e carimbos escondidos no mapa. São lutas contra o tempo onde, por vezes, temos até que decidir se apanhamos tudo ou não, enquanto que, noutras ocasiões, temos até que sacrificar um vidas e pontuação para o colecionismo. Isto, claro, se nos faltar a destreza para fazer tudo de uma só vez.
Toda a diversão e satisfação de jogar Super Mario 3D World deve-se, como seria de esperar, aos controlos aprimorados precisos e tão característicos de um Super Mario moderno, onde correr, pular e quebrar tijolos é viciante, frenético e, em grande parte, muito preciso. Como em qualquer Super Mario moderno, Super Mario 3D World oferece ferramentas aumentadas, gimmicks que servem de ferramentas essenciais para cumprir objetivos, mas com habilidades transversais que podem ser usadas para finalidades semelhantes. Falo dos fatos especiais, daqueles que permitem que Mario dispare bolas de fogo ou boomerangs, ou que se vista de tanuki ou de gato, que podem ser a chave do sucesso para passar um nível ou combater um boss de forma mais facilitada.
Com modos multijogador, há, também, diversão a quadruplicar, que tanto pode ser ótima para ajudar a limpar níveis, como divertida ao tentar coordenar ações ou empatar os nossos colegas. Super Mario 3D World é extremamente divertido, sólido e coeso, com horas e horas de diversão, multiplicadas por escolhas, revisitação e companhia. Um jogo “antigo”, mas essencial para qualquer possuidor de uma Nintendo Switch.
Se Super Mario 3D World não chega, entra Bowser’s Fury, a nova experiência exclusiva à versão da Nintendo Switch. É um mini-jogo, uma expansão e um pequeno levantar do véu daquilo que poderá ser o futuro dos jogos principais de Super Mario.
Adotando o registo visual e mecânico de Super Mario 3D World (onde se destaca o excesso adorável de gatos), da sua jogabilidade, mecânicas e até alguns elementos, Bowser’s Fury é um pequeno episódio extra, de meia dúzia de horas, que atira o jogador para um pequeno arquipélago de ilhas interconectadas em ambiente de mundo aberto, com os seus pequenos ecossistemas e objetivos, como se de níveis isolados se tratassem.
Aqui até temos uma pequena narrativa, servindo de orientação para os nossos objetivos. Bowser ficou fora de controlo e começou a espalhar a escuridão neste mundo. Para o travar, juntamo-nos a Bowser Jr. que nos acompanha para acalmar o seu pai, com o poder da luz, obtido por sois felinos escondidos nas ilhas.
Na nossa jornada vamos visitando as tais zonas, explorando os segredos, eliminando inimigos e até participando em missões secundárias, num registo 3D na terceira pessoa muito semelhante a Super Mario Odyssey. E pelo caminho vamos ter que combater Bowser, em batalhas de boss épicas, onde Mario se transforma num gato gigante para o combater. É ridículo e adorável ao mesmo tempo, com uma curva de dificuldade crescente que requer alguma destreza.
A forma como estes confrontos são aplicados é, contudo, o grande calcanhar de Aquiles desta experiência. Bowser surge periodicamente e não há como parar que ele surja. Podemos ter atenção à medida que ele sobe no horizonte, o que nos pode impedir de avançar para um determinado objetivo mais delicado, enquanto que, outras vezes, torna-se também uma barreira quando temos que esperar por ele para avançar ou para desbloquear algo que só está acessível com os seus ataques.
A experiência de Bowser’s Fury parece, contudo, não passar disso mesmo: uma experiência, um teste para os estúdios tirarem notas do feedback dos jogadores e, eventualmente, implementarem algumas das ideias num jogo completo no futuro. Com meia dúzia de horas para completar, que parece pouco dado ao quão aliciante e motivante é de explorar, Bowser’s Fury é pouco mais do que um docinho satisfatório para preencher o pacote completo do novo Super Mario 3D World. Mas é também um muito bem-vindo.
No fim do dia, Super Mario 3D World + Bowser’s Fury é um excelente pacote. Não é perfeito por não ser mais do que uma conversão + uma expansão experimental com alguns riscos, mas se não olharmos para o jogo de uma forma tão cínica, é extremamente divertido e rejogável, com um nível de afinação e polimento que só a Nintendo é capaz de oferecer.
Seja a solo ou com companhia, localmente ou online, Super Mario 3D World + Bowser’s Fury é um autêntico “must” para todas as idades e, como abri logo no início, talvez seja a melhor experiência moderna de Super Mario até que a “sequela” de Super Mario Odyssey apareça nesta geração da consola da Nintendo híbrida.
Disponível para: Nintendo Switch
Jogado na Nintendo Switch
Cópia para análise cedida pela Nintendo Portugal.