Desde que o Sony Xperia XZ2 foi apresentado, a sequela do XZ1 que experimentámos o ano passado, que ficámos interessados em ver como é que a Sony pretende manter-se no mercado dos smartphones topo de gama.
Tal como o seu antecessor, o XZ2 pode ser um dispositivo com características atuais, mas parece não ir atrás de todas as tendências da indústria, apresentando apenas algumas características expectáveis para um dispositivo de 2018, mantendo-se estática no tempo noutras e apresentando, ainda, características novas ou diferentes da concorrência.
O Xperia XZ2 é o novo topo de gama da Sony
Dentro do XZ2 vamos encontrar o processador Octa-Core topo de gama Snapdragon 845, neste modelo acompanhado por 4GB de memória RAM (disponível também com 6GB), 64GB de memória interna, uma câmara traseira de 19 MP e um frontal de 5MP, um ecrã de 5.7 polegadas e resolução de 1080×2160 com formato 18:9 e uma bateria de 3180mAh.
Tecnicamente pode dizer-se que é um equipamento atual, mas, ao mesmo tempo, demasiado convencional.
O seu design é drasticamente diferente do equipamento do ano passado. A Sony parece ter largado o seu design monolítico característico dos seus equipamentos móveis e aposta agora num equipamento menos industrial e mais arredondado.
Com um chassis em metal, temos uma traseira brilhante e arredondada, revestida a Gorilla Glass 5, tal como no painel frontal, o que lhe confere uma excelente ergonomia de utilização e uma resistência a danos acrescida.
Contudo, embora seja um dispositivo aparentemente bonito, o que o XZ1 tinha de melhor aqui desapareceu, nomeadamente o sensor biométrico, que passou da zona lateral (onde os nossos polegares instintivamente pousavam), para quase o centro da traseira, obrigado a uma ginástica de dedos.
A câmara traseira também mudou de sítio, passando do canto superior esquerdo para o centro do equipamento, num local onde deveria ficar o sensor biométrico. Não são pormenores propriamente negativos, mas podem ser um passo atrás daquilo que já estava estabelecido.
Na lateral direita vamos encontrar todos os botões físicos, do ligar/desligar, aos de volume e, até, ao botão dedicado ao disparo da fotografia.
No fundo temos uma porta USB-C e, no topo, a slot para os cartões microSD e SIM, que se podem trocar com muita facilidade. Mas atenção, abrir esta porta é muito fácil e desliga o dispositivo automaticamente.
Porta áudio 3.5mm, nem vê-la, obrigando, assim, ao uso de auriculares sem fios ou a um adaptador, uma decisão que se manteve.
Por fim temos o ecrã. O seu tamanho é impecável, mas o mesmo não se pode dizer o mesmo da moldura. É um equipamento de 2018 que parece saído de 2015.
O que também não ajuda é o seu peso e a sua finura. É um dispositivo grande e pesado, e que , apesar dos seus acabamentos premium e do uso de bons materiais de construção, não reflete aquilo que os utilizadores de hoje podem estar à procura.
O ecrã é fantástico e vem equipado com as últimas tecnologias da Sony
Mas naquilo que a Sony é mesmo boa é no que toca a tecnologias de imagem, e o ecrã não é exceção. Com a sua resolução de 1080×2160 é, efetivamente, um ecrã Full HD, e não precisa de mais do que as resoluções QHD ou 4K que já se encontram noutros equipamentos, poupando-se assim a problemas de performance e de consumo de energia.
A qualidade de imagem é impecável e o painel vem com algumas características interessantes, como a tecnologia XReality que transforma conteúdo SDR em HDR (High Dinamic Range), tornando os escuros mais escuros e os brancos mais brilhantes, resultando em imagens mais ricas em detalhe. Isto afeta as cores que se sobressaem muito mais do que num ecrã tradicional e podemos assistir a isso facilmente ao visualizar vídeos, fotografias ou jogos.
Os subscritores de serviços de streaming como a Netflix, ou quem procurar no Youtube vídeos neste formato, irão ficar bastante satisfeitos com os resultados.
A Sony continua a apostar em inovações desnecessárias
No que toca a características que pretendem melhorar ou tornar a experiência de utilização diferente, o XZ2 inclui um sistema chamado Dynamic Vibration System, que faz com que o dispositivo vibre consoante o que acontece no ecrã.
A ideia é interessante, na prática nem tanto. Ver filmes ou ouvir música com esta função ligada é problemático. O som sai distorcido, como quando colocamos os altifalantes no máximo, e tudo treme. E colocar o equipamento em cima de uma mesa com a função ligada não nos parece recomendado devido a eventuais danos causados pelo excesso de vibração. É uma função imersiva que destoa e que pode preocupa o utilizador em vez de oferecer algo de novo e agradável.
Contudo, há espaço para a sua utilização, que é com jogos. A Sony tem os seus dispositivos preparados para serem sincronizados com as consolas PlayStation 4, e o XZ2 não é exceção, sendo que podemos tornar o equipamento numa consola portátil.
Tudo funciona extremamente bem se tivermos uma boa ligação à rede. Claro, nem todos os jogos são ideais para usarem controlos táteis, mas nada que um suporte e o emparelhamento com o DualShock 4 não resolva.
Todavia, é precisamente quando jogamos que o sistema de vibração funciona melhor. Não imita o feedback de um comando, uma vez que reage de acordo com o que acontece no ecrã, mas faz algum sentido e aqui já acrescenta algo à experiência.
Mais uma vez, a Sony volta a incluir funções AR e de Scan 3D, que são extras engraçados, mas que pouco evoluíram da versão anterior. Usar o scanner é tão demorado e arcaico como era no XZ1, e o modo de realidade aumentada não é mais do que um modo para meter crianças a interagir com dinossauros e gnomos.
Rápido a tirar fotografias ótimas para guardar e partilhar
Se estão à procura de um Xperia, provavelmente esperam por um bom equipamento para a fotografia. Neste departamento há coisas boas e coisas menos boas.
Para quem não se preocupa com as melhores fotografias no segmento dos smartphones, o XZ2 é uma boa escolha.
A Sony colocou na traseira do XZ2 um novo sensor de 19MP bastante completo, que, para além da fotografia, está preparado para captura de vídeo 4K, colocando-se facilmente no patamar da concorrência.
O XZ2 não vos vai tornar no melhor fotografo de telemóvel do mundo, nem vai permitir que tirem fotografias tão fantásticas como os exemplos guardados na galeria. Ainda assim, é extremamente fácil captar boas fotografias com a aplicação padrão da Sony.
O XZ2 é extremamente rápido a perceber as condições de luz e os sujeitos das fotografias. Os resultados são impecáveis, com imagens pouco tremidas e sem ruído.
Há, também, um modo manual extremamente completo, que nos continua a ajudar nas diferentes opções para conseguirmos tirar aquela fotografia perfeita se quisermos perder algum tempo a compô-la.
A câmara do XZ2 é capaz de capturar níveis de cor e detalhes incríveis, mas que, no fim do dia, só são realmente perceptíveis no próprio dispositivo ou em televisões compatíveis com 4K HDR. Apesar da captura 4K HDR ser conteúdo com uma resolução superior à do dispositivo, é possível reparar na vasta gama de cores que o dispositivo é capaz de capturar.
O Super Slow-Motion está de volta
Outra característica de peso é a possibilidade de gravar vídeo em super-slow-motion a 960fps. O XZ1 pode ter sido o primeiro, mas o XZ2 não é certamente o segundo.
A característica, ainda que não fosse perfeita, foi timidamente adotada pela concorrência e, aqui, a Sony aproveitou para aumentar a resolução de captação para 1080p. Os resultados podem ser impressionantes se as condições de luz forem ótimas. Nunca um abanar de cauda de um cão ou um pingo de café a cair na chávena foram tão dramáticos e emocionantes. A luz continua a ser um inimigo deste modo, sim, mas é bom ver a Sony a apostar nesta tecnologia.
Apesar de termos apenas uma lente, a Sony consegue aplicar efeitos de bokeh nas fotografias de duas maneiras: da maneira real através da app e da manipulação dos parâmetros da fotografia manual, como numa câmara tradicional, ou artificialmente através de uma aplicação própria que tira duas fotografias com abertura diferente e as processa numa só. Esta segunda opção não é, de todo, prática, e os resultados são algo horrível.
É claro que ter uma segunda câmara só para este efeito é desnecessário, portanto nem pode ser visto como um aspeto negativo, pois o que o XZ2 tem de mais “normal”, tudo funciona e os extras, como esta aplicação, são passíveis.
O Android do futuro
O XZ2 vem já com o Android 8 Oreo instalado, escondido por detrás da sua máscara. A Sony volta a ter um conjunto de aplicações e guias bastante úteis para introduzir os utilizadores e, depois disso, temos uma navegação bastante familiar e compatível com o ecossistema Android.
Infelizmente encontrámos algumas aplicações pré-instaladas que não podem ser desinstaladas, como as aplicações da Amazon ou o AVG Protection, ocupando não só espaço na memória do dispositivo, como um lugar nos menus da própria interface. Mas isso pouco ou nada interessa quando a experiência de utilização, foram alguns bloqueios, é rápida e familiar.
Os mais curiosos ficarão contentes em saber que este dispositivo está preparado para receber o Android P, fazendo parte da lista de equipamentos compatíveis com a versão beta.
O XZ2 tem uma bateria de 3180mAh que se comporta de forma expectável para um equipamento moderno, isto é, um dia sem carga com uso moderado a intensivo. Há segurança para sair um dia inteiro e tirar fotografias à paisagem sem ter que ir a carga, mas, pelo sim pelo não, uma powerbank noutro bolso pode ser uma mais-valia.
Considerações finais
O Sony Xperia XZ2 é um bom smartphone. É uma boa adição ao catalogo Xperia. No entanto, não parece ter forças ou características suficientes para dar o salto do XZ1 para o XZ2, parecendo mais uma alternativa no catálogo da Sony por causa do seu design, em vez de uma verdadeira sequela com as suas novidades.
Há coisas novas neste equipamento que são de louvar, mas, ainda assim, parece mais um dispositivo em fase de conceito do que propriamente um produto final, sendo também um testamento de que, apesar dos avanços, a Sony ainda se mantém muito conservadora, o que poderá ser complicado face à concorrência.
O Sony Xperia XZ2 está disponível no mercado por um preço recomendado de 799€.