NBA 2K22 – O simulador de basquetebol que joga na sua própria liga

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Mais um ano que passa e mais uma época em que a 2K é líder de um nicho onde compete sozinha. Com o monopólio do mercado, as queixas que se prendem com a lenta, e por vezes impercetível, evolução da franquia de ano para ano é uma constante. Mas será que com NBA 2K22 se justificam?

Até 2018, a 2K tinha a concorrência direta da EA Sports, criadora de NBA Live (coisa que deixou de acontecer). Desde então poucas melhorias existiram até 2021, ano em que The Neighborhood foi anexado ao MyCareer e The City foi introduzido para o mesmo efeito, mas já nas consolas da nova geração.

Em NBA 2K22, a cidade tomou o modo MyCareer de assalto, tendo sido incorporada a 100% na nova história de carreira rumo ao estrelato da NBA. Para além do basquetebol universitário e o draft de acesso à NBA, há a opção de jogar na G League, enquanto em simultâneo é possível tentar a sorte na indústria musical ou no mundo da moda, entre muitas outras atividades.

Na história desde ano, a narrativa gira em torno de MP (alcunha da personagem principal), um jovem com poucos anos de experiência no basquetebol, mas com uma legião de seguidores nas redes sociais. A sua carreira é gerida como se de uma marca se tratasse pelo seu brand manager. Tem piada terem optado por este tipo de história este ano, visto que um atleta ter uma marca própria é uma coisa bastante muito comum de acontecer nos dias de hoje.

No geral, a ideia de integrar a cidade no MyCareer foi genial, mas, na realidade, acabou por ser mal executada, apesar da experiência não ser propriamente má. Vou descrever as falhas na esperança que esta análise chegue a alguém da 2K e alguma coisa seja feita para otimizar este modo de jogo.

nba2k22 echo boomer 3

Pessoalmente, em 2K21 valorizava a fluidez na narrativa, recorrendo à cidade/bairro só quando precisava ou queria fazer alguma coisa específica. É o meu estilo de jogo. Com esta incorporação, há uma obrigação em passar bastante tempo na cidade, o que acaba por ser mau, dado que ainda há muitas falhas e a interação com a mesma é pouco user friendly.

Essas falhas prendem-se com vários fatores. Um deles é perder-se imenso tempo (irrelevante para o progresso) a andar de um lado para o outro de forma a fazer a história andar, com as decisões que vão sendo tomadas. Apesar de haver a opção de deslocação num skate ou BMX, não é assim tão rápido e, tal como a correr, essas deslocações não trazem benefício nenhum. Anexado a isto, os movimentos da personagem e a sua interação com os meios que o rodeiam na cidade dão origem a uma série de bugs percetíveis, roubando naturalidade e realismo ao jogo – a andar de skate ainda é pior. A 2K precisa de introduzir rapidamente a opção de saltar as viagens para todos os locais/objetivos, não prejudicando quem quer jogar o MyCareer de forma objetiva e otimizar o tempo que passa à frente da televisão.

Depois, para a dimensão da cidade, não há assim tanta coisa interessante para ver (torna-se rapidamente repetitivo) e as atividades não ligadas ao basquetebol acrescentam pouco ou nada ao rumo da narrativa, tratando-se de dinâmicas inúteis, para além de pouco divertidas.

Outro ponto negativo do MyCareer está ligado a um erro antigo frustrante quando se está a fazer um jogo contra a consola. Quando se faz switch na defesa, para responder a uma movimentação inesperada da equipa adversária, o jogo não assume essa intenção e não reorganiza a equipa nem muda as marcações de cada jogador. Para compensar e não sair penalizado, é preciso andar a sprintar para marcar o jogador que ficou livre durante o switch não assimilado pelo AI do jogo. Para fechar o assunto do MyCareer, voltando à cidade, o detalhe gráfico, cores e contrastes necessitam de ser otimizados, visto que estão longe do potencial visual da PS5.

Acredito que, nos anos vindouros, a cidade vai continuar a ganhar protagonistas, visto que é o modo de jogo estrela, logo vai acabar por receber inúmeras melhorias. Como já disse, a ideia foi ótima e nada impede que outros jogos desportivos adoptem este modo de jogo em mundo aberto (só têm a ganhar com isso). Não obstante, a verdade é que esta incorporação não teve a melhor execução e a cidade ainda está longe do seu enorme potencial.

Nos restantes modos, as mudanças foram menos drásticas. A WNBA ganhou mais espaço este ano (literalmente) e agora tem inclusive um modo de carreira de jogador, parecido com um MyCareer muito despido, ideal para quem preferir uma experiência mais simples e focada. Por vezes este modo parece simplório demais, mas não tenho dúvidas que, à semelhança do MyCareer, também vai ser um modo com desenvolvimento considerável nos próximos anos. A minha certeza reside no facto de que a 2K está a criar um produto comercial que funciona em simbiose com as ligas masculinas e feminina (que tem vindo a ganhar popularidade). A cereja no topo do bolo seria incorporar a WNBA no MyCareer, sendo que o jogador optava por fazê-lo com um homem ou uma mulher. Modéstia à parte, esta ideia seria incrível.

nba2k22 echo boomer 2

O MyTeam, como tem sido normal de ano para ano, ganhou novas dinâmicas e ficou mais completo. A dinâmica que mais me saltou à vista foi a introdução do Card Grading (muito popular nas cartas físicas para efeitos de coleção). Não estava à espera, mas o conceito adaptado a este modo é deveras interessante e útil, porque após as cartas passarem a ser graded, dão bónus VC (moeda virtual) quando são usadas durante os jogos e o preço de mercado dessas cartas graded também é mais alto do que o das normais. Não tenho dúvidas que vão haver outros jogos a replicarem esta ideia e espero bem que o façam. Por outro lado, o MyTeam continua a ser fortemente baseado em microtransações, o que o torna um bocado inacessível para jogadores free-to-play.

Ainda dentro dos modos de jogo, o fim do modo MyGM (General Manager), que era um bocado redundante e um pouco aborrecido, fez com que outro modo pudesse finalmente ser melhorado. O MyNBA está agora mais completo na área do staff, com mais detalhes e informações dentro de cada área organizacional. Não é um game changer, mas vem colmatar a liquidez do modo MyGM. O que significa que aqueles que procuram a experiência de gerir um franchise não foram esquecidos no processo.

Chega de falar dos modos do jogo. É hora para falar do jogo em si, que este ano sofreu inúmeras mudanças, maioritariamente positivas. No ano passado foi alterada a barra de lançamento ao cesto (shot meter) de forma inconsequente, só para obrigar a malta que já dominava o shot meter anterior a ter de o re-aprender de raíz. Este ano voltou a mudar, mas foi uma mudança muito bem pensada a ajustada ao que se passa no desporto fora do jogo. Agora, para além da skill do jogador que está a lançar e da cobertura que tem, a zona de acerto no shot meter também é influenciada pelo cansaço atual do jogador. Isto é uma ideia extremamente bem pensada!

Tendo energia e espaço para lançar a bola, traz mais garantias de conseguir um cesto com tranquilidade. Contudo, este ano, o AI da defesa levou um boost enorme face a 2K21, o que torna bem mais difícil encestar em jogadas de contacto, principalmente dentro do garrafão. Atualmente há mais premiação para a paciência na construção ofensiva (pick n’ roll for the win), sendo a melhor forma para criar espaço e ter mais eficácia na hora de concluir a jogada. Por outras palavras, atacar o cesto à lambão ou à bruta já não funciona tão bem.

Uma coisa que mudou e que vai entrar em desequilíbrio com o que referi acima foram os timings para os dunks e alley-oops. Agora é mais fácil fracassar junto ao cesto, o que vai fazer com que haja um aumento de procura de jogadas que terminem em open shots mid-range e do perímetro.

No que toca a outras melhorias no jogo dentro das quatro linhas, os gráficos foram melhorados e existem agora mais animações de drible e movimento, o que faz com que cada jogada pareça mais autêntica e única. Os modelos de gestos para cada jogador também estão mais completos e fiéis à realidade, o que é um rebuçado para os verdadeiros fãs da NBA.

A nível de interface, os menus de navegação não ficaram mais simples e intuitivos, sendo que, no menu principal, passa arquivo vídeo e nos secundários as músicas do jogo. É muito bonito, exceto que, quando estamos a explorar e andamos navegar entre os dois, a música fica intermitente com relatos, o que não é uma experiência auditiva muito boa. Já os load times estão melhores no geral, mas no MyCareer carecem de otimização.

O veredito final é francamente positivo. Mesmo admitindo que este não é o jogo que veio revolucionar a franquia, certamente elevou-a a outro nível, principalmente nas mecânicas de jogo. Há também algumas ideias interessantes a serem introduzidas que vêm tornar o jogo mais interessante para toda a gente. No MyCareer tentaram criar algo diferente para além da clássica história linear de basketball e, apesar da execução não ter sido fantástica, satisfez. O facto de haver imensas opções após o término da narrativa base faz com que o MyCareer não caia no aborrecimento. Sem dúvida que tem um futuro promissor. Posto isto, NBA 2K22 é um jogo de simulação realista e refrescante que vem alavancar o basquetebol virtual. É o melhor jogo dos últimos 5 anos da franquia.

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Cópia para análise cedida pela InfoCapital.

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