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Perante um Coliseu dos Recreios cheio para o receber, Sérgio Godinho entra em palco com a sua banda (cinco elementos: João Cardoso nas teclas, Sérgio Nascimento na bateria, Nuno Espírito Santo na guitarra clássica, Miguel Fevereiro na guitarra eléctrica e Nuno Rafael no baixo).

Num espetáculo com o nome do último disco, Nação Valente, naturalmente que uma mistura entre os clássicos de uma carreira com a profundidade de décadas e os novos temas seria de esperar. E assim aconteceu. Para servir de variação, por vezes novas roupagens aparecem, como uma “Etelvina” em versão despida, surgem. Desta vez, com palmas moderadas do público, talvez a sentir falta de maior ritmo. Do mesmo síndrome viria a sofrer “O Coro das Velhas”.

Passa-se por temas novos, como “Grão da Mesma Mó”, num palco com uma boa cenografia (letras espalhadas, acompanhadas com projeção vídeo numa tela composta por várias telas), ou “Baralho de Cartas”, com um bom arranjo de guitarra, mostram que Godinho ainda mantém intacta a capacidade de criar empatia renovada, comprovado também pela presença de várias gerações.

O simpático portuense sempre foi atreito a colaborações, e isso rapidamente se torna visível com “Artesanato”, em conjunto com Hélder Gonçalves, e, em seguida, uma das atrações da noite, Camané, que entra em palco de cavalete em punho para interpretar a letra da “Balada da Rita”. O poderoso instrumento vocal deste intérprete de exceção não desilude nesta versão bem conseguida, a qual bisa com o novo “Mariana Pais, 21 anos” (com o reforço Filipe Raposo ao piano), e, em especial, num especialmente feliz “Emboscadas”, com o mais velho dos irmãos Moutinho relaxadamente encostado ao piano.

Num espetáculo com grande variedade de tom e atmosfera, o fantasmagórico “Em Dias Consecutivos” (originalmente uma colaboração com o desaparecido Bernardo Sassetti) foi uma boa escolha para o fim da presença de Filipe Raposo.

Daí até ao circo vai um momento, com o alegre arranjo de “Tipo de Contrafacção”, de Nação Valente, e “Benvindo Sr. Presidente”, com a sua fanfarra de inspiração António Mafra ou até do saudoso programa infantil Amigos do Gaspar.

E chega Manuela Azevedo. Manuela está habituada a cantar com Sérgio, mas não é por isso que deixa (se calhar até é por causa disso) de ser uma injeção de energia e movimento. Sem necessidade de leituras, nem de um, nem de outro, “O Sopro do Coração” e “Espectáculo” são momentos maiores no Coliseu dos Recreios, rejuvenescido. Não é por acaso que gravaram Afinidades juntos, e essas não parecem menores do que em 2001.

Mais em vontade em temas de carácter mais leve ou mais pessoal, a versão de “Vampiros”, com o inevitável aplauso a Zeca, acabou por resultar mais frouxo, mas “O Rapaz da Camisola Verde”, de Pedro Homem de Mello, e o canónico “Com Um Brilhozinho nos Olhos” garantem o público na mão quando se anuncia a primeira despedida.

Há pateada a pedir mais, temos fãs a sério. Desaparece o cenário e chega “Lisboa que Amanhece”, antes do coro no insubstituível “Liberdade”. Estamos juntos.

Segundo encore com o “Homem-Fantasma” e o “Primeiro Dia”. O final, mesmo final, chega com “A Noite Passada”. Sérgio Godinho continua a cultivar uma carreira com inteligência e bem senso, sabendo rodear-se de qualidade e a dosear bem aquilo que o público gosta. De preferência com Manuela Azevedo.

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