Age of Empires IV – Como as aulas de história podiam ser dadas

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A aclamada série de estratégia da Microsoft está de regresso com um jogo completamente novo que funciona como uma janela para o passado dos videojogos e para o passado dos grandes conflitos da humanidade durante a idade média.

Jogos de estratégia em tempo real não são propriamente o meu forte, no entanto, guardo com algum carinho o tempo que passei com Age of Empires, entre memórias nostálgicas de outra vida, e com a sequela, Age of Empires II, já na pré-adolescência.

Admito que não me recordo muito bem da experiência, algures entre 1999 e 2000, mas lembro-me não só de ser dos primeiros jogos que experimentei no meu computador pessoal, como me lembro dos dias que passei agarrado ao teclado, em casa da minha avó, a fazer gestão de aldeias em preparação para atacar territórios inimigos ou defender-me contra eles. Era um pequeno ciclo vicioso, simples, mas extremamente satisfatório, que resultava na observação de pequenos “dioramas” interativos, onde me fazia sentir como uma entidade divina ao controlo dos grandes conflitos da humanidade.

Passaram 20 anos e, como já indiquei, a memória não ajuda, nem o facto de me ter desligado do género ou o facto de não ter experimentado a sua sequela, Age of Empires III, ou as atualizações dos icónicos jogos. Por isso, pegar em Age of Empires IV foi especial em diferentes medidas.

Não resultou numa catarse ou epifania de memórias antigas, mas senti-me numa máquina do tempo, como se olhasse por uma janela para um jogo extremamente familiar, cujos visuais, apesar de modernos, representam o estilo e o registo que a minha mente bem ou mal preservaram. Se me dissessem que este era um remake ou remaster de jogos de outra era, eu acreditaria. Não posso dizer que me tenha sentido impressionado, especialmente com o que os jogos atuais são capazes, mas senti-me em casa, com aquele pequeno sentimento de conforto fantástico que, aliado à sua simples jogabilidade, fizeram-me perder rapidamente mais horas do que estou disposto a admitir.

Algo que me saltou à vista e que me motivou a não largar Age of Empires IV foi a sua estrutura narrativa. Dividida em quatro campanhas, cada uma com uma fação que vamos controlar e acompanhar, temos dezenas de missões e cenários distintos onde a narrativa se desenvolve. Estes cenários não só servem de um excelente tutorial, ao apresentarem novas mecânicas de acordo com os objetivos propostos, como tudo é acompanhado com uma excelente exposição de eventos históricos através de cinemáticas ao estilo de documentários.

Ao nosso dispor temos a Conquista Normanda de Inglaterra, a Guerra dos Cem Anos, a Ascensão de Moscovo e o Império Mongol, com cada uma a apresentar registos/estilos de gestão e manuseamento de recursos, população e exércitos de forma algo bastante distinta. Temos também uma diferença nas fações, com algumas mais dedicadas ao fortalecimento bélico, outras onde ganhamos mais com a construção de edifícios, ou até com a acumulação de recursos para trocas, comprando aliados ou evitando conflitos.

Um jogo deste calibre pode ser extremamente intimidante, pois, apesar da sua simplicidade – e da ação que se desenrola entre cliques em personagens e na designação de tarefas especificas –, rapidamente percebemos que existe uma profundidade enorme que requer alguma ginástica mental semelhante à de um jogo de xadrez. Não o digo como uma comparação barata de estratégia militar, mas pela necessidade de calcular bem os próximos passos, especialmente em dificuldades mais elevadas, onde o uso de atalhos para controlar grupos de personagens pode ser a chave do sucesso para uma batalha mais complicada, cercando os inimigos de forma eficaz, em vez de os atirar todos para a morte.

O mesmo é aplicado à forma como gerimos os recursos, os produzimos e os gastamos, pois um mau cálculo ou escolha podem colocar em risco a nossa missão, ou prolongar desnecessariamente o tempo que passamos nela.

Pela sua natureza, Age of Empires IV exige mais do que duas mãos ou uma cabeça, e é a pensar em cenários mais ambiciosos que apresenta modos multijogador cooperativos e competitivos, onde é possível não só fazer gestão e alianças com amigos, como podemos testar as nossas habilidades contra outros oponentes humanos. E se o lado social for intimidante, é possível também observar outros jogadores e aprender com as suas estratégias.

E por falar em aprender, Age of Empires IV conta com fantásticos modos de aprendizagem das bases e outros a solo que aliam a experimentação em tempo real à aprendizagem de mecânicas e ações, ao mesmo tempo que nos liberta das mãos e nos deixa explorar o jogo ao nosso ritmo, como é o caso do Skirmish e os treinos do Art of War.

Como indiquei no início, Age of Empires IV pode não ser visualmente o jogo mais incrível que encontram no PC, mas preserva uma apresentação tão old-school como moderna, afinada e polida, cheia de detalhes deliciosos e uma representação histórica das várias fações e das suas tecnologias de forma muito credível.

Age of Empires IV é um jogo para PC com requisitos bem modestos, sendo possível jogá-lo com placas mais antigas, como a GeForce GTX 970 ou Radeon RX 570 de 4GB, mas até mesmo num computador mais avançado, com uma NVIDIA RTX da série 20 e um processador Intel i9, tive alguma dificuldade em elevar a experiência 4K a 60fps, tendo que limitar a resolução para valores mais próximos dos 1440p para uma experiência visual ideal.

A verdade é que não esperava ficar tão investido em Age of Empires IV, mas esta nova aposta da World’s Edge Studio e da Relic Entertainment conseguiu agarrar-me durante várias horas. Segundo as mesmas, Age of Empires IV foi desenhado como um sucessor daquele que foi um dos poucos jogos do género onde perdi mais tempo na minha infância, e conseguiram. É uma viagem no tempo, bem adaptada às expectativas de um jogo moderno que respeita a paciência dos jogadores, com um sistema de progressão e de evolução tão aliciante como as histórias que quer contar através do seu formato documental.

Age of Empires IV chega em exclusivo aos PCs via Microsoft Store, Steam e Xbox Game Pass (para PC e Ultimate) no dia 28 de outubro.

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Cópia para análise cedida pela Xbox Portugal

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