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Pato mutantes, ovos explosivos e personagens disformes – sejam bem vindos ao mundo de Ponpu!

Ponpu

Como revitalizar um género? É uma pergunta forte que muitos produtores desafiam ao longo da sua carreira, tentando adicionar algo original a fórmulas clássicas e a mecânicas tão tradicionais que já fazem parte do imaginário coletivo. Parece que a Purple Tree aceitou esse desafio com Ponpu, um jogo de aventura, puzzles e ação cooperativa – com uma pitada de jogo de festas –, onde a jogabilidade da série Bomber Man é transportada para um mundo exagerado, cartoonesco e repleto de personalidade que só peca por não conseguir agarrar eficazmente os jogadores no seu loop.

Ponpu é surpreendente quando entramos no seu mundo de contrastes. Com cenários construídos por tonalidades cremes e sombras marcadas, pontuados ocasionalmente por cor – como os olhos das nossas personagens, chaves e outros colecionáveis –, somos convidados a visitar uma realidade onde patos mutantes são capazes de atirar ovos explosivos, destruir partes dos cenários e lutar contra criaturas monstruosas. A nossa missão envolve visitar várias zonas, divididas por níveis, onde a estrutura tradicional de Bomber Man, em que temos de destruir inimigos e abrir um caminho para a próxima fase, se molda a um formato mais vocacionado para a aventura, com cada mundo a apresentar caminhos alternativos, armadilhas e outros desafios físicos.

Longe da sua arte, Ponpu é muito mais seguro do que prometia. Em movimento, só podemos movimentar o nosso pato por quadrados, sem a possibilidade de nos deslocarmos na diagonal, e as bombas têm um limite de choque que é demasiado curto. Os níveis também são muito simples e básicos, com uma arte que também é minimalista, mas existem algumas novidades que não só dão alguma energia à jogabilidade, como me deixam triste por não as ver mais aproveitadas no grande esquema do jogo.

Ponpu

Ao contrário de Bomber Man e de outros jogos do género, Ponpu apresenta um escudo que pode ser utilizado não só para proteger o nosso pato – com quatro modelos à escolha –, mas também para projetar as bombas na direção dos inimigos e desviar ataques. Se ativarmos o escudo a tempo, podemos mudar a direção dos ataques ou contra-atacar rapidamente. Estas adições são muito interessantes e dão ao jogo a possibilidade, por exemplo, de atacarmos à distância, criando assim mais oportunidades de estratégia. No entanto, os cenários são muito pequenos e aborrecidos, e é fácil não sentir o desafio desejado pelos produtores. Os padrões dos inimigos também não ajudam, especialmente quando podem ser parados pelo posicionamento das bombas.

Ponpu acaba por ser muito limitado e senti várias vezes que preferia a experiência tradicional do género, com níveis fechados e focados na destruição de blocos e inimigos. Não quero ser injusto e dizer que preferia estar a jogar a série em que se inspirou, mas infelizmente foi o que senti. A ideia de termos níveis mais extensos e variados é inteligente, criando, assim, a ilusão que estamos perante um jogo menos linear, mas a exploração peca por não termos mais segredos e incentivos para procurar mais caminhos alternativos. Os bosses sofrem do mesmo problema, ainda que sejam os elementos de destaque do sistema de combate.

Não seria um jogo cooperativo e de ação multijogador sem uma variedade de modos online e offline, e Ponpu tenta a sua sorte com algumas adições clássicas. Não só temos um modo Deathmatch, onde quatro jogadores combatem num nível fechado – e aqui, sim, temos a inspiração em Bomber Man a ser levada ao extremo, com o design a relembrar as arenas do clássico da Hudson – como temos: Paint Battle, onde o objetivo é pintar os níveis da vossa cor, qual Splatoon; e Coin Steal, onde têm de colecionar mais moedas que os vossos adversários. São modos básicos e pouco originais, mas funcionam no contexto do jogo, ainda que as partidas que joguei online tenham sido mais caóticas do que divertidas.

Infelizmente, não fiquei apaixonado por Ponpu. Adoro absolutamente o seu estilo visual e a animação das personagens, que passa a sensação que os seus corpos são quase de borracha, com formas invulgares, onde há um enorme equilíbrio entre o esteticamente apelativo e uma certa aversão visual. É diferente e refrescante, ao contrário da sua jogabilidade.

A adaptação da fórmula clássica de Bomber Man é uma boa ideia, mas os níveis nunca me agarraram e a jogabilidade acaba por ser prejudicada pela movimentação rígida do nosso pato. O escudo é uma boa ideia e a variedade de ovos, que podemos equipar, são um incentivo para repetirmos níveis, mas falta qualquer coisa. Não será para revisitar.

Nota: Satisfatorio

Disponível para: PC, Xbox One, PlayStation 4 e Nintendo Switch
Jogado na PlayStation 4
Cópia para análise cedida pela The Amplifier Group.

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