Análise – Out of Line (Nintendo Switch)

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Out of Line promete uma experiência muito atmosférica recheada de puzzles ambientais para resolver.

Vencedor da segunda edição dos Prémios PlayStation Talents em Portugal e desenvolvido pela Nerd Monkeys, Out of Line nunca escondeu as suas inspirações. Em 2017 tive a oportunidade de pegar no jogo durante a Lisboa Games Week e algumas primeiras palavras que saíram da boca de dois jovens produtores formaram Limbo e Inside, os dois aclamados jogos da Playdead que serviram de template inicial antes de Out of Line evoluir para algo novo. Com o tempo, o título pode até tornar-se numa referência na indústria nacional de videojogos.

Diz-nos Francisco Santos, Lead Artist na Nerd Monkey, via comunicado, que “Out of Line é uma aventura inteligente e poética em busca de identidade, contada através de uma coleção de quadros interativos“. De facto, é algo que se comprova assim que pegamos no jogo. A sua arte é fantástica, com um registo de aguarelas onde o nosso pequeno personagem se destaca pelo seu design adorável e cores vivas – laranja, azul e amarelo -, em contraste com os ambientes mais mudos e sombrios, como uma luz de esperança num mundo decadente.

Há uma enorme tentativa em criar uma narrativa exclusivamente visual, uma trademark habitual em produções independentes que, quando bem aplicada, é uma oportunidade de fazer algo mágico. Ao longo de Out of Line, sente-se essa tentativa de aliar os recursos e arte para contar uma história. Percebemos de início que se trata de um mundo consumido pelas trevas e industrialização, onde a natureza se refugia entre ruínas industriais, mas fora essa mitologia e os momentos em que salvamos criaturas para nos ajudar a resolver os puzzles e desafios, ou apanhamos fragmentos de memória, o ritmo e a substância dessa informação dada deixa um pouco a desejar, pois o grande foco desta experiência interativa gravita, quase exclusivamente, nas suas mecânicas e jogabilidade.

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Out of Line entra no campo dos jogos simples de jogar, difíceis de dominar. Não que seja necessária muita habilidade ou destreza, mas porque são vários os puzzles que nos vão fazer torcer a mente. Num formato 2D muito tradicional, controlamos um pequeno rapaz, Sam, que tem ao seu dispor uma lança que lhe dá uma série de habilidades que o permitem resolver todos os desafios. Atirando a lança contra uma parede ou obstáculo, podemos usá-la como plataforma (numa interessante mecânica que substitui o tradicional salto duplo), podemos ativar interruptores, ligar circuitos e usar como alavanca para ativar ou mover partes dos níveis, mas o que é verdadeiramente satisfatório é o recolher da lança, inspirado particularmente no machado de Kratos, em God of War.

Estas ações são expandidas com a utilização de outras lanças temporárias que teremos que usar em conjunto em puzzles de lógica, onde o timing para travar engrenagens, a precisão de acertar em alvos durante um período de tempo e a ordem com que tomamos ações são fatores importantes para o sucesso dos puzzles, que vão ficando cada vez mais complexos.

Out of Line não é um jogo grande. É pequenino, com uma duração de uma a três horas, dependendo da forma como conseguem solucionar os desafios. Não há nada de mal em jogos desta dimensão, e por vezes caem mesmo bem, como foi o meu caso, numa tranquila tarde de domingo. Contudo, admito que Out of Line me começou a desgastar, obrigado a parar depois de alguns desafios cuja lógica e sequência de ações desmoronavam com um simples erro. Tal e qual como se de um longo QTE se tratasse, obrigando-nos a recomeçar de novo o plano lógico da sua resolução.

À custa disso, o meu tempo com Out Of Line foi um pouco maior do que esperava, e a satisfação da resolução dos puzzles mais complexos foi substituída por um alívio.

Além da fantástica arte, Out of Line deixa-se acompanhar por uma banda sonora minimalista ambiental e etérea. E se na maioria das vezes passa despercebida, rapidamente se faz sentir a sua falta se não estiver ativa, algo que me aconteceu na versão da Nintendo Switch duas vezes. Porém, foi rapidamente reposta depois de fazer um checkpoint.

Apesar desse apontamento, Out of Line é um jogo tecnicamente bastante sólido. Uma pequena pérola polida onde se sente que o tempo de produção para um projeto destes foi muito bem investido. Olhando para o desenvolvimento do jogo e da forma como se foi transformando, a sua chegada ao PC e à consola da Nintendo é, sem qualquer dúvida, uma vitória. E uma que merece bem a nossa atenção.

Não é perfeito, mas também não precisa de o ser. É uma experiência singular e atmosférica para jogar com calma e descontracção, especialmente para quem gosta de puzzles ambientais.

Out of Line pode ser encontrado na Nintendo Switch via Nintendo eShop e no PC, via Steam, Epic Games Store, GOG.com, Gamesplanet.com, Humble Store e Windows Store. As versões para Xbox e PlayStation serão lançadas numa data ainda por anunciar.

Nota: Bom

Disponível para: PC e Nintendo Switch
Jogado na Nintendo Switch
Cópia para análise cedida pela Nerd Monkeys.

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