Bose Earbuds Ultra Open

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São o primeiro produto do género da Bose. Embora com potencial, a falta de cancelamento de ruído e um áudio imersivo que não funciona particularmente bem deixam os Bose Earbuds Ultra Open a desejar face a outras propostas da concorrência.

Quando normalmente falamos e pensamos numa marca de som premium, com elevados parâmetros de qualidade e fidelidade, é quase automática a nossa associação à marca Bose.

Isto acontece naturalmente tendo em conta o historial de equipamentos de elevada qualidade lançados pela marca desde o seu aparecimento, juntamente com a crescente preocupação desta em oferecer características que mais nenhuma marca oferece, em especial na categoria de som.

Ora, já depois de termos analisado os Bose QC Ultra Headphones, a marca enviou-me, há umas semanas, os Bose Earbuds Ultra Open, que só pelo nome percebe-se que se trata de um par de auriculares… com um formato muito particular. Mas já lá vou.

Faço-vos algumas questões desde já: gostavam que o vosso sistema de som doméstico vos acompanhasse para todo o lado, mas isto enquanto estão atentos ao que se passa à vossa volta? Têm filhos e não querem que eles fiquem isolados do resto da casa e totalmente desligados de qualquer incidente em casa quando estão a ouvir música ou a navegar nas redes sociais? Então a proposta da Bose é indicada para estes casos.

Mas não só. Por exemplo, muitos de nós trabalhamos num escritório com colegas e utilizamos cancelamento de ruído com modo de alerta – quando tal é possível – para estarmos em contacto com eles, mas há uma coisa inegável nestas situações: no fim do dia, estamos cansados por utilizar auscultadores durante horas a fios.

E quando não estamos a usar auscultadores, o que fazemos é, se tal for possível, ter música a tocar com um volume baixinho a sair das colunas do computador ou outro dispositivo, para que possamos estar atentos ao que se passa à nossa volta. Mas não seria bom que tivéssemos uma boa qualidade sonora, com um bom volume, ao mesmo tempo que sabemos o que se passa em nosso redor?

Os Bose Earbuds Ultra Open vêm resolver todos estes problemas, naquela que é a nova abordagem da conhecida marca de áudio neste campo, uma vez que tem estado “obcecada” com este tipo de audição. Basta lembrarmo-nos de produtos como os SoundWear, os óculos Bose Frames ou alguns auriculares do tipo formato aberto.

No caso dos Ultra Open, diz a marca que foram concebidos para os amantes de música que têm uma playlist para qualquer estado de espírito ou momento, até porque, lá está, são auriculares que não nos isolam do mundo.

Mas vamos à experiência propriamente dita. Assim que procedo ao unboxing, vou diretamente ao que me interessa, o estojo de carregamento, com um formato bem comum – aqui as marcas não inventam muito, com bases de carregamento em formato quadrado, retangular, oval ou mais achatado, como é aqui o caso. É, porém, no seu interior que estão os auriculares, que mais parecem uns acessórios.

Quem está habituado a auriculares, mesmo que já tenha experimentando de outros formatos, inclusive aqueles que se prendem ao longo de toda a orelha, vai certamente estranhar… mas este é daqueles casos: primeira estranha-se, depois entranha-se. Há quem diga que os Bose Earbuds Ultra Open têm o formato de um punho, mas na verdade até se parecem mais com uma braçadeira, ou uma alça, graças à forma como ficam presos – ainda que o seu design tenha sido inspirado em peças de joalharia. Basicamente, inserem a parte da “cabeça” (áudio do auricular) no ouvido e, como têm uma vedação flexível, basta colocá-los na parte de trás da orelha, isto é, prendendo – ou abraçando, vá – ao lóbulo auricular. Essa ponta, onde encontramos a bateria, surge em formato de cilindro, proporcionando aderência suficiente para manter os auriculares seguros em qualquer tamanho de orelha.

Como disse, é uma sensação pouco comum, mas rapidamente nos habituamos. E não, não são nada desconfortáveis. Na verdade, como a pega é leve, após uns minutos rapidamente nos esquecemos que eles existem – obviamente, o uso excessivo, ou demasiado prolongado, irá sempre criar algum desconforto, mesmo que mínimo. Mas para o dia-a-dia, para várias situações onde nos queremos desligar, mas ficar atentos na mesma, acabam por ser uma solução a ter em conta. Os auriculares têm também boa qualidade de construção, em plástico de boa qualidade, à semelhança do estojo de carregamento.

Usar os Bose Earbuds Ultra Open requer alguma habituação a nível de controlos, mas nada de complicado. Por exemplo, para reproduzir ou pausar uma música, basta pressionar o botão localizado no cilindro de um dos fones. Já para avançar para a próxima faixa bastam dois toques. Se quiserem retroceder? Três toques. E caso queiram aumentar ou diminuir o volume sem mexerem no telemóvel, a coisa também é simples: basta pressionarem duas vezes o botão no fone auricular esquerdo e deixar uns segundos para diminuir o volume, e pressionar duas vezes o botão no fone auricular direito e deixar uns segundos para aumentar o volume.

Caso recebam chamadas enquanto usam os auriculares, basta um toque num dos botões de um dos fones para atender. Se por acaso receberem uma segunda chamada, basta tocar novamente no botão para aceitar essa nova chamada, enquanto a anterior fica em espera. E para encerrar/rejeitar uma chamada, nada mais simples: basta dois toques num dos botões.

O design dos Bose Earbuds Ultra Open deve-se, também, ao facto de a Bose querer “espremer” ao máximo a sua tecnologia OpenAudio, que projeta um som profundo e rico através de uma curta distância de espaço aberto até ao canal auditivo. Basicamente, esta tecnologia proprietária da conhecida marca faz com que cada auricular utilize um minúsculo sistema de transdutor dipolo concebido para um áudio pessoal alto e nítido que permanece no ouvido – em vez de ir para todo o lado.

E isso nota-se com um simples exercício. Experimentem um par de auriculares tradicionais, mas mantidos ligeiramente fora dos ouvidos. Se retirarem os auriculares dos canais auditivos e os mantiverem junto aos ouvidos à mesma distância a que se encontram os Ultra Open Earbuds, irão notar não só que o volume é muito maior nos Ultra Open Earbuds, como os graves são mais ricos.

Dito isto, o que dizer da qualidade de som? Sou sincero: esperava mais – comparativamente a outros auriculares que já testei. É verdade que há sempre compressão de áudio devido à tecnologia Bluetooth, mas para preservar a qualidade ao máximo, podem sempre utilizar o TIDAL… ou o Apple Music. Se, por um lado, notei muito detalhe e riqueza sonora em vários estilos musicais – desde o pop ao rock, passando pelo metal, mesmo a nível de vocais, não tendo sentido qualquer nível de distorção -, fiquei francamente desiludido quando me apercebi que estes auriculares não são, de todo, os mais indicados para estilos como eletrónica ou shoegaze. Há, claramente, algo de errado aqui: não há riqueza sonora, não há bass, não há graves decentes. Há falta de claridade, até porque, e isto nunca me aconteceu antes, dei por mim a ouvir vários temas que costumo ouvir com outros auriculares, mas senti logo que faltava algo… Basicamente, há melodias/sons que ficam ocultos com estes Bose Ultra Open Earbuds, quase como se houvesse uma compressão ou tivesse regressado aos tempos dos ficheiros MP3 a 128kbps. É super estranho e deve-se, também, à questão do Áudio Imersivo, que efetivamente até nos deixa mais envolvidos no que estamos a ouvir, mas retira-lhe clareza e definição, pelo menos em certos estilos musicais.

O Áudio Imersivo deixa-nos escolher entre a opção Imóvel, isto é, quando estamos sentados, sendo que podemos mexer a cabeça para a esquerda e para a direita para vivenciar a profundidade, ou em movimento, para que o áudio nos siga. Podem tirar as vossas conclusões, mas pessoalmente não fiquei fã, havendo aqui muito por onde melhorar.

Mas o pior de tudo é capaz de ser a app Bose Music, que é paupérrima. Por exemplo, dei por mim várias vezes a utilizar os auriculares, estando ligados ao meu Pixel 8 Pro, e a app nada detetava. Pior: várias foram as vezes em que, com os auriculares ligados via Bluetooth ao meu smartphone, a aplicação em si simplesmente não os detetava, por mais tentativas de conexão que fizesse.

Também me aconteceu, do nada, o áudio ter passado de estéreo a mono, e a app nada acusava. E contrariamente às apps da concorrência, também não consigo saber qual a bateria do meu estojo de carregamento… Isto é básico em qualquer app do género, mas aqui é apenas uma miragem.

Basicamente, a app divide-se apenas em seis secções: Modos (aqui escolhem entre estéreo, para que se possam concentrar simultaneamente no que está ao vosso redor e na vossa música, ou imersão, para que possam ser envolvidos pelo áudio), Fonte (selecionam qual o dispositivo ao qual se querem ligar), Equalizador (têm intensificador de graves e de agudos, e redutor de graves e de agudos), Áudio imersivo (que dá outra dimensão ao que estamos a ouvir), Atalho (deixa-nos personalizar um atalho em cada um dos fones para funções específicas) e Dicas (para saberem com controlar o áudio, atender chamadas, etc). É uma app francamente pobrezinha – tanto que nem me avisou que havia uma atualização de software para ser feita para os Bose Ultra Open Earbuds, que demorou uma eternidade a descarregar, diga-se. Felizmente, e para muitos utilizadores, a app acabará por não servir basicamente para nada a partir do momento em que conhecem bem o funcionamento dos auriculares.

Há, também, outra questão: estes Ultra Open Earbuds não têm cancelamento de ruído. Eles foram desenhados mesmo assim, para que possamos desfrutar da nossa música enquanto nos mantemos abertos aos sons do mundo que o rodeia. No entanto, não me parece uma justificação plausível quando falamos de fones cujo PVP é de 379€ (atualmente conseguem comprá-los com uma boa redução de preço). Em todo o caso, estes fones contam com controlo automático de volume, através da app Bose Music, que ajusta de maneira dinâmica o volume, com base nos nossos arredores, mantendo o conteúdo no mesmo nível.

E isto leva-nos a uma questão: são recomendados para exercício? Ora, tenho usado os Ultra Open Earbuds principalmente no ginásio, e sobre isto tenho a dizer: “Nim”. Passo a explicar. Dado o seu design, os auriculares podem, de facto, ser o parceiro ideal para praticar desportos como ténis ou basquetebol, ou mesmo para dar uma corrida – e podem ficar descansados que eles estão bem presos às vossas orelhas -, mas não consigo propriamente recomendar para uso no ginásio devido não só àquela falta de pujança que referir anteriormente, mas também graças à falta de cancelamento de ruído, sendo uma chatice naqueles ginásios que passam música no seu interior. Já para chamadas, e graças aos seus quatro microfones (dois em cada auricular), ouve-se tudo claramente – tanto do lado de cá como do lado de quem nos está a ouvir.

Resta-me mencionar a bateria. A Bose diz que 10 minutos de carga permitem duas horas de autonomia, algo que acredito plenamente, mas como referi anteriormente, não consigo saber a percentagem do estojo de carregamento – que supostamente tem carga para cerca de 20 horas – através da app. Ao nível dos auriculares, a opção pelo Áudio Imersivo irá cortar cerca de metade da autonomia, enquanto que, no modo estéreo, a autonomia anda à volta de 7,5 horas.

No fim de tudo, tenho sentimentos mistos. Por um lado, há momentos fabulosos com os Bose Ultra Open Earbuds, desde que se oiça certos estilos musicais. Por outro, deparei-me com diversos bugs que não são aceitáveis num produto que é caro, e muito menos para uma marca como a Bose.

Podem, de momento, apanhar estes Bose Ultra Open Earbuds em algumas lojas por 299,99€.

Este dispositivo foi cedido para análise pela Bose.

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