Enquanto Devil May Cry não surge com um quinto capítulo, ou com uma sequela do seu reboot DmC, da Ninja Theory, a Capcom ofereceu aos fãs e novos jogadores a oportunidade de jogarem os três primeiros jogos da série nas consolas modernas, tirando partido das altas resoluções e do desempenho melhorado.
Devil May Cry HD Collection é o relançamento da coleção de 2012, surgindo agora para PlayStation 4, Xbox One e PC, e que, apesar do potencial de uma remasterização deste calibre, faz o mínimo dos mínimos para trazer três bons jogos para a nova geração, resultando num pacote tecnicamente desatualizado e pouco apetecível.
Esta coleção conta com três jogos: o original Devil May Cry, o menos favorito dos fãs, Devil May Cry 2, e o muito adorado Devil May Cry 3 Special Edition.
As primeiras impressões com esta coleção não são as mais positivas, pois o jogo dá a sensação de ser uma conversão da coleção anterior. Uma conversão que, diria até, preguiçosa, quando começamos a navegar nos menus.
Os jogos podem correr a 1080p e a 60fps (um limite estranho quando já se esperava, pelo menos, o suporte de 4K para a PlayStation 4 e Xbox One X), mas o mesmo não se pode dizer dos menus dentro dos jogos que parecem saídos da PlayStation 2, com texturas baixas, imagens desfocadas e sons de baixa qualidade.
Antes de iniciar o jogo, fui verificar os extras onde temos acesso à banda sonora e fiquei, honestamente, desapontado com a qualidade sonora, algo que não abonou positivamente antes de me lançar aos jogos.
O menu inicial mostra-se intocável da anterior coleção HD para a PlayStation 3 e Xbox 360, mas, dentro dos jogos, parece não ter havido dedicação em refazer menus nem interfaces de jogo desde as suas versões originais, com uma apresentação de imagens e botões desfocados, e com um aspeto hediondo para o que se pede em um jogo de 2018.
Este fraco tratamento também é dado às cinemáticas pré-renderizadas com formatos 4:3 de baixa resolução.
O primeiro jogo é capaz de ser o mais “maltratado” dos três, onde se nota que envelheceu tecnicamente mal e onde as pequenas alterações que foram feitas resultaram num produto final de pior qualidade, com efeitos sonoros repetitivos em loop e músicas que começam e param drasticamente.
Apesar de Devil May Cry 2 e 3 sofrerem dos mesmos problemas de apresentação, é interessante verificar a evolução visual da série ao longo de uma geração. Devil May Cry 3 mostra-se o jogo mais bem tratado do pacote, e, sendo por si só o jogo mais apetecível, já vale a pena o jogo.
A jogabilidade dos três jogos parecem manter-se preservadas. Por um lado é ótimo para jogadores de longa data, especialmente os que começaram na PlayStation 2, e que, agora, na PS4, com o uso do DualShock 4, irão sentirem-se em casa. Contudo, é possível ver como é que estes jogos envelheceram e teria sido interessante ver um ajuste e afinação dos controlos para algo mais contemporâneo.
Uma vez que os menus também são os mesmos, navegar para ver o mapa e fazer gestão de armas e melhorias também não é uma experiência muito agradável, requerendo mesmo alguma paciência até atinarmos com a navegação correta.
No entanto, é difícil ignorar a sensação de, por vezes, estarmos a jogar um produto emulado de há duas gerações atrás, mesmo que os jogos corram efetivamente bem.
Devil May Cry HD será um jogo mais indicado para fãs da saga a quem o efeito nostálgico faz com que aceitem os atalhos desta conversão. Por muito interessante que seja para novos jogadores ter esta série nas consolas atuais, a sua apresentação descuidada e mecânicas já datadas fazem desta coleção um jogo que parece emulado, o que irá certamente causar muita estranheza, e até desmotivação, após o primeiro contacto.
Devil May Cry HD Collection já está disponível para a PlayStation 4, Xbox One e PC (Steam).
Devil May Cry HD Collection
Nota: 6/10
Este jogo foi cedido para análise pela Ecoplay.