O novo companheiro dos jogadores da Cloud.
Quando questionámos a Razer para experimentar o seu novo adaptador para smartphones, o Razer Kishi, nada nos preparava para que a Microsoft revelasse que, em breve, dentro de um mês, o serviço xCloud iria ser oficialmente lançando, incluindo o território nacional, e que iria ter uma edição dedicada aos jogadores da Xbox.
Com um modelo desenhado para o xCloud, o Razer Kishi foi, na verdade, apresentado e desenhado para jogos nativos para Android e uma série de outros serviços e aplicações e serviços de streaming, como o GeForce Now ou o Steam Link. A promessa é simples: transformar o nosso smartphone numa consola portátil, seja com o poder do smartphone ou com a ajuda dos diferentes serviços disponíveis. E com o Kishi, a promessa da Razer vai mais além, apresentando-se como um produto universal.
Claro que, apesar de ser um equipamento universal, está limitado a uma série de características utilizadas por dispositivos mais modernos, nomeadamente tendo em conta as suas dimensões, mas, em particular, dispositivos com ligação USB-C. Apesar de tudo, é um salto e uma aposta muito mais abrangente do que, por exemplo, o Razer Junglecat, que oferece um conceito semelhante, mas que está limitado a muito poucos modelos.
O que torna esta solução mais interessante que as outras é a acessibilidade, a forma e a combatibilidade. Em suma, o Razer Kishi transforma o nosso smartphone numa consola portátil ao estilo de uma Nintendo Switch. Aliás, quando montado com um smartphone, as suas dimensões são muito semelhantes e, arrisco-me a dizer que, em conforto e ergonomia, bate a consola da Nintendo.
Quando fechado, o Razer Kishi é extremamente compacto, mais parecendo um comando para a Xbox One com uma forma mais quadrada. Neste formato, dá logo para ter uma ideia da ergonomia do equipamento, com joysticks assimétricos e os botões e o D-Pad a uma boa distância, Sticks clicáveis, gatilhos com resistência… Basicamente tudo o que um comando moderno oferece, mas sem atalhos e gatilhos extra.
É simples, sim, mas simples até demais, porque se nota que a Razer sacrificou os custos de produção com o uso de plásticos. Ainda que sejam de alta qualidade, é difícil não sentir esse lado mais barato. Também poderia ter sido utilizado outro tipo de botões da frente, mais clicáveis e menos suaves, algo que, nos dias de hoje, já não parece muito Razer.
Ainda no formato compacto, este existe meramente para transporte. Não é possível utilizá-lo dessa forma, nem com um cabo ligado à sua porta USB-C – serve apenas de interface para carregar o smartphone – quando está em utilização. O Kishi, quando fechado, apesar de não ser propriamente pequeno, até se transporta bem num bolso, mas também teria sido interessante a Razer oferecer uma espécie de bolsa ou capa de transporte para não corrermos o risco de estragar os seus joysticks.
Um pormenor interessante no corpo do Kishin é a existência de duas ranhuras no lado direito que servem de saída de som das colunas da maioria dos smartphones modernos. Tal garante que os jogadores sem fones podem continuar a ouvir o jogo, mesmo com a sua base abraçada pelo comando.
Usar o Kishi é extremamente fácil, literalmente plug and play. Desde que o vosso smartphone tenha uma porta USB-C e tenha as dimensões recomendadas propostas pela Razer, está pronto a usar. No meu caso, experimentei o periférico com um Huawei Mate 20 Lite, que não aparece na lista de equipamentos recomendados, e foi instantâneo.
A partir de aqui não há muito a dizer sobre o Razer Kishi… a não ser que simplesmente funciona. Teoricamente, qualquer jogo Android com suporte para gamepads – que infelizmente não são tantos como me recordava – é compatível com o periférico, mas reparei que alguns títulos, como PES e Call of Duty, parecem não reconhecer o Kishi. Felizmente, para a promessa do futuro do streaming, é fantástico.
A caminho da chegada do xCloud da Xbox, tive a oportunidade de testar diferentes cenários e jogos, como com streaming direto da consola e mesmo da cloud e, nas melhores condições que estas ligações permitem, foi como usar uma Xbox One portátil. Os comandos, controlos e as ações estão todas onde devem de estar e a ergonomia do Kishin é, na prática, ótima, graças aos seus cantos redondos e encorpados que deixam a palma da mão abraçar o comando e a distância dos dois lados. É muito natural.
Há, contudo, algumas coisas menos positivas que se destacam apenas no início. Como já referi, os botões são demasiado suaves, incluindo os shoulder buttons e os frontais, e a Razer, no modelo standard, resolveu trocar as cores dos botões XYAB, o que pode causar alguma confusão. Felizmente, o modelo dedicado à Xbox, revelado no início do mês, que é igualzinho ao modelo standard, tem esse problema resolvido, juntamente com os botões de Home, Start e Select iguais aos do comando oficial da Xbox.
Apesar de não ter funções de vibração, tecnologias sem fios, Razer Chromas e outros extras opcionais, o Razer Kishi vai direto ao assunto na sua promessa e cumpre bastante bem, prometendo ser um dos melhores amigos dos jogadores em movimento.
Além do xCloud, tive também a oportunidade de usar o Kishi com o fantástico serviço da NVIDIA, o GeForce Now, que me deixou jogar no jardim títulos como Death Stranding e Control, e com o Steam Link, que possui jogos como a recente conversão de Horizon Zero Dawn, revelando-se também um excelente companheiro para aqueles jogadores de PC que gostariam de continuar as suas aventuras longe da secretária.
Mais limitado por não existir xCloud nos sistemas Apple, o Razer Kishi também surge com versão para iPhones, somando assim três modelos, iPhone, Android e Android com branding da Xbox, cada um por 99,99€.
Sim, é verdade que custa mais do que um comando tradicional, mas, para o que pretende fazer, é o mais direto e o melhor que temos no catálogo da Razer, e talvez no mercado, especialmente para equipamentos compatíveis com o mesmo. Sinto que é um periférico obrigatório para elevar as capacidades do mobile gaming e para quem quer mesmo sentir todo o potencial do poder da cloud nas suas mãos.
Este dispositivo foi cedido para análise pela Razer.