Análise – Ninebot KickScooter F2 Pro

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Será esta uma boa opção para os vossos trajetos diários? Bom, tudo dependerá do sítio onde vivem. E das condições atmosféricas.

Antes da pandemia, Portugal, mais especificamente a zona de Lisboa, vivenciou uma febre de trotinetes elétricas partilhadas. Chegámos a ter, na cidade, mais de 10 operadores diferentes, o que mostrou que havia demasiada oferta para a procura.

Com o passar do tempo, várias empresas deixaram de ter trotinetes no nosso país, pelo que acabámos por ficar “limitados” às propostas de um mão cheia de marcas, o que era mais que suficiente. Depois veio a pandemia, deixou tudo em standby, mas, ao longo do tempo, este nicho de mercado voltou a mexer novamente.

São cada vez mais as marcas que apostam nestes veículos. Afinal de contas, são uma inteligente opção de deslocação para o trabalho, desde que esse trajeto seja fazível, é claro. Oferta é coisa que não falta, pelo que muitos utilizadores começaram a não pegar no carro e a evitar os transportes públicos para se deslocarem nas suas trotinetes. Mas lá está, tudo depende do sítio onde vivem – em meios rurais é complicado dar-se muito uso a este tipo de veículo.

No mercado, a Segway-Ninebot é uma das mais conhecidas, apresentando novos produtos regularmente. E com lançamentos regulares por ano, foi antes da chegada do verão que lançou no mercado a nova série KickScooter F2, constituída por três modelos – F2, F2 Plus e F2 Pro – veículos pensados para quem vive em grandes cidades e que podem beneficiar da possibilidade de mudar de meio de transporte, permitindo chegar com segurança ao destino. No fundo, trata-se de uma forma eficiente de evitar engarrafamentos de trânsito.

No ano passado, a marca cedeu-nos o modelo de entrada da gama KickScooter D, o D18E, e achei um veículo demasiado caro para o que oferecia, ainda que servisse perfeitamente para trajetos bem curtos. Já este ano, tivemos a oportunidade de receber o modelo mais avançado da KickScooter F2, o F2 Pro, e a minha opinião já é bem diferente. Lá está, passar de um modelo de entrada de gama para o modelo mais potente muda claramente a opinião de alguém.

Mas antes da experiência propriamente dita, vamos às características técnicas deste modelo: motor de 450W, peso de 18,5kg, autonomia de até 45km, velocidade máxima de 25 km/h, pneus pneumáticos sem câmara de ar com camada de gelatina (os chamados pneus autorregenerativos) de 10″, luz dianteira integrada de 2,1W, até 22% do ângulo de inclinação, campainha de pressão incluída, bateria de 460 Wh, ecrã LED a cores, três modos de condução e, ainda, refletores E-MARK na dianteira, laterais e traseira. Para este modelo, recomenda-se que, quem a conduza, não pese mais de 120kg e que tenha mais de 14 anos.

Ao tirá-la da caixa, rapidamente notamos o seu peso de 18,5kg, bastante considerável, o que não a torna propriamente transportável em modo dobrável – recomenda-se mesmo que a conduzam e, quando chegam ao destino, a dobrem e a guardem algures.

A nível de design, as trotinetes acabam todas por ser bastante parecidas umas com as outras. Podem mudar as cores, os tipos de pneus, o guiador ser mais ou menos largo e ter alguns botões extra, mas a nível de estrutura base são todas muito semelhantes. No caso da F2 Pro, bem como da restante série F2, os apoios dos pés já não são em vermelho vivo como no caso da série D, mas sim em preto, o que lhe dá um ar mais sóbrio, mas sem dar tanto nas vistas.

É também importante salientar algo importantíssimo: os pneus auto-vedantes sem câmara de ar de 10 polegadas. Não só tornam a condução mais suave, mesmo em estradas sinuosas ou terrenos acidentados, como são mais estáveis relativamente a outros pneus de outras trotinetes, graças aos seus 58mm de largura. Além disso, a camada gelatinosa é bastante útil em caso de furos, que podem ser facilmente resolvido sem recurso a manutenção especializada.

Na mesma zona, referir que a F2 Pro está equipada com travão de disco dianteiro e travão eletrónico traseiro, algo que garante uma travagem mais rápida e estável para o condutor. Felizmente, nunca necessitei de fazer uma travagem repentina – e dito isto, muita atenção quando estiverem a andar de trotinete! Não é aconselhável levarem auriculares que isolam o ruído exterior…

Mas bom, voltemos ao momento de montagem. Depois de retirar a trotinete da caixa, que vinha dobrada, rapidamente a deixei pronta. Primeiro que tudo, devem desdobrar o suporte e, logo depois, desdobrar a haste do guiador e fechar a alavanca de libertação rápida. Seguidamente, devem deslizar o guiador sobre a haste com o farol virado para a frente. Finalmente, basta instalar os quatro parafusos em ordem (dois de cada lado) com a chave hexagonal incluída. E está feito!

Assim que ligarem a F2 Pro à corrente, serão necessários três segundos para ativar a bateria antes da primeira utilização. Ouvem um bip… e está ligada e pronta a funcionar! Mas não pensem experimentá-la antes de ser efetivamente ativada via app – é que, caso não o façam, a trotinete continuará a emitir sinais sonoros enquanto estiver ligada, estando a sua velocidade limitada a apenas 15 km/h. Mas o registo é fácil: basta descarregar a app Segway-Ninebot e registar uma nova conta ou fazer login numa já existente e, com recurso ao Bluetooth, emparelhar a F2 Pro ao vosso smartphone, finalizando a ativação.

A partir daqui, é divertirem-se. Se nunca utilizaram uma trotinete, bom, a condução não tem nada que saber. Assim que a ligam, devem colocar um dos pés no tabuleiro dos pés – a base -, enquanto que o outro terá a função de dar um ligeiro impulso, isto enquanto pressionam o acelerador suavemente. Quando já estiverem em andamento, colocam o outro pé no tabuleiro de pés, de forma a que fiquem equilibrados, e continuam a viagem. É apenas isto – ainda mais simples que andar de bicicleta.

Mas para aqueles sem qualquer experiência com trotinetes, a app da Segway-Ninebot irá alertar-vos para uma série de parâmetros, dizendo-vos para usarem capacete e proteções nos cotovelos e joelhos, assim como para verificarem o estado dos pneus. Estão então prontos para viajar.

Daqui em diante, irão principalmente concentrar-se no ecrã LED, que vos dá informações da velocidade, modo de condução e autonomia, bem como no botão do lado esquerdo para travar e no do lado direito para acelerar. E claro, não nos podemos esquecer da campainha, super útil para avisar peões que estejam nas ciclovias. Além disso, esta F2 Pro é o único modelo da F Series com uma buzina elétrica de altos decibéis, que é ativada caso alguém a tente roubar.

É tudo bastante responsivo e imediato neste modelo. Quem já utilizou as trotinetes que mencionei no início do texto irá sentir-se em casa, por outro lado, quem está a experimentar pela primeira vez pode ter algum receio, mas dada a tal estabilidade que também já referi, rapidamente irá ganhar confiança e perder o medo.

Naturalmente, esta é uma trotinete pensada somente para uso citadino… e é logo aqui que reside um dos problemas. Muitas cidades portugueses têm subidas íngremes e descidas acentuadas, fazendo com que, nessas zonas, o uso de uma trotinete seja impossível. Mas dependendo do modelo em questão, o resultado final pode ser muito diferente.

Por exemplo, aqui em Setúbal, cidade onde moro, tentei fazer o trajeto desde a minha casa até ao local de trabalho da minha esposa. Mas à semelhança da minha experiência com a D18E, voltei a não conseguir. Porém, estive mais perto do que nunca do objetivo.

Não o consegui essencialmente por dois motivos: falta de ciclovias e subidas demasiado íngremes. É que, mesmo com o motor de 450W da F2 Pro, mais potente até que o modelo mais caro da D Series, que permite a esta F2 Pro um ângulo de subida de até 22% e uma velocidade máxima de até 25 km/h – o que me daria um bom impulso para enfrentar estas subidas -, a verdade é que é me deparei com demasiada inclinação para continuar esta viagem, o que fez com que tivesse de recorrer ao meu pé para dar balanço. Nestas casos em que é difícil utilizar a trotinete, recomenda-se que optem pelo Modo de caminhada, pois sempre poupam bateria.

Setúbal é uma cidade que já começa a ter vários passeios, onde se incluem ciclovias, mas ainda há muito trabalho pela frente. Dito isto, o uso de trotinetes na cidade somente se recomenda na zona do Alegro Setúbal, junto às docas e numa ou outra zona. Isto caso prezem a vossa segurança e não se habilitem a conduzir a trotinete na estrada propriamente dita, o que é um perigo, embora muita gente o faça. Em todo o caso, nota-se que as marcas têm cada vez mais atenção com estes veículos e o seu constante uso, pois esta F2 Pro até conta com um botão para indicar a vossa mudança de direção, seja para a esquerda ou para a direita, com luzinhas que acedem para o respetivo lado tanto na dianteira, como na traseira. Uma funcionalidade que, parece-me a mim, dará mais jeito no período noturno, embora não recomende muito andarem de trotinete à noite.

No que toca aos pisos irregulares, nas viagens que fiz passei por imensas pedras da calçada. E finalmente a Segway-Ninebot conseguiu com que as pedras não se sentissem demasiado. Essa estabilidade deve-se a três fatores: o seu guiador mais largo, que torna a viagem mais confortável; à suspensão de mola dianteira, que garante uma condução mais suave; e graças aos já mencionados pneus autorregenerativos sem câmara de ar de 10 polegadas, que realmente fazem toda a diferença em trajetos mais complicados.

Graças a tudo isto, utilizar a F2 Pro em estradas portuguesas vai ser um mimo, pois quando forem a passar por pedras da calçada, já não irão sentir o vosso corpo a tremer por todos os lados, como se estivesse a escangalhar-se. Além disso, e para melhorar a aderência ao solo, a F2 Series conta com um sistema de de controlo de tração (TCS) especialmente indicado para pistas de gravilha ou pisos escorregadios, melhorando a estabilidade e segurança. Pode dizer que pode dar muito jeito para estes dias em que as estradas estão bem escorregadias, ainda que não se recomende, de todo, que não andem de trotinete à chuva.

Resta-me abordar a autonomia, que achei perfeitamente adequada. Já sabemos que as marcas tendem a anunciar determinados resultados de autonomia recorrendo a testes específicos e em ambientes controlados, sendo praticamente impossíveis de replicar. No caso da F2 Pro, diz a marca que os 55 km de autonomia foram conseguidos com uma pessoa que pesava 75kg enquanto conduzia a uma média de 16 km/h.

Sejamos sinceros: andar a uma velocidade mais baixa, quando o nosso veículo permite andar a uma velocidade superior, não dá pica nenhuma. Somente vejo alguém a fazê-lo numa situação de, lá está, querer poupar bateria. Ou seja: vai ser praticamente impossível conseguirem os 55 km de autonomia, a não ser que circulem sempre em Modo ECO, que reduz a velocidade para 15 km/h, e que tenham o Bluetooth sempre desligado. Mas isto não é tirar real partido das capacidades do veículo.

Dito isto, diria para aproveitarem todas as potencialidades da trotinete. Experimentem o Modo ECO, o Modo D (modo padrão), que limita a velocidade a 20 km/h, e experimentem o Modo S (modo desportivo), para desbloquerem os 25 km/h, e logo decidem o que vos mais vos satisfaz. Em todo o caso, diria para apontarem para uma média de 35-40km de autonomia por utilização antes de a levarem à carga, o que é bastante bom.

E por falar em carga, para mim o grande problema é a quantidade de tempo que demoramos a carregar esta trotinete. Precisam de cerca de sete horas para ir dos 0 aos 100% de carga… é demasiado. Bastará alguém esquecer-se de colocar a trotinete a carregar quando chegar do trabalho para não a conseguir utilizar no dia seguinte. E este problema só será resolvido quando alguma marca avançar com o fast charging para este tipo de baterias. Até lá, é como vos disse: têm de saber jogar com a autonomia da trotinete.

Quero acabar esta análise com nota positiva, dizendo que dobrar a F2 Pro é facílimo. Basta desengatar o gancho de pressão da fivela e, em seguida, desdobrar a haste do guiador e fechar a alavanca de libertação rápida. Não sei porquê, tive extrema dificuldade com este ponto quanto testei a D18E, mas felizmente não foi isso que se passou com a F2 Pro. Posso finalmente dizer que dobrar uma trotinete é algo que pode ser feito com pouco esforço!

No fim do dia, não posso não recomendar a Ninebot F2 Pro. As melhorias são gritantes face à D Series, pelo que, se vivem perto do trabalho, têm ciclovias disponíveis, e subidas íngremes não fazem parte do vosso trajeto casa-trabalho e trabalho-casa, então investir os 599€ é, sem dúvida, uma excelente opção.

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