Uma lenda que merecia ter ficado perdida no passado.
Anunciado durante uma das mais recentes Nintendo Direct, Raji: An Ancient Evil prometia ser uma viagem interessante e competente pela Índia Antiga, numa demanda pessoal através de um mundo invadido por forças malignas. Com uma aposta na exploração, nas sequências de plataformas e em momentos de combate, o título da Nodding Heads Games parecia estar destinado a transportar-nos para a era da PS2 e dos seus jogos de ação e aventura, mas tal não aconteceu. O que encontrámos foi um jogo repleto de problemas com má jogabilidade e um sistema de combate enfurecedor.
Não devemos, no entanto, menosprezar a aposta numa mitologia raramente vista nos videojogos. Raji: An Ancient Evil apresenta-nos um mundo de deuses, de guerreiros alados e escolhidos, onde as forças do passado tentam influenciar o presente contra um mal maior. Como Raji, vemos o nosso mundo virado do avesso, com monstros estranhos a atacarem e a raptar crianças pelo reino. Golu, o seu irmão, é uma das crianças raptada e cabe a Raji, sedente por vingança, colocar um fim a esta força milenar. Ao seu lado, conta com os deuses que a guiam e lhe contam mais sobre o passado desta cultura tão profunda e diversificada, dando ao jogo uma camada mais educativa que irá satisfazer os amantes de história.
Infelizmente, não consigo tecer elogios à jogabilidade, ao estilo visual e desempenho do jogo. Raji: An Ancient Evil é um título de ação e aventura com uma perspetiva isométrica onde somos caminhados através de um mundo linear e muito previsível. A campanha divide-se por momentos de combate e exploração, onde nenhuma das duas vertentes funciona como o esperado. Em combate, Raji é demasiado limitada, mesmo com a presença de quatro armas distintas e habilidades especiais, colocando-nos em confrontos aborrecidos onde existem picos de dificuldade injustificados. Os inimigos apresentam padrões simplistas e são agressivos ao ponto de não terem qualquer sentido de estratégia, resultado de uma má IA. Os confrontos são exasperantes, cansativos, lentos e pouco interessantes. É uma pena, especialmente quando equacionamos o facto de Raji apresentar vários golpes e a possibilidade de combinar habilidades de movimentação – como a subida de paredes – para criar novos ataques, mas o jogo nunca dá peso à ação e os golpes não têm impacto visual ou sonoro.
No que toca à exploração e às sequências de plataformas, os problemas continuam. Com um mundo linear, existem momentos em que senti as inspirações de Prince of Persia e dos seus saltos arriscados, do deslize por faixas de pano ou até as corridas pelas paredes, algo que Raji tenta utilizar da mesma forma. O problema que é a Nodding Heads Games não limou a sua jogabilidade e deixou-nos com um jogo repleto de problemas técnicos, de bugs e más perspetivas que dificultam a navegação pelos cenários. Num primeiro contacto, vi-me preso num bug que não me permitia avançar, com Raji a ficar presa nos cenários e a não registar os saltos. Seguiram-se sequências de frustração, de saltos para o vazio e de decorações que prejudicaram a minha leitura das plataformas. Para dificultar ainda mais a minha viagem, tenho quase a certeza que encontrei um bug que me impossibilitou de colecionar pontos de habilidade, que permitem evoluir os atributos de Raji, apenas por ter acedido ao menu antes do aviso tradicional. Infelizmente, não consegui divertir-me com este jogo.
Se decidirem jogar Raji: An Ancient Evil, espero que tenham uma experiência diferente da minha, sem bugs ou problemas de desempenho. Queria uma aventura clássica, com bom combate e um foco nas plataformas, mas o que encontrei foi uma constante dor de cabeça que não consegui contornar por mais que tentasse. É um mau jogo? Não, não é. Infelizmente, não lhe posso dar uma nota pior porque existe uma noção de design e de narrativa que complementam a campanha, mesmo pela sua linearidade, mas a nível pessoal é de evitar. Agora vou tomar um ben-u-ron.
Plataforma: Nintendo Switch
Este jogo foi cedido para análise pela Über Strategist.